sexta-feira, agosto 13, 2021

O estilo Pacheco Pereira

 Para complementar o postal anterior nada melhor do que comparar observações acerca de um fait-divers como foi o acto de vandalismo do Padrão dos Descobrimentos. 

Pacheco Pereira, na Sábado de ontem ( que ao contrário da Visão, não interdita a reprodução...) escreveu assim: 



Repare-se que Pacheco se refere à "pichagem" como se fosse um fenómeno quase natural cuja acção é completamente desvalorizada embora contenha no escrito as menções necessárias a um dia poder virar o bico ao prego  e dizer que condenou tal acto de vandalismo, prosseguindo então por tal via, como se fosse o primeiro a condenar a acção. Afinal fala em vandalização,  admite a hipótese de "provocação da direita", considera que deveria ter sido "deixado em paz", apesar de ser um monumento menor aos que rodeiam, como os Jerónimos ou a Torre de Belém. Ou seja, dá para os dois peditórios e quando lhe aprouver cobra o que se lhe seja mais conveniente. É este o estilo tartufo de que tenho falado, porque tem sido assim em vários episódios recentes, em que se proclama como o pioneiro das indignações duvidosas tornadas em moda. "Eu já tinha escrito sobre isso!" " Eu fui dos primeiros a dizer tal coisa"...é mantra já habitual nestes procedimentos, escolhendo a citação indesmentível a não ser no contexto das mesmas. 

Neste caso, o contexto é o aproveitamento do acto de vandalismo para zurzir na "direita" e no significado do Padrão dos Descobrimentos que considera coisa de pastiche e própria da propaganda do "Estado Novo", logo descartável como ilegítima e negativa. 

É essa a essência do artigo que desmente logo qualquer condenação do acto de vandalismo, aliás relegado para um activismo inconsequente e portanto, irrelevante, atribuído a activistas do costume. O que importa ao Pacheco, no escrito, é lembrar a actualidade do combate à ideia de experiência colonial e imperial, alinhando ipso facto no ideário da extrema-esquerda ou da esquerda do tipo Ascenso Simões, um pateta encartado nos dislates.  

A pichagem fica esquecida, o acto de vandalismo tornado irrelevante e afinal o que conta é a oportunidade de se discutir o Portugal que considerou a gesta dos Descobrimentos como um momento alto da nossa História que Pacheco desvaloriza em nome da moda, apesar de se considerar patriota ao mesmo tempo que considera o "império" uma "mistificação cruel e medíocre". Tartufo mais tartufo não vejo por aí.

Agora para se poder ver o reverso de tal opinião dissolvente, o escrito de José Ribeiro e Castro, no Observador de ontem ( e que também não interdita a reprodução), sobre o mesmo assunto: 















A diferença está à vista e pode ser lida...

Sem comentários:

Megaprocessos...quem os quer?