sábado, abril 30, 2016

Maldita cocaína!

Os jornais de hoje ( menos o Público que não liga a fait-divers, como o do desmentido da PGR a uma notícia publicada) escrevem sobre um "caso polémico" e de interesse relativo: "Proença de Carvalho revela que Marante foi viciada em cocaína por Rangel", titula o Correio da Manhã, desenvolvendo o assunto nestas duas páginas:


A notícia alimentada nestas duas páginas reveste interesse a vários níveis, como agora se diz. O primeiro quanto à novidade em si, do lançamento de um livro biográfico acerca de uma jornalista tragicamente desaparecida no vórtice de uma tragédia pessoal ligada a uma doença psicológica.
O segundo devido ao teor da revelação sobre o consume de uma droga proibida, cocaína, revelado por uma figura pública da praça, Proença de Carvalho e que era amigo íntimo da desdita. O terceiro pela revelação associada a que tal consumo de cocaína atingiria pelo menos o marido notável e também já falecido.
O quarto e por último a indicação dos amigos do peito da desdita e que conviviam com a mesma: Fernanda Câncio, José Sócrates, entre outros, como seja a cabeleireira Marina Cruz que lamenta a revelação acerca do mau hábito da amiga falecida.

O comentário à notícia insere-se por isso já aqui: deverá um jornal revelar assim um pormenor da vida privada de uma figura pública, como seja o abuso no consumo de drogas ilícitas? A dita cabeleireira diz que tal "mancha a imagem de qualquer um", mormente de uma pessoa falecida.
Sendo verdade, a verdade pode libertar e por isso a mancha é muito, mas muito relativa porque pode destinar-se também a permitir uma compreensão da desdita que atingiu a referida jornalista. Não será uma revelação cruel, nesse sentido, mas sim uma explicação bem humana para a tragédia pessoal e que por isso não contém a virtualidade de manchar a imagem.

Por outro lado a questão pode e deve colocar-se noutros termos: deverá um jornal revelar esses vícios privados de figuras públicas que se apresentam como cheias de virtudes e moralmente impolutas?
É esta a questão fulcral do assunto.

Se por acaso uma figura pública de grande relevo nacional, com grande poder de influência na gestão da coisa pública que afecta os demais cidadãos for um viciado em cocaína ou pelo menos um consumidor ocasional mas habitual, deverá um jornal revelar tal coisa, como o fez Proença de Carvalho à autora da biografia?

É essa a questão. Por mim, a resposta é sim, inequivocamente. E esperar pela reacção química. O assunto nesse caso extravasa a simples vida pessoal e privada e passa a ser de interesse público conhecê-lo, ainda que tal não seja relevante em modo penal. O consumo de drogas foi despenalizado há uns anos, transformado em ilícito administrativo punido com coimas, como se fosse uma contravenção estradal.
Porém, o seu efeito imediato na opinião pública, em casos que tais, será inevitavelmente o de "manchar a imagem". E se a mesma já estiver irremediavelmente manchada?




13 comentários:

Floribundus disse...

pelo que me foi dado ouvir ao longo de anos

anda por aqui assunto de novos ricos

por mim a droga devia ser entregue nas farmácias para acabar com os cartéis

mas acabava muito financiamento clandestino

do quadro clínico
à moldura penal

foca disse...

A Marante, o Rangel, amigo Sousa Tavares e vários outros puritanos que nos surgem pela TV constantemente a coçar o nariz e com uma energia anormal.

zazie disse...

Engraçado o tom de mistério do post do José.

Eu também acho que sim. Que se deve contar e nem sabia que o consumo de cocaína ou outra droga pesada tinha sido despenalizado.

Mas não imagino que "notável figura pública com "grande relevo na vida pública" e com imagem já manchada possa ter também esse vício que permita entender mais coisas.

hajapachorra disse...

Já repararam bem no tipo de gente a quem têm sido confiados governos, ministérios, televisões, jornais? Quem fez a programação das tvs e dos jornais e das rádios durante décadas? Isto, José, nada tem a ver com 'comunismo', apenas com javardismo.

Maria disse...

Esta rapariga deu cabo da sua vida quando se juntou ao Rangel. Foi este que a apresentou ao tal Simões, criminoso e drogado, com quem terá vivido algum tempo, que acabou com a pouca saúde mental que ainda lhe restava, em consequência das vicissitudes sofridas às mãos deste tresloucado. A Margarida Marante sofria de um profundíssima depressão e a depressão quando é desvalorizada ou mal diagnosticada, não raro leva ao suicídio. Segundo se lê, ela não se suicidou, o coração traíu-a. É do conhecimeto público que o consumo prolongado de cocaína dá cabo do coração e pode levar à morte. Como de resto o mesmo veio a acontecer ao Rangel, a pessoa que a introduziu no consumo desta droga mortal.

Outro tremendo erro que ela cometeu foi ter ido a uma reunião dos Bilderberg, a convite do Balsemão..., como é da norma. Pode dizer-se um erro fatal. O mesmo aconteceu a Helena Osório, que também frequentou uma (ou mais do que uma) dessas reuniões (dizia-se por essa altura que estava a querer abrir a maçonaria às mulheres, mas mais não era do que uma encenação, das muitas em que ela é mestra) e morreu um ou dois anos depois de ter dito que, embora tenha sido convidada para aderir ao clube, tinha decidido desvincular-se por não lhe interessar pertencer àquela organização. O Rangel, que era maçon, terá ido pelo menos a uma das ditas reuniões e teve de certeza voto na matéria no facto da Marante - como seu colega da SIC, embora, creio, ainda não ser seu marido nessa altura - aceitar participar numa reunião da seita. Tendo em conta o que lhe aconteceu poucos anos depois do trágico fim de Margarida, é de crer que terá metido a pata na poça.

antonio rosa disse...

E ainda falta referir o 5° nivel de interesse ,que e mencionado en passant numa " caixa "
e que remete para ...coincidencias !

antonio rosa disse...

E ate a fungar...e a ofegar...

hajapachorra disse...

E não vos esqueçais do chico, do chico bolsanamão, A rapariga nunca acertou uma, coitada.

zazie disse...

Pois, mas não sei se o exercício de estilo, em forma de pergunta que o José deixou, é algo mais que me passou ao lado.

Kaiser Soze disse...

Não tenho a certeza quanto à questão. Por um lado, cada um tem direito à sua intimidade mas por outro, quem quiser intimidade mesmo, não se dedique à vida pública.

Quanto à coca, até acho que percebi a subliminar do José.
Se se tiver atenção e algum conhecimento, vê-se pela TV...

zazie disse...

hummm... como não tenho tv.
Mas suspeito.

Bic Laranja disse...

Perna escondida com o gato de fora.
Cumpts.

Luís Bonifácio disse...

Desde quando "Margarida Marante Drogada" é uma revelação?
Toda a gente sabia que a Marante era uma drogada, através de tristes situações relatadas na imprensa cor-de-rosa, ainda a jornalista estava viva.

A única novidade é a de que foi o Rangel que a "iniciou". A mim contaram-me o oposto: Que Rangel, já sabendo que tinha o Cancro que o mataria, a pôs fora de casa, antes que ela o "snifasse" totalmente.

A obscenidade do jornalismo televisivo