Tenho gosto em pertencer a uma espécie que julgo rara, de apreciadores
do som gravado segundo os mais elevados padrões de qualidade técnica e reproduzido de igual modo. Como tal
se aproxima de um graal místico de descoberta da sonoridade perfeita, a busca é
incessante e mantém uma atenção permanente às inovações tecnológicas das
aparelhagens de reprodução sonora. Por outro lado, tal experiência, se levada ao extremo, pode conduzir a uma mania cujas bizarrias a tornam incompreensíveis para os demais e portanto já no domínio da psiquiatria...
A tal mística associa-se ainda o gosto pela estética do
produto manufacturado, pela aparência
das caixas que o contém e as tácticas comerciais de o vender, por meio de
publicidade impressa quase sempre muito apelativa. Portanto, todo um mundo que escapa a muita gente, por
simples desinteresse, aliás compreensível e que congrega uns quantos tolinhos do som entre o quais me incluo moderadamente.
Em razão da obsessão dessa busca interminável vou lendo o
que se publica sobre a matéria no país e no estrangeiro, por outros tanto ou
mais obcecados na busca desse graal.
Algumas revistas da especialidade aparecem por cá regularmente. Os ingleses têm três de grande qualidade- Hi-Fi Choice, Hi-Fi Choice, Hi-Fi News e Hi-Fi World-, que se publicam há décadas. os franceses a Haute-Fidelité; os espanhóis também têm a sua Alta Fidelidad e os alemães têm várias que nem chegam por cá e porventura serão das melhores. Os italianos tinham uma Alta Fedeltà graficamente fabulosa nos anos noventa.
Em Portugal, também há décadas, o mercado de nicho vai alimentado a Audio Cinema em Casa ( ?) que se publica regularmente e segue os padrões dos ingleses, bem como os seus produtos e marcas com uma ou outra referência aos alemães e franceses, para além dos americanos. Estes têm principalmente a revista Stereophile, a bíblia da especialidade, com artigos que lidam com o assunto do modo que um jornalista português que agora escreve na Hi-Fi News- José Vítor Henriques- o sabe fazer: com conhecimento, humor, escrita impecável e personalizada.
Algumas revistas da especialidade aparecem por cá regularmente. Os ingleses têm três de grande qualidade- Hi-Fi Choice, Hi-Fi Choice, Hi-Fi News e Hi-Fi World-, que se publicam há décadas. os franceses a Haute-Fidelité; os espanhóis também têm a sua Alta Fidelidad e os alemães têm várias que nem chegam por cá e porventura serão das melhores. Os italianos tinham uma Alta Fedeltà graficamente fabulosa nos anos noventa.
Em Portugal, também há décadas, o mercado de nicho vai alimentado a Audio Cinema em Casa ( ?) que se publica regularmente e segue os padrões dos ingleses, bem como os seus produtos e marcas com uma ou outra referência aos alemães e franceses, para além dos americanos. Estes têm principalmente a revista Stereophile, a bíblia da especialidade, com artigos que lidam com o assunto do modo que um jornalista português que agora escreve na Hi-Fi News- José Vítor Henriques- o sabe fazer: com conhecimento, humor, escrita impecável e personalizada.
Por isso, para se entender esta mística associada aos sons, nada
melhor que estes dois artigos da revista Stereophile, americana ( na edição de Novembro
de 2015 e de Dezembro de 2017) um dos lugares de celebração
desde culto magnífico a um estado de espírito associado ao apreço pelos sons
agradáveis ao ouvido, ou seja à Música.
