terça-feira, fevereiro 12, 2013

O comunismo no campanário e um frei sempre fixe

Depois do 25 de Abril 1974  a Igreja Católica foi rapidamente atacada pelos poderes de facto comunistas com invectivas escritas, propaladas e atentados ao seu poder na sociedade tradicionalmente católica, em Portugal. A Igreja era um problema para o comunismo e os seus próceres não sabiam bem lidar com a instituição. Em vez do jacobinismo passado e futuro ( actual) os comunistas tinham armas mais eficazes para afastar a Igreja Católica do palco de influência que lhe negavam. Como não podiam intervir nas homilias das missas, dedicavam páginas e páginas de jornais a desbastar " a reacção de campanário" que tanto os incomodava.
Em 30 Setembro de 1974 ( dois dias depois do 28 de Setembro) o jornal Sempre Fixe dedicava um suplemento de quatro páginas à "Igreja em Portugal".
Primeiro apresentava aqueles padres que lhes eram mais próximos ideologicamente, como Frei Bento Domingues, ainda hoje um padre mediático ( et pour cause) .

No entanto, a questão religiosa era outra e mais grave e insuportável para o comunismo. Os jornais "reaccionários" de campanário eram uma praga no Norte católico e havia que acabar com tais folhas de couve que impediam o comunismo de progredir socialmente. Parece que o antigo jornalista da Flama ( do Patriarcado) Alexandre Manuel tem a sua tese de doutoramento no ISCTE sobre este assunto magno da imprensa regional católica...deve ser algo de tomo.


Em Julho de 1974 o Século Ilustrado já dava uma achega para o problema que se apresentava aos comunistas como inultrapassável: no Norte, a Igreja tinha mais influência que o Partido e isso era intolerável. Que fazer, então? Dividir, em primeiro lugar, os padres entre progressistas e reaccionários. Assim:

Evidentemente, o arcebispo de Braga e o cónego Melo eram os alvos a abater.  E por isso havia a Gazeta que em 8 de Abril de 1976 lhes fazia a folha:


E apresentava uma página inteira dedicada a um padre, émulo de "Camilo Torres com o seu fuzil" ( como cantava José Afonso na "arcebispíade" )que iria concorrer a eleições pela UDP e tinha morrido num atentado à bomba ( atribuído pelos comunistas logo ao ELP e MDLP e com a conivência, senão a participação, da Igreja) em Cumeeira, Vila Real.

A meio caminho ficava este bispo que tinha sido corrido de Portugal por se ter oposto ao regime anterior ao 25 de Abril. O bispo D. António, conforme se lê neste artigo do Século Ilustrado de 9.7.76 não achava que tinha havido fascismo em Portugal, mas sim um regime autoritário, apenas. Com ideias destas, não servia...




Questuber! Mais um escândalo!