Depois de tudo o que se passou, há equipas que ainda estão no terreno e não estão a utilizar o SIRESP — Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal. O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, afirma ao Observador que é “assustador e anormal, mas neste momento há bombeiros, como algumas equipas de sapadores de Lisboa, que estão no terreno e que estão sem SIRESP, porque ele não funciona.”
Fernando Curto considera “preocupante” esta situação porque é esta rede que garante que “todos os agentes estão em comunicação“. E volta a apontar para a influência que a falha do SIRESP pode ter tido na morte de 47 pessoas na EN-236, a chamada “estrada da morte“. Para o presidente da ANBP, o comando teria informação de que a estrada “estava no perímetro do incêndio” e não terá conseguido comunicar com quem estava no terreno (GNR e bombeiros) para tentarem evitar que as pessoas fossem para ali encaminhadas.
O presidente da ANBP diz que o SIRESP “sempre falhou” e garante, por exemplo, que “em Vila Nova de Gaia não funciona o SIRESP”. Fernando Curto não quer fazer previsões. “Não vou dizer que se não houvesse falhas no SIRESP, não havia mortes naquela estrada. Mas se pessoas foram encaminhadas para uma estrada supostamente segura, que era perigosa, é porque houve falhas de comunicação“, acrescentou.
Quanto às redes redundantes, Fernando Curto diz que não substituem o SIRESP, que considera “imprescindível para a comunicação entre as várias entidades”.
***
Comentário: o SIRESP pode não ter funcionado, mas havia outros meios de comunicação imediata. A brigada de trânsito da GNR que estava no IC8 não precisava do SIRESP para saber do perigo que era a EN236.