Estes artigos são um compêndio subtil sobre essa
mística e quem não entende a mensagem escusa de ler a seguir porque dificilmente compreenderá o resto…
E como começou este culto à música gravada e reproduzida? Na minha infância do início dos anos sessenta do século passado, habituei-me a ouvir em determinadas ocasiões festivas de aldeia e que na época eram bastantes, incluindo Domingos de Missa cantada, sons musicais através de cornetas colocadas no alto da torre sineira, no campanário da igreja. A fidelidade musical era baixa mas reproduzia o que o gira-discos básico tocava em 45 rotações por minuto. O amplificador era artesanal, da Ambaro ou outra marca regional e ainda com o calor das válvulas que amplificavam para os ouvintes o que os fornecedores da música de campanário tinham para oferecer: música folclórica gravada pela etiqueta Alvorada ou mesmo Orfeu e Rapsódia, incluindo alguns artistas de época, como o Conjunto Maria Albertina, Conjunto António Mafra ou até Frei Hermano da Câmara, para além dos demais António Mourão do Ó tempo volta p´ra trás ou Ó meu rio Douro de um grupo vocal já desaparecido ( Zé Rosa e o seu conjunto) . Por isso O Rapaz da Camisola Verde, daquele Frei, cujo real significado da letra só muitos anos depois compreendi, é um ícone musical desse tempo de música de campanário, sempre repetido porque o fornecedor da música era itinerante e passava de uma aldeia para outra, sempre com as mesmas músicas em ep ou single. Curiosamente não havia fado, prato musical diário de alguma rádio desse tempo.
A característica de todos estes cantores populares era uma e simples: melodias encantadoras, letras engraçadas, encantadoras, marotas qb ou evocativas ( Ó tempo volta p´ra trás é um clássico) e simplicidade musical e instrumental. A secção rítmica resume-se a uns bombos, sem mais; as guitarras acústicas acompanham ferrinhos e concertinas ou acórdeões e o resto...são vozes. Pouco ou nada eléctrico em instrumentação. Não há efeitos sonoros, de teclas eléctricas ou outros. As gravações em estúdios sem grandes condições técnicas ( no Porto, Arnaldo Trindade não tinha aparelhagem suficiente para gravar Venham mais cinco, de José Afonso, em 1973, por exemplo e que foi gravado em Paris).
Onde é que se podia ouvir música em alta-fidelidade sofisticada, nesses dias, em Portugal? Em poucas casas, de privilegiados que podiam ouvir discos importados em aparelhagem que nos final dos anos sessenta começava a aparecer, alguma vinda do Japão. Ou então...no rádio, onde alguns esses discos passavam em programas escolhidos, como o Em Órbita do RCP, já por aqui mencionado.
Foi portanto no rádio que despertou esta conversão à audiofilia e depois comparando sons que se podiam ouvir muitas vezes em jukeboxes que os cafés tinham para animar o ambiente a troco de cinco coroas. Essas jukeboxes de café, importadas, tinham um som único e cheio, óptimo para ouvir a música popular anglo-saxónica emergente.
Porém, a verdadeira experiência mística de feição sonora podia ocorrer nas discotecas, geralmente apetrechadas de boas aparelhagens demonstrativas dos discos e que por isso deixavam a impressão sonora indelével no consciente e depois recalcado no subconsciente quando ainda não se tinha gira-discos ou amplificar e colunas de qualidade idêntica.
Quando se ouve pela primeira vez em condições sonoras adequadas o disco Bookends ( de 1967) de Simon & Garfunkel e o tema America, fica-se apanhado no som para o resto da vida. A experiência torna- se em vício, como uma droga dura. Ouvir Teaser and the Firecat (1971), de Cat Stevens em rádio é uma coisa; em disco numa aparelhagem boa é outra, com efeito diverso e o mesmo critério se aplica a Immigrant song do III dos Lee Zeppelin de 1970. Não há rádio, sequer a válvulas, que reproduza o som da bateria que aí se martela, como uma boa aparelhagem o faz. Do mesmo modo o som do primeiro disco dos Jethro Tull, This Was, de 1968 só se ouve em condições perfeitas se o for numa boa aparelhagem e no vinil original, de prensagem britânica. Aliás, todos estes discos mencionados só se devem ouvir em vinil porque é esse o melhor meio de reprodução de som musical, gravado. Ponto. E chegamos ao ponto.
