Em 1977, tal como garantia a edição de 1 de Abril desse ano de O Jornal, o mesmo Jorge Miranda tecia um panegírico indecoroso a essa Constituição que tal sufragava como princípio orientador e até sentia uma certa chieira no feito...porque a Constituição para ele "era a interpretação autêntica do projecto do 25 de Abril".
Não sei bem quem terá sido o autor de tal projecto, mas parece-me que o garboso militar Vasco Lourenço pode muito bem ser um dos seus artífices, a par do "imbecil " Melo Antunes ( VPV dixit e subscrevo) o que diz muito da obra, do projecto e da categoria intelectual de quem os apoiou.
Porém, não é nada de admirar. Em 2 de Abril de 1976, o mesmo O Jornal dava honras de página ao acontecimento da inauguração da Constituição que garantia a tal caminhada para a sociedade sem classes. E era tudo unanimidades...
Em 3 de Abril de 1980, o panorama, depois da primeira bancarrota e alegremente a caminho da segunda, com a "sociedade sem classes" por horizonte, as "forças vivas" davam vivas à cristina outra vez.
E o que pensava disto tudo Marcello Caetano, em 1978?
Torna-se evidente que há aqui um fosso epistemológico. Os primeiros são os padrinhos genuínos da nossa decadência como país, das três bancarrotas e do estado geral em que o país se encontra novamente, ao fim de 40 anos de promessas de socialismo.
Marcello Caetano previu tudo. Por isso mesmo é que ninguém lhe dá importância e se estas obras que o mesmo escreveu são ainda publicadas em nichos universitários, a verdade é que o mainstream dos media não lhe dá qualquer atenção e até o despreza como "fascista".
De quem a responsabilidade de tal estado de coisas? Daqueloutros que tendo arranjado a vidinha pessoal e dos seus, durante os últimos 40 anos, arruinaram a de milhares ou milhões...adoptando a linguagem bastarda de quem a infiltrou no léxico corrente.