Pedro Soares Martinez, professor de Direito na FDUL morreu, segundo se anuncia, aos 95 anos. Era uma pessoa de direita, conservador, católico e durante décadas foi professor de Direito em Lisboa e também governante no tempo de Salazar.
Nos últimos anos escrevia artigos no jornal O Diabo que me levavam frequentemente a comprar o jornal, só por causa disso.
No passado dia 26 de Março, certamente adivinhando o desfecho que agora se anuncia, o jornal tinha prestado a homenagem devida, assim:
Era obviamente anti-comunista e um dos artigos que guardei é este de 3 de Julho de 2007, sobre Marx e o marxismo:
[ E procurando melhor acabei por encontrar. Vinha no Independente de 28 de Abril de 1995...e é da autoria de Laurinda Alves, segundo julgo, então mulher de Sousa Tavares, embora não tenha o artigo de que este é a resposta, mas infere-se o sentido]:
Em 1984 Soares Martinez deu a sua visão do fim do regime anterior numa edição do Semanário, por ocasião dos dez anos do 25 de Abril. Assim:
Mais recentemente Soares Martinez tentava explicar diversos fenómenos da vida portuguesa, tais como a crise do certos bancos, como o BES sobre o que escrevi aqui o seguinte: Soares Martinez não menciona o BES nem é preciso. Toda a gente entende quando escreve que " quando os governantes são de mãos limpas, também os banqueiros têm dificuldade em sujar as deles".
Também escreveu sobre a escravatura a propósito da histeria dos novos historiadores revisionistas do descolonialismo.
Também sobre o sistema das leis e a Justiça, particularmente sobre este aspecto:
Soares Martinez era uma pessoa que tinha valores ancorados num passado que nos faz falta lembrar. Mais não seja para sabermos como era...
ADITAMENTO:
No Público de 13.4.2021 há este artigo de página, obituário, assinado por jornalista:
No artigo repetem-se alguns pretensos factos que compõem o florilégio mitológico do professor Martínez, designadamente do modo como "chumbava" alunos.
A autora do artigo cita depoimentos de "antigos alunos" sem os identificar ficando assim por saber se as informações correspondem à verdade factual, mesmo a inventada.
Sobre alguns desses "factos", mormente o relativo à responsabilidade do professor " o salazarista, o homem que deixou entrar os gorilas na FDUL", com a palavra gorilas sem quaisquer aspas, pressupondo que se está a falar de primatas, símios, já o professor Martínez tinha respondido no artigo do Independente de 28.4.1995 a invectivas semelhantes, com uma pequena frase: " Enquanto dirigi a FDUL nunca a polícia lá entrou". Pressupondo que os símios em causa, primatas, serão da polícia, ficou respondido embora a palavra de uma ou de outro tenha valor diverso. Por isso será necessário apurar factualmente e com documentação ou testemunhos credíveis o que realmente aconteceu. Escrever que foi o professor a deixar entrar os tais gorilas na FDUL é próprio de quê? De escrita de galinha depenada, é o que é.
Sobre o afastamento da universidade do referido professor a autora do artigo também escreve que o mesmo " a 25 de Abril de 1974 o director Soares Martinez é imediatamente saneado" e só regressa depois de uma comissão de Reestruturação ter decidido reintegrar todos os professores afastados naquelas circunstâncias.
O que diz o professor sobre isto? Que fora afastado com "despacho de demissão", sem mais. De facto foi mesmo "imediatamente" e portanto sem qualquer resquício de legalidade a não ser a revolucionária que a autora do artigo deve entender como suficiente para afastar um "salazarista". E mais: o professor confiou então que em Lisboa também haveria juízes de Berlim, como houve e por isso foi reintegrado. A alusão é simples e a autora deveria saber do que se trata.
Finalmente sobre o "terror" da FDUL, o professor apresentou estatísticas: só chumbou até 3 de Março de 1995, 38 alunos de um universo de várias centenas e aprovou 163.
Enfim, para este jornalismo de algibeira os factos são como as cerejas, vêm sempre uns atrás dos outros só que muitos estão murchos ou podres...
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