Todos os discos apontados são anteriores a 1971. O LP, como o conhecemos, apareceu no final dos anos quarenta na America e o conceito de "alta-fidelidade" espalhou-se durante os anos cinquenta com uma ideia simples: colocar no auditório de uma casa a experiência sonora que se poderia ouvir numa sala de concerto público de grande audiência. A ideia de transportar em modo imaginário o ouvinte para a sala de concerto, ou para o estúdio, dominou tal conceito, até hoje. Um som de alta fidelidade é aquele que soa como a ideia que alguém faz acerca do verdadeiro som natural ( "A high-fidelity sound is one that sounds like your idea of what the world truly sounds like", escreve Greg Milner no livro Perfecting Sound Forever, edição Granta, 2009).
Um dos sinais de perigo daquela mania levada ao extremo seria a busca incessante da qualidade de "presença" de determinado som reproduzido e consequentemente a busca de aparelhagens sofisticadas e produzidas com esse objectivo que as tornam caras demais para alimentar muitas manias mas apetecíveis para quem as julga alcançáveis. Dezenas, centenas de milhar de euros, podem custar tais aparelhagens da dCS ou de engenheiros e fabricantes esotéricos dos EUA.
Portanto é neste intervalo que se situa o ponto óptimo e deve dizer-se que nesta altura o som tal como entendido e ouvido por um audiófilo é uma raridade no espaço público dos rádios ou da Internet e tal por causa da revolução digital. Isso acontece porque alguém, eventualmente todo um sistema de produção sonora, roubou uma das suas componentes essenciais e inerentes ao carácter analógico do mesmo som. Com a sintetização das ondas sonoras, digitalizando-as atenuou-se tal efeito de modo a perverter o mesmo, modificando-o. Um som natural, gravado desse modo digital, perde uma parte da sua essência de onda contínua porque literalmente é cortado em fatias virtuais sinalizadas em 0 e 1.
A gravação digital do som musical apareceu em finais dos anos setenta do século passado. O primeiro disco comercial de grande divulgação foi Bop till you drop, de Ry Cooder que saiu em 1979.
Quando o ouvi a primeira vez, num suporte de vinil, Lp, em prensagem nacional da Rádio Triunfo, bastante inferior ao original americano, achei que era um som fabuloso, particularmente o instrumental I Think it´s gonna work out fine. Ouvi-o num gira discos de qualidade inferior mas adivinhava ali, nos baixos e interstícios instrumentais uma riqueza sonora incomparável. Doce engano. O disco, na sua versão analógica de vinil reproduz melhor ou pior segundo as aparelhagens, o que lá ficou na gravação original digitalizada em frequência próxima da do cd, ou seja, 16 bits e 50 kHz ( o cd tem 16/44.1).
Qual é a verdadeira diferença sonora entre esse Lp gravado originalmente em formato digital e a sua versão em cd ( aparecido em meados dos anos oitenta) ? Já fiz a experiência: o vinil continua a soar melhor que o cd, embora os japoneses tenham inventado um processo de melhorar o cd, tratando-o tecnicamente por um processo que lhe aumenta um pouco a resolução. Nunca ouvi mas já li louvores a tal produto ( SHM-cd).
Para um audiófilo, no entanto, a diferença, mesmo pequena e para melhor é que conta, na busca do tal graal sonoro e esse disco é um bom exemplo disso como o é o disco The Nightfly de Donald Fagen, do grupo Steely Dan, de 1982, também gravado originalmente em formato digital e lançado em LP e depois cd. Tenho os dois e o Lp...bla bla, bla.
Para tornar mais complexo este critério de escolha, ao longo dos anos, a tecnologia foi inventando maiores resoluções na gravação e reprodução digital que no início se situava naqueles parâmetros ( 16 bits e 50kHZ, embora os cd´s produzidos não fossem além dos 44.1kHz) .
Em primeiro lugar apareceram técnicas de prensagem de cd´s com os artefactos dourados da Mobile Fidelity ou da DCC Compact supostamente superiores e depois de o suporte original ter sido rematrizado ( digitally remastered) .
Anúncio na revista CD Review de Dezembro de 1992.
Ao mesmo tempo o LP levava uma lavagem e capa nova, em alguns casos, modificando-se ligeiramente edições originais, através de novas prensagens, supostamente mais cuidadas e a partir das fitas analógicas originais.
