O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas do
Amaral considerou hoje que o Governo está a criar propositadamente as
condições para que o Tribunal Constitucional chumbe a proposta do
Orçamento do Estado para 2014 e possa, depois, demitir-se.
Em declarações à agência Lusa, Diogo Freitas do Amaral
disse que o Governo está "a agravar aceleradamente a tomada destas
medidas [do Orçamento do Estado], que são todas inconstitucionais, para
criar um conflito grave com o Tribunal Constitucional e, a partir daí,
poder demitir-se e exigir eleições".
Numa declaração à Lusa em que apenas aceitou responder a
uma pergunta, Freitas argumentou que a lei "não é proporcional nem
progressiva, é regressiva" e acrescentou que "visa aprofundar a
destruição das classes médias". Ora, prosseguiu, "sem classes médias
fortes e com boas perspetivas de futuro, é a própria democracia que fica
em perigo".
Para o antigo governante, "é altura de dizer basta e de
fazer este governo recuar", porque "a continuar por este caminho,
qualquer dia temos aí uma ditadura".
Freitas do Amaral teme uma ditadura. O "fassismo", quoi! Antes de 25 de Abril, já homem feito, colaborava com o regime autoritário do Estado Social que se seguiu ao Estado Novo, agora uma ditadura no conceito aggiornato de Freitas. Tal nada tem de mal ou especial, não se dera o caso de parecer que Freitas repugna tal coisa desde o berço...e que foi sempre um democrata de todos os costados possíveis e imaginários.
Para que conste, Freitas do Amaral foi "muito lá de casa" com o antigo presidente do Conselho, Marcello Caetano. A prova aparece no livro de Joaquim Veríssimo Serrão. Marcello Caetano, confidências do exílio. Das duas...três: ou Freitas do Amaram não considerava o regime de Caetano uma ditadura, motivo pelo qual com o mesmo colaborou; ou considera que a ditadura a que agora se refere seria pior do que esse regime autoritário. A última é que Freitas do Amaral mudou tantas vezes de casaca que um dia destes mudará outra vez. Esta última é a mais provável.