"É celebrado este ano o centenário de uma pessoa de que hoje ninguém se lembra e que ninguém lê, Mário Dionísio. Foi um mau poeta, um mau romancista, um mau pintor de fim-de-semana e, principalmente, um mau crítico. Mas no cume do antifascismo, logo a seguir à guerra, foi também o “controleiro” do PC para o “sector intelectual”. Quando Cunhal, já preso, exigiu aos pobres literatos portugueses o estrito acatamento do “realismo socialista” de Jdanov, Mário Dionísio saiu do partido, mas ficou até ao fim da vida um “simpatizante” convicto. Conheci muito bem o indivíduo. Primeiro, como professor de literatura portuguesa no Colégio Moderno de João Soares (avô) e, depois, porque os meus pais, igualmente devotos da seita, eram amigos dele."
Este artigo vitriólico e ajustado ao tempo do tal Dionísio contrasta com o perfil que a Wikipedia lhe traça, no qual nem uma vez aparece a menção a PCP...o que é curioso para quem foi um comunista de gema. É por isso bem vindo o artigo de VPV para mostrar outra verdade escondida, na alheira da Wiki.
Andei à procura nos catálogos que tenho, antigos, da editora do tal Dionísio e descobri que era na Europa-América.
Nada de especial, de facto, a não ser o tratamento ditirâmbico que lhe era dado, em 1971, no referido catálogo.
Mário Dionísio era ainda conhecido do suplemento Quinta-Feira à Tarde, no Diário Popular, como mostra este de 21 de Fevereiro de 1974.
Contrastando com este perfil exposto havia outro indivíduo dado às letras e que aparece também no Jornal de Letras que menciono no postal abaixo: Adolfo Simões Muller, da mesma época ( este nascido em 1909, aquele em 1916) cujo perfil na Wiki é mais generoso em termos de obra e merece maior atenção. Simões Muller era autor de algumas obras de divulgação de "clássicos" que a editora Livraria Tavares Martins publicava para os jovens do meu tempo. A blblioteca itinerante da Calouste Gulbenkian, na sua carrinha Citroën que passava mensalmente e parava perto da escola primária, encarregava-se de os publicitar e emprestar para ler. Para dizer a verdade nunca foram lá do meu agrado as adaptações dos clássicos, como a dos Lusíadas, da Peregrinação ou das Viagens de Gulliver.
Melhor que isso era o trabalho nas revistas antigas, com destaque para o Cavaleiro Andante que não é do meu tempo, na medida em que teve expressão máxima nos anos cinquenta do século que passou, mas deixou as raízes para o Tintin que veio logo a seguir, em Junho de 1968.
Por isso fica a entrevista do indivíduo que foi responsável pela publicação em Portugal, na revista O Papagaio, da obra de Hergé que conheceu através do padre Abel Varzim que estudara em Lovaina e conhecera pessoalmente Hergé.
E por falar nisso aqui fica a história resumida em duas páginas daquele jornal de Letras, de 16.3.1987 da BD em Portugal, onde se menciona O Papagaio, O Mosquito, O Diabrete e o Cavaleiro Andante. Tudo do tempo de Salazar, altura em que o tal Mário Dionísio defendia o modelo da União Soviética como o melhor para o nosso país.
Lá, porém, não havia banda desenhada de Hergé ou de americanos, franceses ou belgas. Havia Censura. Que eles mesmos achavam uma coisa horrível, por cá...
Estes indivíduos regulavam bem cachimónia?!
2 comentários:
Müller tornou-se meu conhecido
no Mosquito,
no Diabrete
escrevia no DN no tempo do Stuart
o dionisio-baco metia nojo aos câes
protegido do padre soares
a europa-america tinha muito estalinista disfarçado de 'democrata'
Enviar um comentário