Onde é que se podia ouvir música em alta-fidelidade sofisticada, nesses dias, em Portugal? Em poucas casas, de privilegiados que podiam ouvir discos importados em aparelhagem que nos final dos anos sessenta começava a aparecer, alguma vinda do Japão. Ou então...no rádio, onde alguns esses discos passavam em programas escolhidos, como o Em Órbita do RCP, já por aqui mencionado.
Foi portanto no rádio que despertou esta conversão à audiofilia e depois comparando sons que se podiam ouvir muitas vezes em jukeboxes que os cafés tinham para animar o ambiente a troco de cinco coroas. Essas jukeboxes de café, importadas, tinham um som único e cheio, óptimo para ouvir a música popular anglo-saxónica emergente.
Porém, a verdadeira experiência mística de feição sonora podia ocorrer nas discotecas, geralmente apetrechadas de boas aparelhagens demonstrativas dos discos e que por isso deixavam a impressão sonora indelével no consciente e depois recalcado no subconsciente quando ainda não se tinha gira-discos ou amplificar e colunas de qualidade idêntica.
Quando se ouve pela primeira vez em condições sonoras adequadas o disco Bookends ( de 1967) de Simon & Garfunkel e o tema America, fica-se apanhado no som para o resto da vida. A experiência torna- se em vício, como uma droga dura. Ouvir Teaser and the Firecat (1971), de Cat Stevens em rádio é uma coisa; em disco numa aparelhagem boa é outra, com efeito diverso e o mesmo critério se aplica a Immigrant song do III dos Lee Zeppelin de 1970. Não há rádio, sequer a válvulas, que reproduza o som da bateria que aí se martela, como uma boa aparelhagem o faz. Do mesmo modo o som do primeiro disco dos Jethro Tull, This Was, de 1968 só se ouve em condições perfeitas se o for numa boa aparelhagem e no vinil original, de prensagem britânica. Aliás, todos estes discos mencionados só se devem ouvir em vinil porque é esse o melhor meio de reprodução de som musical, gravado. Ponto. E chegamos ao ponto.
Todos os discos apontados são anteriores a 1971. O LP, como o conhecemos, apareceu no final dos anos quarenta na America e o conceito de "alta-fidelidade" espalhou-se durante os anos cinquenta com uma ideia simples: colocar no auditório de uma casa a experiência sonora que se poderia ouvir numa sala de concerto público de grande audiência. A ideia de transportar em modo imaginário o ouvinte para a sala de concerto, ou para o estúdio, dominou tal conceito, até hoje. Um som de alta fidelidade é aquele que soa como a ideia que alguém faz acerca do verdadeiro som natural ( "A high-fidelity sound is one that sounds like your idea of what the world truly sounds like", escreve Greg Milner no livro Perfecting Sound Forever, edição Granta, 2009).
Um dos sinais de perigo daquela mania levada ao extremo seria a busca incessante da qualidade de "presença" de determinado som reproduzido e consequentemente a busca de aparelhagens sofisticadas e produzidas com esse objectivo que as tornam caras demais para alimentar muitas manias mas apetecíveis para quem as julga alcançáveis. Dezenas, centenas de milhar de euros, podem custar tais aparelhagens da dCS ou de engenheiros e fabricantes esotéricos dos EUA.
Portanto é neste intervalo que se situa o ponto óptimo e deve dizer-se que nesta altura o som tal como entendido e ouvido por um audiófilo é uma raridade no espaço público dos rádios ou da Internet e tal por causa da revolução digital. Isso acontece porque alguém, eventualmente todo um sistema de produção sonora, roubou uma das suas componentes essenciais e inerentes ao carácter analógico do mesmo som. Com a sintetização das ondas sonoras, digitalizando-as atenuou-se tal efeito de modo a perverter o mesmo, modificando-o. Um som natural, gravado desse modo digital, perde uma parte da sua essência de onda contínua porque literalmente é cortado em fatias virtuais sinalizadas em 0 e 1.
A gravação digital do som musical apareceu em finais dos anos setenta do século passado. O primeiro disco comercial de grande divulgação foi Bop till you drop, de Ry Cooder que saiu em 1979.
