segunda-feira, abril 04, 2022

A propaganda marxista no tempo da Censura

 Os dois artigos que se publicam em seguida, de recortes de publicações de 1973, em plena época no fassismo, mostram como foi possível a propaganda do comunismo e marxismo nesse tempo que os pachecos e associados pretendem ter sido um tempo de trevas e censura férrea que nunca deveriam ter permitido o que se pode ler. 

A propaganda actual dos pachecos do costume,  acerca do Estado Novo que juntam ao Estado Social de Marcello Caetano, numa amálgama falsificadora da realidade, tem aqui o verdadeiro osso duro de roer para se confrontarem com a sua despudorada falsificação histórica. 

Diário de Lisboa 2 de Dezembro de 1973, uma artigo encomiástico sobre a Roménia, assinado por um tal Nuno Rocha que foi depois director do Tempo, jornal aliás associado depois a uma certa direita, o que diz muito da direita jornalística portuguesa.  A censura, então de "exame prévio", passou por aqui?





Tem interesse a pergunta colocada pelo jornalista a um romeno sobre se "os romenos detestam os russos"... e a afirmação de que a Roménia era o país de leste economicamente mais evoluído ( "o mais ricos dos países do bloco comunista", escreve-se no D.L.)  o que é no mínimo ridículo pelo que se soube depois do regime de Ceaucescu e da sua mulher, após a queda do Muro ao se descobrir o luxo faraónico em que viviam e os separava do povo paupérrimo. 
Pode fazer-se a comparação deste artigo com outro publicado no Século Ilustrado de 20.6.1975, em pleno PREC e cujo teor igualmente laudatório não difere muito daquele, publicado mais de dois anos antes, no período do negro fassismo.







Para se entender melhor a falsidade da versão revisionista dos pachecos é preciso mostrar esta revista publicada em Portugal desde 1921 e que concentra a essência da esquerda comunista com a socialista, como se poderá ver através dos seus autores publicados. 
Esta simbiose poderá ser a explicação para a germinação da ideia de geringonça, avant la lettre. 

Seara Nova, número especial de Outubro de 1970, comemorativo da 1500ª edição...




Seara Nova Julho 1971:




Repare-se nos nomes: Sottomayor Cardia que foi ministro da Educação em meados dos setenta, pelo PS e aliás muito contestado pela UEC ( Em 1978 houve greve na Universidade, em Coimbra...); António Reis o histórico maçónico do PS; Henrique de Barros, do PS, que foi presidente da AR e era familiar directo de Marcello Caetano; João Medida, um intelectual de esquerda ortodoxa; José Gomes Ferreira, um escritor comunista; José Carlos Vasconcelos que foi director do O Jornal e depois da Visão. 
Eduardo Prado Coelho, o Eduardo PC que era um rolha na política de esquerda, flutuando entre o pc eo ps, segundo os interesses do momento e a filosofia de ponta que vinha de França; Rogério Paulo, um actor comunista que se destacou depois do 25 de Abril por isso mesmo; etc etc. 

Estas figuras de esquerda, para além de muitas outras,  foram responsáveis, após o 25 de Abril, pelo ambiente cultural e político que se gerou, até hoje. 
A direita, em Portugal numca teve uma Seara antiga para combater ideologicamente este pensamento de esquerda que penetrava no meio universitário e das elites. 
O regime nunca combateu eficazmente estas ideias que desenbocaram no PREC de 1975 e na Constituição de 1976 e nos mários soares e quejandos sócrates e costas que nos desgraçam o futuro há mais tempo do que o regime anterior vigorou.

A prova final é este número de Julho de 1973 que passou no "Exame Prévio", como aliás a revista anunciava de forma manhosa:


Poderá haver coisa mais explícita do que isto, a propagandear o comunismo? Difere muito do actual O Militante? 

Os autores alargam-se no leque mas a tonalidade permanece a mesma: anti-democrática e sectária, comunista e de esquerda. É esta a noção de democracia que perfilham, até hoje. 


Este artigo sobre a URSS de então em nada difere da apologia de propaganda pura e dura de um O Militante ou daqueles artigos no Diário de Lisboa de então. É da autoria de Urbano Tavares Rodrigues que foi director do jornal diário que pugnava pela "verdade a que temos direito". Era esta, já nessa altura:








Ao ler isto e o que os pachecos escrevem sobre esse tempo cresce em mim uma onda de indignação pela tríplice ou quádrupla falsificação e desonestidade inerente.

Estes artigos são falsos na medida em que falseiam a realidade sobre que versam, como se percebe actualmente e seria perceptível na altura para quem queria verdadeiramente entender. 
Falseiam ainda a versão de que a Censura do Estado Novo e Estado Social ( amalgamados e sem distinção alguma) proibia artigos ou publicações destas. Nem sequer se lembram que ao mencionarem a intervenção da Censura prévia estão a admitir ipso facto que existiam tais publicações e que aqueles autores aí podiam escrever, mesmo com o controlo do regime da época que aliás, como se pode ler, era mínimo nesse aspecto, limitando-se eventualmente a cortar coisas absolutamente despudoradas de propaganda panfletária. 
Falseiam ainda a realidade porque estas publicações se destinavam a um público específico que é aliás o que se queixa da censura e o regime apesar de tudo não se incomodava demasiado com tal gente- que afinal foi quem o destruiu.
E falseiam na medida em que enganam as pessoas sobre a verdadeira natureza do regime anterior e os seus contornos específicos. É tudo fascismo e já está! Arre, burros! Chega de desonestidade!

De resto os artigos de 1973 contêm em si a essência da censura actual nos media nacionais: a desvirtuação completa da realidade através de uma actividade noticiosa e opinativa absolutamente tendenciosa mas apresentada como modelo jornalístico e virtualmente indetectável, mesmo e principalmente nos polígrafos ambientes que aliás fazem parte da mesma comunidade de falsa informação.  

Por fim o paradoxo: as pessoas que se queixam da censura no Estado Novo e Estado Social são sempre as mesmas que defenderam nesse tempo soluções de ditadura do proletariado,  em que a Censura efectiva, real e mais perniciosa do que jamais foi aquela, constituía um pilar dos estados comunistas. 
Nem se dão conta do paradoxo!
E por outro lado eram uma absoluta minoria que não chegaria à dezena de milhar e que pretendiam impor-se democraticamente à maioria real e que se estava nas tintas para tal gente! É obra! 

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