quarta-feira, fevereiro 20, 2013

O nascimento do fascismo em Portugal: "irradicar" as "reinvindicações"...

Em Portugal por ocasião do 25 de Abril de 1974 não havia fascismo. Quero dizer, a palavra dita enquanto significante de um regime, não existia. Foi inventada depois do dia 25 de Abril de 74. No dia seguinte, talvez, com os primeiros comunicados do Partido Comunista Português, a aclamar o MFA e a Junta de Salvação Nacional. Os jornais da época testemunham a história.

Assim, a revista Século Ilustrado, saída no dia 27 de Abril de 1974 mas impressa na própria madrugada de 24 para 25 de Abril, enquanto se desenrolava o golpe militar, foi aumentada de um pequeno suplemento de meia dúzia de páginas com fotos e texto explicativo. Comprei-a na altura e fiquei um pouco frustrado por não trazer mais fotos e a cores. Só na semana seguinte, com um suplemento especial e uma edição especial tal vontade se cumpriu.
O redactor ( eventualmente os directores J.R. Redondo Júnior, Duarte Figueiredo ou mesmo Rogério Petinga) não conheciam ainda a palavra "fascista" para caracterizar o regime e por isso mesmo não aparece nunca no texto que acompanha algumas imagens impressivas do golpe. Nem aparece sequer nos comunicados do MFA. "Fascismo" para caracterizar o regime político cujo Governo era chefiado por Marcelo Caetano não existia no léxico desse dia e porventura do seguinte. Mas por poucas, escassas horas. Até que o PCP tomasse conta dos acontecimentos e do discurso politicamente correcto.

 Assim, poucos dias depois, a linguagem já tinha retomado o seu curso esquerdista porque o PCP não brincava em serviço, como hoje.

Deste modo, o Expresso de Balsemão( símbolo de uma certa ala liberal, note-se...) de 11 de Maio já se estendia em considerações políticas adequadas, pela pena de um Eduardo Prado Coelho e outros. "Fascismo" já era uma palavra das nossas e que veio para ficar em diversas declinações, como "fassismo" sibilada entre dentes raros,  por um um Domingos Abrantes ou "fachismo", com a fechado, dito pelos mais conservadores estalinistas que ainda temos.

Na semana seguinte, o Expresso continuava a lavagem rápida ao cérebro da intelligentsia pátria. "Fascismo", pois claro, era já a palavra da redacção. E era para "irradicar" ( sic).

Para não ficar atrás e acolitar o PCP, a Flama de 17 de Maio 1974, pela pena inefável do último entrevistador de Cerejeira, Alexandre Manuel, (agora doutorado pelo ISCTE, em jornalismo regional) já se alargava nas considerações escritas sobre o sindicalismo, "porque a história, a verdadeira, ainda não começou a ser feita". Até então a História tinha sido uma farsa. Como agora, pelos vistos...
Alexandre Manuel, um dos jornalistas portugueses que aprendeu depressa a lição: a Esquerda é quem mais ordena, dentro de ti, ó...! ( ia a escrever palonço, mas recuei a tempo). "Reinvidicação", por seu lado, faz jus pleno ao "irradicar"...

E foi assim que o "fascismo" nasceu em Portugal. Actualmente anda ainda bem viçoso no discurso da Esquerda rompante que canta Zeca Afonso, para invectivar os herdeiros do regime que substituiu o tal "fassismo".

Porra! Que desgraça nos foi acontecer. Porque é que esta gente não emigrou toda para a Albânia ou a Roménia?

Questuber! Mais um escândalo!