O antigo Conselheiro de Estado, Dias Loureiro, não tem bens em seu nome que permitam um possível arresto dos mesmos no âmbito das investigações das autoridades ao caso Banco Português de Negócios (BPN).
A notícia é avançada na edição de hoje do Correio da Manhã com o diário a adiantar que sabe que o ex-administrador da SLN – e braço-direito de Oliveira e Costa no banco – escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado minuciosamente o seu património.
Segundo o jornal, os imóveis de Dias Loureiro estão registados em nome de familiares ou pertencem a sociedades sedeadas em paraísos fiscais.
As contas bancárias que tem em seu nome, por outro lado, possuem saldos médios que não ultrapassam os cinco mil euros.
Sempre suspeitei de Dias Loureiro como sendo personagem de ficção. A realidade, porém, é ainda mais estranha: afinal o poderoso, revela-se modesto; o ricalhaço é de facto um pobre; o espírito devorista, tantas vezes atribuido, traveste no fim de contas, um ente de generosidade insuspeita e desprendimento material assinalável.
Dias Loureiro é a prova acabada de que as aparências bem iludem. Na política, afinal, o que parece não é e a modéstia requintada assume foros inauditos.
Afinal, o rico nunca foi ele: sê-lo-ão os familiares e amigos, quando muito e mesmo assim, a carecer de ónus de prova que infirme as regras de Direito registral.
Dias Loureiro prova, afinal, um altruísmo de monge, na demonstração de que tudo o que teria, afinal, pertencer a outrém.
A contradição adensada no jornal , sobre "os imóveis de Dias Loureiro", afinal é um eufemismo do desprendimento franciscano. Serão de outrém, não se conhecendo de quem, na boa tradição de cristã de não alardear caridade.
Ainda que continuem a ser vistos da sua esfera de poder, estão-lhe desprendidos dos pertences, como as créditos pendentes das execuções vazias...
Os dinheiros e contas bancárias de Dias Loureiro, afinal, são outra miragem: não existem e as que existem são de pobretanas que nem dão para mandar cantar um cego de esquina.
Dias Loureiro, afinal, é mais pobre que um pobre francicano. O disfarce de rico, serve-lhe apenas para reforçar o valor da virtude, porque a sua mão esquerda nem imagina o que a direita faz, na melhor tradição cristã da pobreza, humildade e temperança.
Modéstia aparte, agora que se conhece o valor da virtude, deve reconhecer-se-lhe o valor de exemplo.
Dias Loureiro, afinal, é um modelo de cidadão português e a gente só agora o descobre, na sua verdadeira vertente...
ADITAMENTO, em 9.6.09:
Ora bolas! Dias Loureiro desmentiu a sua condição, ao saber da notícia ( originalmente do Correio da Manhã). Disse agora que esta "é a coisa mais grave que sobre ele disseram", desde que dura o processo BPN.
Portanto, Dias Loureiro será DL, o nome de uma empresa que é a detentora dos bens- imóveis, é bom que se diga, porque os móveis tipo contas em dinheiro, esses, continuam...cá dentro. "Não tenho nada fora", esclareceu DL. Ou seja, Dias Loureiro. E não terá, porque a palavra de Dias Loureiro vale a honra de quem a profere.
Mas ainda assim, continua a ser muito difícil de lhe desfazer a aura de virtude. A empresa DL não se confunde com o nome Dias Loureiro e como é uma empresa por quotas, da qual este detém menos de metade, a verdade é apenas que Dias Loureiro é proprietário de uma quota na DL. Os bens, esses, são mesmo da DL...
Portanto, Dias Loureiro tem a condição de sócio de DL. Minoritário. Sem poder. Sem bens. Pobre, portanto.
Não se entende muito bem, por isso, o desmentido.