Quando o ouvi a primeira vez, num suporte de vinil, Lp, em prensagem nacional da Rádio Triunfo, bastante inferior ao original americano, achei que era um som fabuloso, particularmente o instrumental I Think it´s gonna work out fine. Ouvi-o num gira discos de qualidade inferior mas adivinhava ali, nos baixos e interstícios instrumentais uma riqueza sonora incomparável. Doce engano. O disco, na sua versão analógica de vinil reproduz melhor ou pior segundo as aparelhagens, o que lá ficou na gravação original digitalizada em frequência próxima da do cd, ou seja, 16 bits e 50 kHz ( o cd tem 16/44.1).
Qual é a verdadeira diferença sonora entre esse Lp gravado originalmente em formato digital e a sua versão em cd ( aparecido em meados dos anos oitenta) ? Já fiz a experiência: o vinil continua a soar melhor que o cd, embora os japoneses tenham inventado um processo de melhorar o cd, tratando-o tecnicamente por um processo que lhe aumenta um pouco a resolução. Nunca ouvi mas já li louvores a tal produto ( SHM-cd).
Para um audiófilo, no entanto, a diferença, mesmo pequena e para melhor é que conta, na busca do tal graal sonoro e esse disco é um bom exemplo disso como o é o disco The Nightfly de Donald Fagen, do grupo Steely Dan, de 1982, também gravado originalmente em formato digital e lançado em LP e depois cd. Tenho os dois e o Lp...bla bla, bla.
Para tornar mais complexo este critério de escolha, ao longo dos anos, a tecnologia foi inventando maiores resoluções na gravação e reprodução digital que no início se situava naqueles parâmetros ( 16 bits e 50kHZ, embora os cd´s produzidos não fossem além dos 44.1kHz) .
Em primeiro lugar apareceram técnicas de prensagem de cd´s com os artefactos dourados da Mobile Fidelity ou da DCC Compact supostamente superiores e depois de o suporte original ter sido rematrizado ( digitally remastered) .
Anúncio na revista CD Review de Dezembro de 1992.
Ao mesmo tempo o LP levava uma lavagem e capa nova, em alguns casos, modificando-se ligeiramente edições originais, através de novas prensagens, supostamente mais cuidadas e a partir das fitas analógicas originais.
Imagem da Stereo Review de 1996
Porém, a grande mudança qualitativa no cd ocorreu no final dos anos noventa, com a introdução de dois novos formatos: o dvd-audio e o sacd. Aqui explicados na Stereo Review de Maio de 1998.
A partir daqui tornou-se mais difícil a distinção entre o som do digital e o analógico do vinil, mas ainda assim, na minha opinião de quem já escutou muitos discos nesses formatos, o vinil continua a levar a melhor sobre todos eles.
Em meados dos anos 2000 ocorreu uma polémica entre os criadores e detentores das patentes dos dvd-audio e sacd ( Toshiba e Sony), tal como explicado aqui por José Vítor Henriques, o nosso maior connoisseur destas matérias e desde há muitos anos. O assunto prendia-se com o video mas teve reflexos no audio. De tal forma que a única forma, conhecida até hoje de copiar sacd´s em formato original é através desta Playsation 3, com manobras de software.
DN de 2.9.2005:
Seja como for também estou de acordo com a opinião de JVH: o melhor som é o do SACD e particularmente do formato DSD que os integra. Todos os dias o comprovo porque ouço dsd em resolução 5.6 MHz ( dupla) de gravações dos meus discos de vinil.
Há cerca de meia dúzia de anos, se tanto, passou a ser possível ouvir música em formato blu-ray, exclusivamente e foi precisamente nesse formato, para além de outros ( cd, DVD-audio e mp3 de 320 Kbs) que Neil Young compilou em 2009 os seus Archives Vol I, contendo a sua produção discográfica até ao ano de 1972, incluindo por isso a obra prima Harvest em nove discos compactos bluray e mais um com o filme Journey through the past. Asseguro que é das melhores experiências musicais que já tive, ouvir essa obra. Mesmo tendo os discos em vinil quase todos, e que considero melhores em som total, a interacção do som e imagem do bluray é "imersiva" como dizem os ingleses, porque se mergulha de facto naquela sonoridade e ambiente da música de Neil Young. As imagens são animadas com gira-discos a rodar efectivamente o disco contendo a música que se está a ouvir e outros efeitos.
