Mário Soares, mais uma vez, aparece hoje na TSF e no Diário de Notícias, que se prestam ao frete habitual, em entrevista prolongada, a dislatar disparates e a anunciar o apocalipse ao governo que está. Até denuncia os "delinquentes" do governo, esquecendo as suas delinquências denunciadas por um camarada de partido e co-fundador do PS, Rui Mateus, o qual é agora censurado e apagado à boa maneira estalinista, dos registos do partido. O livro, esgotada a primeira edição num ápice, em 1996, nunca mais foi reeditado e ninguém se rala com isso. Censura era no "fassismo". Agora é outra coisa. Disso não fala Soares e ninguém parece interessado em perguntar-lhe, muito menos os media da Controlinvest que já foi do "amigo Joaquim" e agora é de outros por aquele se ter afogado em dívidas.
Numa das passagens da entrevista, só justificada pelo frentismo de esquerda e do sistema de privilégios que Soares tem perdido ( mas ainda faltam muitos...) que domina aquele jornalismo desportivo, um dos dislates mais arrepiantes, parece ser este:
Defende, como já tinha feito no passado, que Portugal, à semelhança da Argentina, não deve pagar a dívida à troika
de credores internacionais, a quem acusa de estar a “roubar” o país,
pressionada pela “malandragem dos mercados e dos usurários”.
Portanto, "não pagamos" e já está. O que aconteceu à Argentina por não pagar, isso não explica Soares. E foi este indivíduo presidente da República! E por causa disso anda com seguranças da PSP permanentemente; carro do Estado às ordens, com motorista ao dispor e telefones pagos, para além de outras mordomias escandalosas que só não acabaram porque a condescendência dos portugueses está intimimamente ligada à ignorãncia destes factos. Falasse nisto a TSF ou o DN pusesse estas coisas na primeira página e não demorava muito a reunir-se o consenso necessário para acabar com esta piolheira inenarrável de privilégios absolutamente injustificáveis. Então é que a Soares lhe dava a apoplexia mestra!
Para conhecer bem Mário Soares é sempre necessário lembrar o livro que Rui Mateus, um dos fundadores do PS e camarada de Soares durante os seus governos, para lhe servir de intérprete, escreveu em 1996 a que na altura foi dado um destaque modesto mas relevante. Aqui fica o que o Expresso de então, em 27 de Janeiro de 1996 publicou. Mário Soares devia ter vergonha disto mas é evidente que não tem.
Para além disso, o lugar que a História lhe reserva parece já assegurado: inimputável da República. Fez o que quis e ninguém o aborreceu. Responsável por chamar a Portugal o FMI, por duas vezes, nunca se desmanchou na sua ignorância das coisas de governo. Politiqueirice bastou-lhe para chegar onde chegou: à sede da pouca-vergonha.O resto, ou seja, a condescendência dos media em geral, pagou-a o povo português, em verbas do Orçamento gastas em barda com viagens, prebendas, distinções e malfeitorias com um tal Maxwell e outros. O pobre Graça Mourra, condenado a pagar três centenas de milhar de euros, ao pé deste figurão, é um gestor exemplar e austero. A História ainda o não julgou, mas já não faltará muito.