quinta-feira, abril 18, 2013

Este Governo não quer aprender...

Segundo notícias frescas da manhã de hoje, o Governo prepara-se para re-equalizar ( termo sonoro) a frequência das tabelas de vencimentos e regalias que se pagam aos funcionários públicos em geral, incluindo os chamados corpos especiais, distinção criada em finais dos anos oitenta pelo governo de Cavaco Silva.
Segundo se anuncia vai cair chumbo grosso, de caçadeira governamental,  sobre esses "privilegiados" em consequência do chumbo de escopeta do Constitucional.
Não seria de admirar, perante acontecimentos recentes, que se rasguem compromissos de décadas e se obliterem entendimentos comuns e contratualmente aceites.
Perante as dificuldades crescentes em obter dinheiro para  alimentar a máquina do Estado que come sem parar os recursos do erário público,  o Governo quer dominar esse monstro, dando-lhe bolachas feitas de austeridade.
Compreende-se o esforço, mas as notícias acrescentam algo mais e muito preocupante: nem todos vão ser atingidos pela cura de emagrecimento nos rendimentos usuais porque há reserva de caça nessa actividade venatória: os políticos e o pessoal das empresas públicas, mormente dirigentes, ficarão de fora, a ver a caravana passar enquanto os colectores de impostos recolhem o pecúlio para alimentar o monstro que criaram.

Perante esse panorama anunciado vai haver novamente chumbo de escopeta porque esta gente que governa nada quer aprender sobre equidade, igualdade ou conceitos semelhantes e que rimam com moralidade. A pouca-vergonha assume foros de escândalo se tal suceder.

Pior: segundo informações já antigas, "Um estudo recente do banco BPI, da autoria de Cristina Casalinho, a economista-chefe do Banco BPI, que está em trânsito para a direção do IGCP (agência da dívida pública), confirma o problema. Refere que o incremento de dívida pode chegar a 5,9 mil milhões), mas deixa claro que há mais 17 mil milhões de euros em “dívida de empresas públicas não financeiras não incluídas [no critério de Maastricht], não sustentáveis” por resolver. 
Segundo o mesmo estudo, este primeiro fluxo de endividamento a reconhecer virá de empresas como a CP, a EDIA (que explora a barragem do Alqueva), a Carris, os hospitais EPE e de “encargos associados a concessões em curso” no sector rodoviário. Neste último caso, o problema terá a ver com as estimativas de tráfego que foram feitas exageradamente por cima."

Ora sendo assim como é, aqueles que engordaram o monstro não querem começar por serem eles próprios a fazer a cura de emagrecimento. Não querem e não se pode esperar que o venham a fazer, sem a tal serem obrigados, pelo Constitucional ou pela rua ou por outra coisa qualquer como a tal troika.
Seria bom que os comentadores em uníssono, mesmo os tudólogos de serviço, colocassem a sílaba tónica das habituais inanidades que debitam, na denúncia desse fenómeno agora bem visível:
Este Governo não quer moralizar coisa alguma porque disso não gasta. E não deixa que comam todos, o que revela um contra-senso. Guarda para si e para os apaniguados habituais, autores directos de descalabro,  a melhor ração e tal vai tornar-se intolerável porque todos vão perceber a iniquidade.
Vai ser por isso que vai cair e é pena, para além de se prenunciar uma desgraça porque a instabilidade política, agora, é só fonte de problemas maiores que os que temos.

Questuber! Mais um escândalo!