E aqui chegado tenho oportunidade de mostrar o motivo deste texto: precisamente Neil Young e a sua preocupação com o som que o leva a dizer o que diz o título: alguém roubou algo ao som que se ouve nos media da actualidade.
Numa entrevista à revista Mojo deste mês diz assim:
Quem é que subtraiu ao som o que o mesmo contém? As empresas de "streaming" de música, para além do mais. Spotify e Apple, em concreto, passam as músicas com uma resolução não superior a mp3 que evidentemente corta muita qualidade nas características originais do som uma vez que não ultrapassam na melhor das hipóteses os 320 Kbs, muito inferior à do cd ( 44.100Hz). Neil Young consegue provar, como se verá a seguir que é possível disponibilizar ao consumidor de música neste formato, qualidade superior à do cd e fá-lo actualmente em modo gratuito, online.
Neil Young também considera o som do lp superior mas logo a seguir a resolução que actualmente se pode alcançar no som digitalizado, actualmente pouco lhe fica a dever e pode experimentar-se tal facto imediatamente se alguém tiver meios para tal.
Neil Young disponibilizou um sítio na internet, chamado NYA que permite ouvir quase toda a sua obra ( incluindo aqueles dez discos do Archives I) no formato superior que defende para o digital e que supera em muito o do cd. Pode ouvir-se no sítio, consoante o equipamento que se tenha, através do computador, as músicas de Neil Young, desde o início da carreira até aos mais recentes discos, com algumas excepções de discos ainda não disponibilizados, mas são poucos e os menos interessantes ( Landing on water, por exemplo).
O resto pode ser ouvido no formato digital e resolução que Neil Young colocou como sendo o máximo possível ( 24 bits e 192 kHz e 24/176) passando pelo 24/96 ou pelo 16/44.1 do cd, no caso também muito aceitável. Para tal é necessário ter acoplado ao computador um conversor que pode muito bem ser como este que custa cerca de 100 euros na FNAC, mas há outros do género. Com isso e uns auscultadores de qualidade pode ouvir-se o melhor som de Neil Young, em termos próximos da audiofilia mais exigente.
O sítio de Neil Young tem este aspecto:
Nesta primeira imagem do site aparece o arquivo virtual que corre como se fosse real e com o barulho característico das portas a correr. No topo do lado direito aparece a janelinha a verde que indica a resolução a que a música está a ser transmitida. Se a cor preencher toda a janela é porque está cheia e no caso é 24/192, o máximo. Comparei com o som digitalizado por mim, em dsd, do vinil original que tenho por cá e é um som mais poderoso em volume, mas um pouco menos subtil e é a audição dessa diferença que me qualifica para a audiofilite aguda.
Mesmo quem não tem o tal conversor pode ouvir na resolução máxima do mp3 disponibilizado escolhendo logo no botão à esquerda do vumeter o resolução 320, bastando carregar no número. Ouvirá então nessa resolução que ainda assim é superior à do Spotify.
Nesta imagem aparece uma mostra de todos os discos dos Archives Vol I numa linha cronológica ilustrada.
Neste caso o álbum Harvest.
A partir daqui tornou-se mais difícil a distinção entre o som do digital e o analógico do vinil, mas ainda assim, na minha opinião de quem já escutou muitos discos nesses formatos, o vinil continua a levar a melhor sobre todos eles.
Em meados dos anos 2000 ocorreu uma polémica entre os criadores e detentores das patentes dos dvd-audio e sacd ( Toshiba e Sony), tal como explicado aqui por José Vítor Henriques, o nosso maior connoisseur destas matérias e desde há muitos anos. O assunto prendia-se com o video mas teve reflexos no audio. De tal forma que a única forma, conhecida até hoje de copiar sacd´s em formato original é através desta Playsation 3, com manobras de software.
DN de 2.9.2005:
Seja como for também estou de acordo com a opinião de JVH: o melhor som é o do SACD e particularmente do formato DSD que os integra. Todos os dias o comprovo porque ouço dsd em resolução 5.6 MHz ( dupla) de gravações dos meus discos de vinil.
