terça-feira, setembro 17, 2019

A tese de vencimento de Rui Rio é a demagogia ou pior que isso

Ontem, nas televisões, Rui Rio e António Costa estiveram frente a frente, ladeados de alguns jornalistas, responsáveis por tais televisões.
Sobre magistrados, juízes em particular, Rui Rio foi mais uma vez lapidar e repetiu isto que anda a propalar há meses, com um fito que ainda não se descortinou  muito bem qual seja, mas que tem um efeito seguro: deslegitimar o poder judicial. Rui Rio pretende, nada mais nada menos do que tal efeito, tudo fazendo para retirar ao poder judicial e ao MºPº enquanto magistratura e autoridade judiciária, qualquer resquício de respeitabilidade ou mesmo dignidade que lhe pudesse assistir, enquanto actores integrantes de um órgão de soberania, como é o caso dos juízes e do poder judicial em geral. Para Rui Rio magistrados rima com funcionários. A mentalidade de contabilista não dá para mais...
Para tal cita o caso concreto dos aumentos de ordenado, já legislados e aprovados e que Rui Rio continua a contestar, como se fosse lei celerada.

E fá-lo nos seguintes modos, como parece ser índole deste candidato a homem de Estado, como primeiro-ministro que diz querer vir a ser e que será quando as galinhas tiverem dentes:


Ou seja, para defender aumentos para os professores cuja concretização prática não se comprometeu a realizar, ataca a magistratura que teve aumentos, fazendo o paralelo com os professores.

Claro que António Costa não caiu na esparrela de lhe dizer que são classes profissionais distintas, uma sendo mesmo órgão de soberania, tal como o presidente da República, os deputados e os governantes e elaborando algo mais sobre isso que Rui Rio parece não entender muito bem. Disse apenas que os juízes eram titulares de órgãos de soberania mas nada mais adiantou, desviando-se da casca de banana.
 E os juízes, sendo órgãos de soberania quando decidem em processos são-no desde logo na primeira instância e primeira nomeação. Órgãos de soberania, portanto, o que os professores não são. E a equiparação deve fazer-se desse modo e não como o faz Rui Rio, capciosa e de modo manhoso ou estúpido, parecendo-me aliás ser mais este caso.

De resto, se Rui Rio queria mesmo comparar vencimentos, em vez de ir buscar o exemplo dos juízes para contrapor aos professores, `vilipendiando de caminho os juízes, amesquinhando-os como meros funcionários públicos e mangas de alpaca do antigamente, teria várias hipóteses à escolha.

Poderia mesmo virar-se para cada um dos jornalistas presentes e perguntar a cada um deles, ao José Alberto Carvalho ou à da RTP Maria Flor Pedroso quanto é que o Estado lhe paga para fazer fretes ao poder...e certamente teria uma resposta arrasadora para a sua estupidez militante. 
Por outro lado poderia lembrar o seguinte que foi notícia há uns meses: 11 motoristas de sua excelência ganham mais que um professor em fim de carreira...


Ou então, para se cobrir de vergonha como contabilista que parece ser, lembrar-se disto que também foi notícia que parece não ter lido ou sequer saber:


Quem são os responsáveis públicos que ganham mais que António Costa?

Quais são então alguns dos cargos públicos que beneficiam de um salário do Estado superior ao do primeiro-ministro e, até, ao do Presidente da República? Eis uma lista não exaustiva de quase três dezenas de casos, com base em informações oficiais das próprias entidades, e que inclui até um ex-ministro do governo de António Costa, Manuel Caldeira Cabral:
Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa – 16 926,82 euros, de acordo com a informação disponível na página do Banco de Portugal;
Vice-Governadores do Banco de Portugal, Elisa Ferreira e Luís Máximo dos Santos – 15 868,90 euros.
Administradores do Banco de Portugal, Hélder Rosalino, Luís Laginha de Sousa e Ana Paula Serra – 14 810,98 euros.
Presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, João Fernando Amaral Carvalho – 12.000 euros mensais, por decisão da Comissão de Vencimentos da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes
Vice-presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, Eduardo Lopes Rodrigues – 10.800 euros.
Vogais da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, Cristina Maria dos Santos Pinto Dias, Maria Rita Santos de Sampaio, António José do Amaral Ferreira de Lemos – 9.600 euros mensais
Presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil, Luís Miguel Silva Ribeiro – 12.400 euros, segundo o Relatório de Atividades, gestão e contas de 2017
Vice-presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil, Carlos Seruca Salgado – 11.160 euros.
Vogal do conselho de administração da Autoridade Nacional da Aviação Civil, Tânia Sarmento da Silva Reis Cardoso Simões – 9.920 euros.
Presidente do Conselho de Administração da ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), João Cadete de Matos – 8.225 euros. Segundo o relatório da Comissão de Vencimentos
Presidente do conselho de administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Maria Margarida Corrêa de Aguiar – 234.620,60 euros por ano (o que corresponde a 16.758,61 euros por mês, considerando 14 meses), de acordo com o documento disponibilizado pela ASF, relativo a 2017
Vice-presidente do conselho de administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Filipe Aleman Serrano – 216.992,90 euros/ano (15.499,49 euros por mês, considerando 14 meses)
Vogal do conselho de administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Manuel Caldeira Cabral, ex-ministro da Economia – 200.373,20 euros/ano (14.312,37 euros por mês, considerando 14 meses)
Presidente do conselho de administração da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, Gabriela Figueiredo Dias – 233.000 euros/ano (16.642,85 euros por mês, considerando 14 meses) de acordo com o relatório anual de contas de 2018 da CMVM;
Vice-presidente do conselho de administração da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (por designar na sequência da demissão de Filomena Oliveira no final de maio) – 216.000 euros/ano (15.428,57 euros por mês, considerando 14 meses);
Há ainda dois vogais do conselho de administração da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários a receber 198 mil euros/ano, José Miguel Almeida e Rui Pinto (14.142,85 euros por mês, considerando 14 meses)
Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Sebastião José Coutinho Póvoas – 6.129,97 euros é o último vencimento conhecido, referente a 2017, quando optou por receber o vencimento de origem de Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Depois jubilou-se e além da reforma (de valor não apurado) recebe as despesas de representação pagas pela ERC (1.663,39 euros) de acordo com o relatório de atividades e contas de 2018. O valor de referência atribuído ao cargo de presidente da ERC é de 6.415,93 euros (já com as despesas de representação incluídas).
Presidente do conselho de administração da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, Orlando Borges – 12.000 euros, segundo o ficheiro disponível na página da entidade
Vogais do conselho de administração da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos – 10.200 euros.
Presidente do conselho de administração da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, Maria Cristina Portugal de Andrade – 8.255 euros, segundo o relatório da comissão de vencimentos da ERSE
Presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo – 423 mil euros/ano (mais de 30 mil euros/mês se considerarmos 14 meses)
Presidente da RTP, Gonçalo Reis – 10.000 euros, conforme publicação em Diário da República

Enfim, quanto é que Rui Rio ganha como presidente do PSD? Poderemos saber ao certo?

Ao menos o pobre Jerónimo ganha tanto como quando saiu da fabriqueta onde afinava máquinas...enfim, cada qual acredita nas tretas que bem entende. 

O camarada Álvaro há muitos anos também respondeu que ganhava o salário mínimo da época...cerca de 7 contos e quinhentos. Toda a gente se riu mas foi levado a sério...

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