quarta-feira, junho 21, 2017

EN236 e IC8: mais questões para a oligarquia que governa esclarecer...

O CM e o Público de hoje ajudam a compreender um pouco melhor o que poderá ter ocorrido, mas ainda há várias pontas soltas.

Primeiro o CM com os nomes das vítimas, os rostos e o local onde pereceram:

47 pessoas morreram num espaço curto de algumas centenas de metros, na EN236,  na altura totalmente obscurecida pelo fumo e aquecida pelo fogo.
A memórias destas 47 pessoas grita por nós para que se saiba como foram, cada uma delas,  parar ao local fatídico e a que horas foram. São esses os elementos mais relevantes para se descobrir o que sucedeu.

Para se conhecer a cronologia dos acontecimentos temos o Público, duas páginas:


O incêndio foi notado e reportado às 14:43 em Escalos de Fundeiros e os bombeiros  voluntários de Pedrógão foram acorrer. Terão sido cerca de cem bombeiros. Primeira questão: perante as condições atmosféricas locais, conhecidas das autoridades respectivas ( Protecção Civil, naturalmente) com ventos fortes, temperaturas altíssimas e anúncio de trovoadas secas, com relâmpagos perigosíssimos para a floresta prenhe de material ignífero, nessa conjugação de factores, o que fez a Protecção Civil, sabendo que o local é perigosíssimo para várias populações, se começar a lavrar um incêndio nessas circunstâncias?

Parece que cerca das 16:30 haveria uma centena de bombeiros e um helicóptero a combater o incêndio que se propagou de modo incontrolável  para outros locais, mediante fenómenos atmosféricos conjugados com a ventania ( que se viu ontem nas tv´s, filmada naquele dia) e a hipótese mais que provável de acontecer o que aconteceu, ou seja, um incêndio gigantesco e de proporções dantescas.  Como é que a Protecção Civil, nestas circunstâncias concretas procurou proteger as populações? Nessa altura  ( uma ou duas horas depois) parece que ainda haveria comunicações e por isso impunha-se agir para evitar um potencial desastre e uma tragédia inédita como aconteceu. O que fez a Protecção Civil para tal?  Tomou conhecimento daquilo que os meios aéreos podiam ver do ar, mormente a direcção do incêndio e mudanças inopinadas por causa dos ventos?
Parece que às 18:30 enviou mais 50 bombeiros para o local e 3 meios aéreos.

Alguém dos helicópteros em acção avisou alguma coisa a tempo de proteger as pessoas que morreram ou já teriam morrido por essa hora? E porque não houve avisos desses, entre as 16:30 e as 19:00 ou mesmo depois disso porque se sabe que houve pessoas que tomaram a EN236 depois do corte do IC8 às 19:00?

Às 19:00 o IC8 foi cortado ao trânsito e a GNR esteve no local do corte a monitorizar o que se passava. Que informação houve e de quem susceptível de determinar e quem é que determinou tal corte do IC8 sem ponderar o corte de outras vias que poderiam ser avistadas, mesmo com fumo ( e por causa disso, até) pelos meios aéreos ( e portanto sem recorrer a Googles e coisas desse género que suponho a Protecção Civil terá...)?

Assim a questão obrigatória a colocar quanto aos 47 mortos na EN236 é simples: relativamente a cada um deles, de onde vieram, que caminho tomaram e a que horas? A que hora aproximada terão sido colhidos pelo fogo inopinado, na EN236, numa faixa de algumas centenas de metros, em linha recta?

Por exemplo, conta o CM que um dos sobreviventes - Eduardo Augusto, engenheiro reformado da EDP- estava em casa com mais oito pessoas, na localidade de Várzea. Quatro fugiram em carros e foram apanhados na EN236. Neste caso não chegaram sequer a ir até ao IC8 ( basta olhar para o mapa) e portanto estas mortes nada têm a ver com a actuação da GNR. Porém, conta o mesmo engenheiro reformado que a mesa estava posta para o jantar e foi cerca das 20:00 de Sábado que as chamas alastraram e alarmaram os que fugiram para a morte.
Logo, ninguém avisou ou cortou vias de acesso à EN236 ou a outras entre as 14.43 e as 20:00.

A Protecção Civil que fez durante essas horas a esse respeito e perante aquelas circunstâncias?

É insuportável, a resposta...

Parece que o MºPº da zona Centro ( dirigido por Euclides Dâmaso) quer saber rapidamente o que sucedeu. Pois bem: perguntem em primeiro lugar aos pilotos dos meios aéreos o que viram entre as 16:00 e as 20:00...e terão parte da resposta.  Obviamente acho que não o vão fazer. Sei porque acho que sei e é pena.

A Sábado, saída hoje também acrescenta um ponto, ao percurso da EN236, o km 7 e relato de pessoas que aí entraram depois de lhes ter sido barrada a passagem pelo IC8, ou seja, depois das 19:00: "muitas viriam da praia fluvial das Rocas, em Castanheira de Pera, tentando chegar ao IC8, a principal via rodoviária num raio largo de quilómetros. `Fugíamos do fogo. Quando chegamos ao IC8a GNR não nos deixou entrar, mandou-nos seguir em frente. Só se via lume e pinheiros a cair para o chão`.



Praia das Rocas, em Castanheira de Pera? Chegar ao IC8 e ser desviado para a EN236? Mas em que troço? É que há a EN236 e a EN236-1.

Ora veja-se o Google Earth.



Enfim, informação não comprovada, desencontrada, imprecisa. Desinformação, afinal.

Questuber! Mais um escândalo!