O Público de hoje esgaravata um pouco mais na floresta de enganos que está a arder. Também o Público, neste incêndio mediático tem falta de meios.
A jornalista Liliana Valente lá desencantou uns factos como muito interesse e que ficam a meio da investigação. Colocou em notícia os nomes dos responsáveis pela Protecção Civil para descobrir que o de Leiria tinha sido nomeado há pouco tempo, é advogado ( ligado ao PS, de Alcobaça) e não percebe muito dessa poda. Aparentemente, nas horas mais críticas de Sábado, 17 de Junho, andou aos papéis, literalmente. Diz que foi ele quem pediu os primeiros meios para o incêndio. Disseram-lhe como estava o tempo no local, as condições "excepcionais" que agora falam ou teve sequer a noção do que dizia o IPMA? Não se sabe, o Público não conseguiu saber. Aliás, o advogado do PS terá logo largado a pasta que passou para o 2º comandante nacional que parece ter um currículo imbatível ( dois ou mais cursilhos de incêndios e "mecanismos comunitários de protecção civil"). Os bombeiros locais não conheciam o indivíduo e este não conhecia a zona. O comandante nacional do CONAC ( o operacional) esteve sempre em Carnaxide a comandar à distância. O Público quis saber quem mandava e a que horas "mas até ao fecho da edição não obteve resposta". Pudera!
Num apontamento sobre cronologia das mortes ocorridas lá avançou um pouco mais alvitrando dados que apontam para que as mortes na EN236-1 tenham ocorrido por volta das 21:30. Duvido muito, porque houve mortes ocorridas nas aldeias ( 20:26 em Nodeirinho, por exemplo) e algumas pessoas que morreram na EN236-1 fugiam dessas aldeias. Logo poderá ter sido antes dessa hora que tudo ocorreu.
Por outro lado, se a IC8 foi cortada muito tempo antes e algumas pessoas foram "desviadas" para a EN236-1, num sentido ou noutro ( Figueiró dos Vinhos ou Castanheira de Pera) os momentos fatais para elas ocorreram pouco depois das 19:00 ou pouco antes das 20:00. Torna-se mister ouvir pessoas que já prestaram declarações aos media e contaram o que viram na EN236-1, com os carros já queimados ou em vias de o serem. Foi esse o período mais crítico e em que terão ocorrido as mortes. Portanto, o caso do SIRESP e das comunicações interrompidas ainda carece de outra explicação que não vi ainda ser apresentada pela investigação jornalística: se o SIRESP falhou comunicações que alternativas de comunicação concreta e no momento tinham os que mandavam, mormente o residente em Carnaxide? E que fizeram?
Depois no espaço de opinião, o Público traz uma explicação prosaica para alguns dos acontecimentos, recorrendo a uma velhíssima história que nos remete para o velhissimo jacobinismo que manieta responsáveis acéfalos: as leis que impedem o senso comum de funcionar porque foram gizadas fora da órbita do bom senso.
De quem depende a ANPC? Do Governo. De quem depende a estrura dos bombeiros? Do Governo. De quem dependa a eficácia e operacionalidade do SIRESP? Do Governo. De quem depende a GNR? Do Governo.
O que é que o Governo tem a ver com a tragédia e os 64 mortos? Aparentemente pouco ou nada...
Mas a tragédia não teve repercussão na popularidade do governo. Segundo o
i soube, os resultados dos primeiros “focus group” realizados revelam
os portugueses estão a compreender a posição do primeiro-ministro e não o
culpam pela falhas do Estado que redundaram em 64 mortos.
Até se dão ao luxo de encomendar e pagar um estudo relâmpago sobre a popularidade em tempo de cólera. Somos uma cambada de quê, enquanto portugueses?
Abúlicos? Não totalmente porque no concerto em que Salvador se largou, na Terça-Feira, as pessoas colaboraram (até eu marquei o 760200200).
No entanto parece que o Governo, mesmo que se largue em peidos ( e tem dado muitos e muitos) parece que tem sempre aplausos...e o fenómeno será o mesmo que aconteceu ao Salvador: o estado de graça que dura tempo demais porque as pessoas não querem saber de desgraças para além das naturais.