No DN de hoje:
A história contada neste texto tem a ver com um livro agora publicado da autoria de um tal Rui Correia, sobre...Salazar, com foto na capa e chamariz adequado da editora Guerra & Paz que procura fazer render um peixe que já me parece podre.
Salazar tem sido usado pelos media, particularmente editoras, a fim de vilipendiar o seu nome e regime ao mesmo tempo que se procura mostrar algo que supostamente é novidade.
No caso, o texto deste DN trata-se de uma aldrabice porque o autor foi buscar a história de um jornal que se publicava em português, nos EUA, que durou até 1974 e acompanhou a realidade da emigração portuguesa naquele país, durante mais de metade do século XX, desde 1919.
O que terá espoletado o interesse do tal Rui Correia, apresentado como professor, foi uma cópia de um artigo desse jornal, publicado em New Bedford que se referia a um artigo da Time de 22 de Julho de 1946 e no qual um tal Percy Knaught vilipendiava o regime de Salazar apodando-o de corrupto e ditatorial, inspirado pelo fascismo de Mussolini e ainda se reprovava a neutralidade de Portugal durante a II GG.
O jornal pegava naquilo e ainda carregava nas tintas. O "professor" ao ler aquilo achou que era impossível um artigo daqueles sair no Portugal de 1946, um ano depois do fim da guerra, tanto mais que o correspondente da Time em Portugal tinha sido corrido de cá por indecente e má figura, pelo regime.
Isto traz à colação a questão da Censura em Portugal ( e noutros países, incluindo os EUA da época em relação ao comunismo, é bom que se diga e que começoulogo nesse ano de 1946 e veio a dar no McCarthysmo dos anos 50)
Qual foi o número da Time que tal efeito provocou no "professor" leitor do diário de notícias de New Bedford com cheiro a papel velho?
Este, no qual o MUD, uma organização para efeitos eleitorais que integrava comunistas, é apresentada como uma associação democrática, sem mais:
Ora o que é que este professor Rui Correia diz no texto do actual DN? Diz que por causa desse número a revista Time "foi então proibida em Portugal". Falso, segundo VPV que viveu esse tempo.
E o "professor" ficou tão entusiasmado com esse artigo a vilipendiar Salazar, do jornal da comunidade portuguesa de New Bedford, dos anos quarenta e logo a seguir à guerra que decidiu escrever o livro que a Guerra & Paz patrocina editorialmente, mesmo com falsidades.
Por mim, seria talvez mais interessante perscrutar como é que esse jornalito local se deu com o McCarthysmo que surgiu logo depois...e comparar a democracia americana desse tempo com a "feroz ditadura" de Salazar dessa mesma altura. E saber como é que esse tal jornal se dava com isso...porque afinal segundo o mesmo " na América, um fervilhante activismo político ganhava corpo através de jornalistas, políticos e mesmo ministros que ali escapavam à polícia política portuguesa". supostamente o horror dos horrores.
Enfim, VPV mais uma vez sobre tal polícia horrorosa. VPV viveu na pela tal coisa porque chegou a estar preso por ter dado um safanão a um deles...
A PIDE aparece retratada de modo diferente do que aquele "professor" pretende mostrar...enfim, é preciso perguntar onde é que este professor aprendeu e se formou e quem foram os seus professores que não lhe ensinaram o básico dos básicos para escrever um livro de história: ser verdadeiro com os factos conhecidos, mas para tal torna-se necessário saber e conhecê-los.
É não será certamente o jornal de New Bedford animado por alguém que se opunha a Salazar do outro lado do Atlântico que o iria elucidar sobre tais fenómenos.
Uma tristeza. Mais uma.
Portugal nos anos 50, nesse período tinha quiosques assim, em Lisboa ( livro de Joaquim Vieira): A Time não aparece, com visibilidade, mas estão lá muitas americanas...
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