sábado, abril 16, 2016

Há trinta anos, a origem da geringonça

Continuando a relatar factos históricos de há trinta anos que explicam de algum modo como viemos parar a um sítio que nem os refugiados querem, apresentam-se mais quatro recortes do Semanário de 7 de Dezembro de 1985, um jornal de "direita" conforme a esquerda o entendia.

Na época, as presidenciais do ano seguinte apresentavam um prognóstico curioso. Como se pode ver e aliás é sabido, Mário Soares ganhou pelo efeito "esquerda unida", tal como o Governo que actualmente existe.
Essa Esquerda é que não desapareceu do mapa eleitoral ao longo das décadas e é esse fenómeno que me intriga. Na segunda metade da década de oitenta, ainda chegou a vislumbrar-se uma nesga de oportunidade política para tal suceder, o que no meu modesto entender de diletante comprometido, constitui condição sine qua non para o verdadeiro desenvolvimento do país.

Em finais da década de oitenta, a massa eleitoral deu duas maiorias a Cavaco Silva que as desbaratou em dez anos. Em 1995 surgiu o mentor-mor dos afectos- António Guterres- que arruinou o país durante décadas e restaurou a suserania da Esquerda em Portugal.

Em Dezembro de 1985, porém, a desconstrução ou "reversão" do que essa Esquerda tinha feito na década anterior estava prestes a começar, com as "desnacionalizações". Ainda assim os comunistas diziam  que essa década anterior  tinha sido de política de "direita" , por não terem sido eles a mandar efectivamente em termos executivos  nas empresas públicas ou na administração pública, mas sim o bloco central que aliás comungava ideias esquerdistas.


O processo de "desnacionalizações" era efectivamente uma tentativa de recuperar para o nosso país o sistema capitalista que vigorava até ao 25 de Abril de 1974. Foi um projecto falhado, como se verá a seguir. Desfazer e destruir uma economia é fácil e faz-se, como se fez, em dois tempos de um PREC odiento e trágico. Reconstruir a mesma é tarefa hercúlea que só visionários e verdadeiros homens de Estado conseguem. Por cá, destes tivemos Balsemão, Cavaco e poucos mais. Homens de Estado, estes?
Enfim, foi o que se pôde arranjar...

Porém, nessa altura de 1985, este postal do jornal, assinado por A.B. Kotter mostra o que era o "ancien régime" nacional e a classe aristocrática que detinha. Não estou a ver, nos dias que passam, ninguém a escrever nos jornais coisas sobre relógios de marca como a Vacheron Constantin ou de vinhos como o Romané-Conti, no contexto em que o articulista o faz.


O que sobeja nos dias que correm são pessoas como a que se segue e opiniões como a transcrita, sobre os "ventos da História", neste caso numa análise acerca do concílio Vaticano II e as sua génese e influência. Fica aqui explicado, com trinta anos de antecedência,  porque é que este indivíduo acabou como presidente da República e mestre de cerimónias da geringonça que temos.






Questuber! Mais um escândalo!