domingo, novembro 27, 2016

Fidel? Não tenho pachorra...



Sobre a morte de Fidel Castro, Jerónimo de Sousa do PCP disse em nome dos "camaradas portugueses" que o Comité Central sentia um "profundo pesar". O cripto-líder Arménio Carlos disse mais: "foi o líder histórico de uma revolução que prossegue um caminho próprio".

Catarina Martins do BE afinou pelo mesmo diapasão: "Um grande homem  da revolução cubana, uma revolução vitoriosa"

Os socialistas não saíram do seu registo e pela voz do governante Santos Silva disseram que "é uma personalidade histórica de Cuba cuja morte devemos lamentar".

José Manuel Fernandes colocou os pontos nos iii, sem mastigar frases de circunstância:

 "Há muito que Fidel Castro não era uma figura deste tempo. Não por estar doente e afastado do poder, que passara ao irmão, mas por representar uma utopia há muito desacreditada, a utopia marxista-leninista, e a mais trágica das ilusões do século passado, a ilusão comunista."
 (...)
  "Esta duplicidade moral da esquerda pode ser ilustrada com uma provocação simples, mas verdadeira: o regime de Castro matou muito mais opositores do que o regime de Pinochet; Castro, ao contrário de Pinochet, nunca permitiu uma consulta livre sobre o seu destino político, nem abandonou o poder respeitando a vontade popular; Castro encontrou uma Cuba corrupta mas economicamente dinâmica e deixa-a empobrecida e corrompida pelos mesmos males que vituperou, como prostituição, enquanto Pinochet recuperou a economia chilena, ainda hoje a mais dinâmica de toda a América Latina. Castro não deveria por tudo isso merecer mais condescendência do que a tolerância zero que justamente dedicamos à ditadura chilena."

Cuba não é exemplo de nada para ninguém, mas os mitos continuam a alimentar essa esquerda fóssil.

Aquela ilusão comunista ainda hoje é defendida e partilhada pelo PCP, pelo BE e amplamente ajudada pelo PS que apesar de a não defender continua a partilhar o cama com aqueles fósseis.
Isto é a nossa tragédia nacional que se representa há cerca de 40 anos no palco social e político. Agora já é uma farsa, mas com virtualidades de se tornar outra vez tragédia, se o permitissem as circunstâncias e o tempo.

De todos os escritos que hoje li sobre o assunto o que mais me enoja é o do Público. Pela pena de um tal Fernando Sousa o branqueamento de Fidel Castro é de tal ordem que até suja o papel. O máximo que chega na História negra desse tipo particular de comunismo é aos anos 2000 e aos casos mediáticos das prisões de dissidentes.

O resto é hagiografia pura e com uma tónica comum que é dada pelo comunista Domingos Lopes, assim:


Imagino o que seria o jornal se o obituário a fazer fosse o de Salazar. 

Questuber! Mais um escândalo!