O cineasta João Botelho anuncia que vai realizar um filme sobre Salazar, com argumento dos de sempre, os que não gostam de Salazar. Por isso se espera o pior, para além da mediocridade habitual nos filmes de cá. Os subsídios vão chover, naturalmente, porque a coisa vai estrelar em 2024...
Repare-se: o gajo entra num táxi e ouve o condutor a dizer que no tempo de Salazar é que era bom. Botelho acha que não e é preciso dizê-lo, em filme com argumento de José Pedro Castanheira. Vai sair merda? Vai pela certa e nós é que pagamos. No tempo de Salazar não era assim, de facto...Como Botelho vai consultar os "diários do ditador", agora transcritos para português legível e disponíveis online, vai ser provavelmente do mesmo género que o "intelectual" António Araújo, outra figura pardacenta do regime, escreveu e foi publicado no último número da revista Ler:
O esquema já está engendrado, até com citações cirúrgicas de Anna Arendt, para dar consistência à tese com pouca tusa: Salazar era um ditador cuja vida pessoal se confundia com a vida pública. "Tudo o que é feito na esfera pessoal é ordenado ao que ocorre na esfera do Estado", escreve o intelectual pardacento, habituado a obituários no Expresso. A prova? Simples e extractável: "no apontamento de um dado dia, tanto encontramos questões de Estado como apontamentos sobre almoços". E já está! Esperava o Araújo um diário mínimo, sobre...sobre coisas triviais como lavar os dentes ou calçar as botinhas, sem misturas de relatos do dia de encontros diplomáticos. Enfim, inteligências destas, são raras!
O conceito de fascismo e de totalitarismo está também explicado no que se refere a Salazar. Com citações, também, até da mesma Arendt.
Ao Botelho que diz admirar e gostar de Cunhal, fazia-lhe bem ler isto para se desviar um pouco da narrativa esquerdista habitual, com a qual alinha acriticamente e perceber que se calhar Salazar não foi um fascista ditador e muito menos totalitário, como Cunhal queria ser. Essa contradição é sempre fatal para esta gente, mas não lhes interessa aceitá-la porque a partir desse momento, acabava-se-lhes a mama da dependência do Orçamento dos impostos de todos os que pagam. E os almoços no Gambrinus com as belas perdizes e codornizes e as viagens e a vidinha, enfim.
Por isso...caspité! O Cunhal, sim, o Cunhal era corajoso, digno, enfim esse é que sim!
Quanto ao Araújo é uma tristeza de intelectual livreiro. Apenas e tão só.
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