Em França, a percepção do fenómeno da corrupção não tem paralelo com o que nós temos como norma mediática e até de costumes.
Perante a emergência do caso Cahuzac, cuja essência lida com questões éticas que por cá são mato grosso, eventualmente pior que no Brasil, o que fizeram os franceses, a começar pelos media reputados como "de referência"? Assinalaram todas as questões que se envolvem nestes casos, mesmo as mais subtis mas relevantes para mostrar a raiz e base da corrupção que envolve figuras de "Estado". Por cá, tal coisa soa a surrealismo tipo dali.
A revista Le Nouvel Observateur desta semana é eloquente no elenco dessas razões que um cretino director de jornal de referência português não topa porque nem tem a noção educativa que a tal conduziria e por outro lado nunca o quereria fazer porque lhe estragaria irremediavelmente a vidinha confortável.
Temos por isso um problema específico, em Portugal: os media de referência não topam casos de corrupção como estes, nem se interessam demasiado em investigar seja o que for a esse propósito, ao contrário do que se faz na Europa civilizada. Qual a razão profunda de tal fenómeno? Não esperemos que um ISCTE, madrassa das esquerdas bem-pensantes o venha a estudar como deve ser, porque é daí, desse local mesmo que saem as larvas do bicho careta que corrói as demais instituições democráticas.
Não foi aí que um inenarrável cursou, durante quatro trimestres, um cursilho para possuir um
«Diploma de Pós-Graduação em Gestão de Empresas com a designação de
MBA», o que corresponde à parte curricular do mestrado em Gestão" ? Alguma vez tal instituição se deu ao cuidado de esclarecer que tal cursilho acelerado teve essa duração e não os dois anos proclamados e muito menos o valor de um verdadeiro "master business administration", como é uso nos MBA´s a sério e a valer?
Alguma vez os media, dirigidos por esses cretinos se deram ao cuidado de o sindicar e analisar quando tal questão se colocou?
Portanto, qual a razão profunda de tal condescendência corruptiva? Quanto a mim adianto uma explicação: a mediocridade contagia e topar excelência em lugares de onde a mesma se ausentou há muitos anos, será impossível. Por isso, os pares cooptam-se nas redacções e o ambiente geral reflecte o nível de cima que é demasiado baixo. E tem outro, porventura mais relevante: ganham bem onde estão, precisamente para fazer esse trabalho de sapa intelectual e portanto seriam duplamente estúpidos em levantar questões que aparentemente não existem. A RTP paga uma ninharia relativa aos cabeças falantes dos telejornais para escolherem as notícias que entendem mais convenientes e nunca as mais incómodas para o poder que está e arranjou um estratagema genial para os arreatar ao hábito: paga-lhes um suplemento que só subsiste enquanto dirigem a redacção das notícias. Se deixarem de redigir o que os cabeças falantes dizem, acaba-se-lhes a mama da teta gorda que lhes rende o triplo ou quádruplo do habitual e da tabela.
O caso Cahuzac é um assunto de dinheiro calado em contas secretas porque ganho de modo inconfessável em termos de ética corrente, em França.
Por cá, quantos casos bem pior que estes temos expostos ao público? Quase nenhuns e os que temos não envergonham os protagonistas que se sentem muito bem nessa segunda pele de beneficiários do Estado que corrompem e do beneplácito dos media corrompidos que os protegem.
Quantas vezes temos visto nas tv´s, até como comentadores recentes, pessoas que fizeram muito pior que isto que é assacado ao dr. Cahuzac?
Quantos advogados de firma renomeada não vemos nas tv´s, convidados por esses cretinos do jornalismo, e que beneficiaram directamente as firmas de que fazem parte com dinheiro do Estado que lograram obter em contratos legalmente admissíveis e eticamente intoleráveis?
Alguém ( para além do Correio da Manhã que muitos desprezam por não ser "jornal de referência") aprofundou o caso do director da ARS de Lisboa, num assunto muito parecido com este?
5 comentários:
É muito comevedor ver gajos de esquerda com muitos milhões, colocados a recato, a oferecer sem restrições de cor e género aquilo que não é deles e que o virá a ser pelos contribuintes.
Ora bem- está tudo domesticado e, ao contrário do qu se diz, não é por serem mal pagos- é por estarem amarrados por "cargos".
Infelizmente é assim nos jornais, no Poder e na micro-escala.
E o "ministério púbico" aqui tão perto...
fez ESCOLA o grito:
'fartar vilanagem'
com outro sentido escreveu Marcial nos epigramas
'o tipo é dos chupistas'
e ainda
'pede dinheiro o juiz e o advogado'
o grito começou em Alfarrobeira e caminhou para o resto do rectângulo
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