Em Portugal por ocasião do 25 de Abril de 1974 não havia fascismo. Quero dizer, a palavra dita enquanto significante de um regime, não existia. Foi inventada depois do dia 25 de Abril de 74. No dia seguinte, talvez, com os primeiros comunicados do Partido Comunista Português, a aclamar o MFA e a Junta de Salvação Nacional. Os jornais da época testemunham a história.
Assim, a revista Século Ilustrado, saída no dia 27 de Abril de 1974 mas impressa na própria madrugada de 24 para 25 de Abril, enquanto se desenrolava o golpe militar, foi aumentada de um pequeno suplemento de meia dúzia de páginas com fotos e texto explicativo. Comprei-a na altura e fiquei um pouco frustrado por não trazer mais fotos e a cores. Só na semana seguinte, com um suplemento especial e uma edição especial tal vontade se cumpriu.
O redactor ( eventualmente os directores J.R. Redondo Júnior, Duarte Figueiredo ou mesmo Rogério Petinga) não conheciam ainda a palavra "fascista" para caracterizar o regime e por isso mesmo não aparece nunca no texto que acompanha algumas imagens impressivas do golpe. Nem aparece sequer nos comunicados do MFA. "Fascismo" para caracterizar o regime político cujo Governo era chefiado por Marcelo Caetano não existia no léxico desse dia e porventura do seguinte. Mas por poucas, escassas horas. Até que o PCP tomasse conta dos acontecimentos e do discurso politicamente correcto.
Assim, poucos dias depois, a linguagem já tinha retomado o seu curso esquerdista porque o PCP não brincava em serviço, como hoje.
Deste modo, o Expresso de Balsemão( símbolo de uma certa ala liberal, note-se...) de 11 de Maio já se estendia em considerações políticas adequadas, pela pena de um Eduardo Prado Coelho e outros. "Fascismo" já era uma palavra das nossas e que veio para ficar em diversas declinações, como "fassismo" sibilada entre dentes raros, por um um Domingos Abrantes ou "fachismo", com a fechado, dito pelos mais conservadores estalinistas que ainda temos.
Na semana seguinte, o Expresso continuava a lavagem rápida ao cérebro da intelligentsia pátria. "Fascismo", pois claro, era já a palavra da redacção. E era para "irradicar" ( sic).
Para não ficar atrás e acolitar o PCP, a Flama de 17 de Maio 1974, pela pena inefável do último entrevistador de Cerejeira, Alexandre Manuel, (agora doutorado pelo ISCTE, em jornalismo regional) já se alargava nas considerações escritas sobre o sindicalismo, "porque a história, a verdadeira, ainda não começou a ser feita". Até então a História tinha sido uma farsa. Como agora, pelos vistos...
Alexandre Manuel, um dos jornalistas portugueses que aprendeu depressa a lição: a Esquerda é quem mais ordena, dentro de ti, ó...! ( ia a escrever palonço, mas recuei a tempo). "Reinvidicação", por seu lado, faz jus pleno ao "irradicar"...
E foi assim que o "fascismo" nasceu em Portugal. Actualmente anda ainda bem viçoso no discurso da Esquerda rompante que canta Zeca Afonso, para invectivar os herdeiros do regime que substituiu o tal "fassismo".
Porra! Que desgraça nos foi acontecer. Porque é que esta gente não emigrou toda para a Albânia ou a Roménia?
7 comentários:
assisti em 1949 a um comício na Voz do Operário onde tive oportunidade de ver o 'adesivo' Norton de Matos a cujo 'capítulo'pertenço no Gol.
à saída alguns comunas de punho erguido chamavam fascistas aos 'massagistas' da GNR
voltei a ouvir em Coimbra início de 50 e finalmente após o 25.iv
creio que foi uma autodefesa contra os ataques do Mrpp
havia uma avenida de barracas do parque de campismo para o estádio Pina Manique. salvo erro após o golpe das Caldas. assisti a um desfile do Mrpp onde se gritava 'abaixo os sociais-fascitas'
a maior parte dos indivíduos que escrevinham nos jornais adaptaram-se para comer todos os dias
na Flama havia o Neves de Sousa e um outro que deixaram descendentes. era gente importante
'roba da pazzi'
irradicar é bom, é um título perfeitamente actual
adorava assistir à entrada dos 'indignados' nos estúdios das Tvs que os promovem para uma sessão em directo dos mesmos e leitura do seu noticiário.
vi a cara de enterro do carvalho da tvi.
foi a forma mais original de encerrar as comemorações
verdadeira 'comédia da arte'
gosto de quando em vez ver a visão de Erico Verissimo sobre aspectos da vida americana no começo de 40.
na entrevista a Somerset Maugham a propósito de Camões diz-lhe o entrevistado que gostava´da política de Salazar
Temos é que os fazer emigrar todos para África.Porque os subversivos da altura cumprindo as ordens de Moscovo traíam o mais que podiam para "libertar" o Ultramar.Aberta a porta pelo golpe do 25 e pela mão do Soares, um ex,acabaram por descolonizar, com expulsões em massa e confiscos. Agora continuam a trair.Colonizando-nos com os já "libertos" em número colossal que depois dá o aumento colossal de impostos.E a necessidade de "obras" para dar emprego...
Actualmente continuamos com um império agora só cá dentro e com muita justiça social.Aliás uma razão porque ele está acrescer todos os dias(a maravilhosa constituição previu tudo, até o salvamento de ilegais) na razão inversa da pobreza dos contribuintes.Mas olha se alguém se atreve a dizer que os esquerdistas(toda a classe política) vão nus...isto é quem é que os autoriza a fazerem o "tudo e o seu contrário sem ninguém lhes cortar o pescoço...
O quadro que deixaria a comunada em êxtase:
Jerónimo de Sousa a sonhar com a revolução de 1917 mascarado de Lenine, Cunhal de Estaline e os “senhores do dinheiro” de família do Czar.
Atenção!! aos fascistas, do nosso lindo e amado Portugal a começar,por o Jornalistas,como José Rodrigues dos Santos,Judite de sousa e mais do mesmo na rtp.recusam-se a ver as desigualdades do NOSSO QUERIDO. PORTUGALNao fazem nada de construtivo vendem livros ,da pobreza ignoram.e são mal educados.
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