O professor Jorge Calado é um professor emérito do IST, nascido em 6.1.1938, de mérito indiscutível e conhecido de todos os que alguma vez estudaram Termodinâmica e de outros que se interessam por cultura geral.
Para além das actividades académicas tornou-se "crítico cultural" no Expresso, onde escreveu sobre várias manifestações artísticas, como a fotografia ou a ópera.
Há alguns anos tinha publicado um livro magnífico, com um título achado: Haja Luz!
Agora publicou uma biografia recheada de memórias do seu tempo, desde os anos quarenta do século passado, com o título de Mocidade Portuguesa.
Vou nas páginas 100 das cerca de 560 do livro e recomendo vivamente. Por vários motivos:
Jorge Calado é filho de dois professores de ensino primário e secundário dos anos de antanho, do tempo em que Portugal vivia em "ditadura". Jorge Calado não pronuncia abertamente a palavra "fascismo" à maneira comunista, apenas por algum pudor, uma vez que é esquerdista, mas conservador de costumes do seu tempo. E lembra-se tão bem deles que merece ser lido nesses contos anti-maldoror.
Do mesmo modo que intercala interjeições esparsas contra a "ditadura" conta episódios que a desmentem ipso facto, para quem quiser e souber ler.
Por isso aqui ficam algumas páginas que retratam o seu tempo dos anos quarenta, auge do neo-realismo nacional à maneira comunista.
O Portugal que Jorge Calado conta não é o mesmo que nos mostra essa gente intelectualmente empobrecida pelo marxismo mais atávico. É outra coisa e por isso merece leitura e serve de exemplo para a falta de pudor de quem retrata um Portugal para além da realidade vivida, circunscrevendo-o aos desejos políticos frustrados.
Jorge Calado, malgré lui, é o testemunho vivo, pelos exemplos que apresenta, contra ( assim é que é) a falsidade e a farsa neo-realista e comunista. Como se pode ler:
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