O Expresso decidiu adiantar as comemorações dos 200 anos do nascimento de Karl Marx, o grande inspirador dos jornalistas que temos. Tivesse nascido na Rússia socialista e teria sido mumificado, como Lenine. Assim, há umas estátuas no Leste, já a cair e literatura sobre o que ensinou a propósito de superar a pobreza e tornar todos iguais, sem classes de qualquer tipo, o que deverá ter sido o maior incentivo à inveja, de todos os tempos e causou as maiores tragédias da Humanidade.
Uma boa parte dos jornalistas que temos e principalmente aqueles que os ensinaram nas escolas de "Comunicação Social" (!), são marxistas, ou seja seguidores do ideário que aqui assentou arraiais e pegou de estaca há um pouco mais de 40 anos.
O Expresso no afã desta direcção ignorante em festejar a efeméride, quem foi buscar ao armário da escrita para celebrar o acontecimento? O "professor catedrático no ISEG" ( é assim que se assina, este Dâmaso de pacotilha esquerdista) Francisco Louçã e um suposto opositor, Luciano Amaral também professor da área (Nova School of Business & Economics, assim em inglês que é mais cosmopolita).
Começo por este último e resumido numa frase: "somos todos marxistas", quer dizer, todos fomos beber a Marx as ideias de luta contra a pobreza e desigualdades sociais. Não foram Marx e ainda hoje estaríamos no tempo de Charles Dickens, com romancistas como José Rodrigues dos Santos a escrever sobre os Misérables de Victor Hugo.
O artigo de Amaral é um pequeno compêndio do que Marx foi escrevendo e aborda algumas consequências dos escritos, até ao presente, em modo resumido e sumido. Mas é suficiente para perceber que Marx é o culpado da social-democracia estar em crise...
Louçã esmera-se a debitar conhecimentos próprios aprendidos na nuvem ou por infusão catártica. Não cita um único autor e é tudo como se tivesse sido compincha de quarto ou colega de Marx. Por exemplo, citando, "em Londres, as filhas sobreviventes crescem"...e Louçã estava lá para ver e agora contar na primeira pessoa testemunha. O escrito começa com uma experiência que lhe foi contada: "diz-se que o frio varria o cemitério de Highgate, em Londres, naquele 17 de Março de 1883, quando onze pessoas se despediram de Karl Marx, que morrera subitamente três dias antes"(...). Quem lhe contou isto? Não se sabe e o catedrático julga não ser preciso, bastando a sua própria sabedoria infusa, eventualmente da internet wikipédica.
O artigo afigura-se-me um arrazoado pindérico e pedante, eventualmente copiado no todo ou em parte do que foi lendo, porque nenhuma ideia ali vertida é original. Porém, quanto a fontes ou inspiração, zero, nicles, num exercício notável de ética académica e catedrática. A menção ao Finantial Times, Economist ou New Yorker não aparecem como fontes mas apenas como referências que também lidaram com a efeméride...
Por isso, pedir a este Louçã ou a um estagiário de uma licenciatura qualquer para fazer este artigo dava no mesmo: cópia, pela certa.
Então qual a originalidade do Louçã? Apenas uma: mais um pretexto para replicar ideias esquerdistas do tipo Bloco, mesmo que para isso já tenhamos um Público.
É isto o Espresso da actualidade e é isto a intelectualidade que nele se cultiva: Louçã por um lado; Luciano Amaral por outro e está o caso arrumado para tratar os 200 anos do nascimento de Marx, a 5 de Maio de 1818. Tudo ideias alheias, tudo factos copiados de outrém, sem menção da fonte e apenas uma mensagem original: a do esquerdismo comunista no caso de um e a do liberalismo temperado não se sabe com quê, no caso de outro.
Para isto prefiro originais e isto nem se compara com o velho aforismo de quem não tem cão caça com gato. Neste caso, o remeloso Louçã nem merece atenção pelo odor a cópia sem registo de direito de autor.
Prefiro por isso estas fontes de conhecimento, entre outras:
Em primeiro lugar conhecer o tempo de Marx e quem tinha já preocupações sociais quando o indivíduo escrevia manifestos contra a miséria do capitalismo.
Neste artigo da revista francesa Magazine Littéraire de Julho de 1968, Gaston Leval escrevia que o anarquista Bakunine estava mais perto da realidade do que Marx, seu contemporâneo e "de todos os fundadores do socialismo era Bakunine cujo pensamento conservou, pela sua profundidade e o seu dom de análise ampla, a actualidade e poderosa vitalidade". E que as "suas previsões das consequências do Estado preconizado por Marx revelaram-se de uma estupenda exactidão".
Portanto, Marx não foi o inventor do elixir contra a pobreza , desmistificando-se assim o escrito do professor Amaral, da Nova School of Business & Economics (!), o que aliás deveria ser claro e conhecido para quem se atreve a escrever sobre o assunto.
Para além disso e relativamente a Marx, aquando da ressurreição do mito marxista, há cerca de desz anos houve quem escrevesse mais e melhor. Lá fora, claro. Nessa altura Louçã parece que ainda andava a tirar o curso de catedrático.
Magazine Littéraire de Outubro de 2008:
E explicava- se o que era essencial saber do marxismo:
E mostrava-se onde se podia saber mais, o que esta gente agora se escusa de mostrar, para não revelar a fonte da ignorância e ensejo da cópia sem vergonha:
Por outro lado, para um saber mais profundo sobre a figura do inventor do elixir que muitos ainda tomam, um intelectual francês, Raymond Aron, escreveu um livro, em 1965, em modo biográfico sobre o mito. O livro até foi publicado em Portugal pela d. quixote, em 1991, 2010 e 2014 ( ainda Louçã andaria a aprender para ser catedrático) e chama-se simplesmente Karl Marx, com um pouco menos de 200 páginas, bibliografia incluída.
Três dessas páginas:
Para finalizar: o artigo do Expresso, encomendado a esses dois autores, não dá corpo à expressão de em terra de cegos quem tem um olho, bla bla. É mais do género dos cegos que guiam outros cegos.
Serve, aliás, para perceber melhor esta notícia que saiu no Sol de hoje e que reflecte os ensinamentos do aniversariante...
6 comentários:
Brilhante.
António Cabral
depois do e-toupeira
o e-lixir
o 'marreirimhas' era seu amigo dos peitos
dizem que os discipulos de marx
eram verdadeiros
'cereal killers'
Acho que o espesso tem que levar uma condecoração Lenine...
Eu ainda fico parvo, como gente supostamente inteligente, ainda acredita nisto. Basta ver que a ideia base, a igualdade é possível, é utópica. Todos nós somos diferentes, na inteligência, nas qualidades, nas virtudes, etc.
Luís Teixeira
Excelente post!! Merece divulgação massiva.
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