Há cerca de meia dúzia de anos, se tanto, passou a ser possível ouvir música em formato blu-ray, exclusivamente e foi precisamente nesse formato, para além de outros ( cd, DVD-audio e mp3 de 320 Kbs) que Neil Young compilou em 2009 os seus Archives Vol I, contendo a sua produção discográfica até ao ano de 1972, incluindo por isso a obra prima Harvest em nove discos compactos bluray e mais um com o filme Journey through the past. Asseguro que é das melhores experiências musicais que já tive, ouvir essa obra. Mesmo tendo os discos em vinil quase todos, e que considero melhores em som total, a interacção do som e imagem do bluray é "imersiva" como dizem os ingleses, porque se mergulha de facto naquela sonoridade e ambiente da música de Neil Young. As imagens são animadas com gira-discos a rodar efectivamente o disco contendo a música que se está a ouvir e outros efeitos.
E aqui chegado tenho oportunidade de mostrar o motivo deste texto: precisamente Neil Young e a sua preocupação com o som que o leva a dizer o que diz o título: alguém roubou algo ao som que se ouve nos media da actualidade.
Numa entrevista à revista Mojo deste mês diz assim:
Quem é que subtraiu ao som o que o mesmo contém? As empresas de "streaming" de música, para além do mais. Spotify e Apple, em concreto, passam as músicas com uma resolução não superior a mp3 que evidentemente corta muita qualidade nas características originais do som uma vez que não ultrapassam na melhor das hipóteses os 320 Kbs, muito inferior à do cd ( 44.100Hz). Neil Young consegue provar, como se verá a seguir que é possível disponibilizar ao consumidor de música neste formato, qualidade superior à do cd e fá-lo actualmente em modo gratuito, online.
Neil Young também considera o som do lp superior mas logo a seguir a resolução que actualmente se pode alcançar no som digitalizado, actualmente pouco lhe fica a dever e pode experimentar-se tal facto imediatamente se alguém tiver meios para tal.
Neil Young disponibilizou um sítio na internet, chamado NYA que permite ouvir quase toda a sua obra ( incluindo aqueles dez discos do Archives I) no formato superior que defende para o digital e que supera em muito o do cd. Pode ouvir-se no sítio, consoante o equipamento que se tenha, através do computador, as músicas de Neil Young, desde o início da carreira até aos mais recentes discos, com algumas excepções de discos ainda não disponibilizados, mas são poucos e os menos interessantes ( Landing on water, por exemplo).
O resto pode ser ouvido no formato digital e resolução que Neil Young colocou como sendo o máximo possível ( 24 bits e 192 kHz e 24/176) passando pelo 24/96 ou pelo 16/44.1 do cd, no caso também muito aceitável. Para tal é necessário ter acoplado ao computador um conversor que pode muito bem ser como este que custa cerca de 100 euros na FNAC, mas há outros do género. Com isso e uns auscultadores de qualidade pode ouvir-se o melhor som de Neil Young, em termos próximos da audiofilia mais exigente.
O sítio de Neil Young tem este aspecto:
Nesta primeira imagem do site aparece o arquivo virtual que corre como se fosse real e com o barulho característico das portas a correr. No topo do lado direito aparece a janelinha a verde que indica a resolução a que a música está a ser transmitida. Se a cor preencher toda a janela é porque está cheia e no caso é 24/192, o máximo. Comparei com o som digitalizado por mim, em dsd, do vinil original que tenho por cá e é um som mais poderoso em volume, mas um pouco menos subtil e é a audição dessa diferença que me qualifica para a audiofilite aguda.
Mesmo quem não tem o tal conversor pode ouvir na resolução máxima do mp3 disponibilizado escolhendo logo no botão à esquerda do vumeter o resolução 320, bastando carregar no número. Ouvirá então nessa resolução que ainda assim é superior à do Spotify.
Nesta imagem aparece uma mostra de todos os discos dos Archives Vol I numa linha cronológica ilustrada.
Neste caso o álbum Harvest.