terça-feira, janeiro 12, 2016

O Público na senda da desgraça

No Domingo passado entre as notícias susceptíveis de "primeira página" nos jornais europeus,  havia uma que concitava unanimidade: a manifestação e confrontos policiais, ocorridos em Colónia, Alemanha, no dia anterior. Tais acontecimentos surgiram  a propósito dos ataques, de cariz sexual, a algumas mulheres alemãs, na noite de Fim de Ano, realizados por grupos de imigrantes aí refugiados.

A inusitada violência contra mulheres, naquela noite e reportada nos media e a manifestação de um partido recente-Pegida- que se reivindica de direita extremada ocasionou confrontos com manifestantes de esquerda afirmada e justificou a intervenção e carga da polícia, com água e gás lacrimogéneo, contra os manifestantes. Seriam cerca de 3000 ao todo, durante a tarde de Sábado passado.

Estes acontecimentos justificaram notícias de primeira página nos jornais italianos que deveriam servir de referência aos que por cá se reivindicam de "referência", como o Público.

Em primeiro lugar, para noticiarem os factos com objectividade, rigor e leitura apelativa a comprar o jornal. Assim fizeram os italianos. E por cá?

O tal Público de Domingo, noticiou algo anódino, em fim de primeira página: "Merkel tenta salvar a sua política para os refugiados".


Era essa a notícia?! Nem sequer na página interior o parece ser de todo, mas foi assim:


O La Repubblica do mesmo dia, encapava assim o assunto:

Uma foto explicativa e texto introdutório que começa por perguntar o que sucedeu em Colónia e tenta responder logo a seguir. Nas páginas interiores explicava com um jornal de referência o deveria fazer:

Primeiro os factos, narrados por enviado especial e depois "il racconto", devidamente separados e com toda a informação interessante e útil para se perceber o que ocorreu. As fotos não manipulam a informação e a opinião abrange aspectos que um jornal de esquerda como o La Republicca assume terem interesse geral e sem esconder a tendência, sem mascarar os nomes das coisas e citando fontes.

Compare-se com o que o Público fez, no escrito da jornalista Ana Fonseca Pereira também na Alemanha e supostamente informada in loco...

Mais: ontem, segunda-feira, os jornais italianos voltaram ao tema, na primeira página, explicando melhor o problema que assume importância maior no contexto europeu e particularmente alemão. Por cá, nada de nada.

Compreende-se que na Itália seja dada importância maior ao assunto. O que não se compreende é o modo de noticiar, como o Público fez e o artigo asséptico e que um qualquer computador com o algoritmo adequado poderia fazer- e bem melhor porque daria sempre destaque aos factos em detrimento da interpretação pessoal de quem escreve. 

Questuber! Mais um escândalo!