Nem de propósito, à hora de almoço, pouco tempo antes de colocar o postal que antecede, enebriado pela convicção de que se tratava de um scoop, comprei uma revista francesa no quiosque, com o título Papiers. E um dos temas: O verdadeiro, o falso e o quase-verdadeiro.
Se tivesse lido o artigo talvez pensasse duas vezes antes de publicar o postal. Assim, inês é morta.
Mas vale a pena reflectir sobre os perigos da precipitação de raciocínio, o erro e a falsidade inerente a conjecturas falsas. É isso aliás que nos ensina melhor o livro de Umberto Eco, O Nome da Rosa. É preciso muito cuidado com a aparência da verdade porque por vezes anda ao lado da mentira, ou até tende a sobrepor-se-lhe.
Nestes casos de investigação de factos e realidades é preciso atender aos pormenores e conjugar todos os factores plausíveis e possíveis e mesmo assim propícios ao erro. Só um grande exercício de humildade pode ultrapassar essa tentação.
A internet ao mesmo tempo que nos dá uma quantidade fabulosa de informação traz-nos também uma carrada de desinformação e erro. E é preciso mesmo bastante atenção para não cairmos na ilusão do real, afinal decepcionante e desvirtuado.
No artigo aparece um dos intervenientes- Gérald Bonner a dizer, citando dois psicólogos que somos "avaros cognitivos" ou seja tendemos a procurar uma forma de conforto relativamente à verdade que procuramos transmitir de modo a coincidir com a representação que fazemos daquilo que será a procura de informação. E pela conquista da atenção de quem lê.
Aqui não procuro tal coisa, mas não estou alheio a tentar comunicar o que me impressiona, como um modo de conforto relativamente à verdade.
Há por isso um perigo em quem leia o que aqui se escreve. Estejam atentos! Não acreditem em tudo e questionem tudo. Procurarei fazer o mesmo porque sou o principal interessado nesse "conforto".