Expresso online:
O presidente do conselho de administração da Lusoponte, Joaquim Ferreira do Amaral, considerou hoje que as Parcerias Público-Privadas (PPP) "foram um desastre", porque deram a ideia falsa de que "não faltava dinheiro".
Na comissão parlamentar de inquérito às PPP, Ferreira do Amaral defendeu que "as PPP foram um desastre, porque deu a entender que tudo era possível, porque não faltava dinheiro".
"O maior problema é que, no auge das PPP, era difícil falar mal das PPP. Deus me livre falar contra as PPP", declarou, lembrando a satisfação das populações e dos autarcas com o avanço de projectos que eram impossíveis com investimento directo do Estado.
Já em Janeiro, quando foi ouvido na comissão de inquérito na condição de ex-ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral já se havia afirmado "um crítico muito grande" das PPP, defendendo uma "iniciativa legislativa para impedir este tipo de saída".
O antigo governante referiu então que, quando saiu do Governo, em 1995, não havia nenhuma PPP, considerando que este modelo de negócio é "uma tentação irresistível" e "mau para o Estado".
Quem ouve Ferreira do Amaral fica a julgar que o indivíduo nada tem a ver com isto e que por ele as PPP seriam outra coisa. Pois bem: um deputado do PS perguntou-lhe se sabia quanto foi o investimento inicial dos accionistas da Lusoponte na obra concessionada. Não sabia. Disse que eram muitos milhões. O deputado disse-lhe: cerca de 25 milhões e perguntou-se logo a seguir, retoricamente, se sabia quanto é que os mesmos investidores já tinham ganho em dez anos. Foi rápido nas contas: 100 milhões! E disse ao antigo ministro das obras públicas de Cavaco Silva que a essa gente saía um euromilhões todos os anos...
Ferreira do Amaral fez-se desentendido.