Ana Gomes, no i, é notícia por "defender a intervenção de Cavaco e demissão do PGR e Cândida de Almeida", divergindo assim da linha oficial do PS.
Mas que não haja enganos: o que Ana Gomes defende não é um retorno salutar do MP ao carreiro da autonomia e independência dos seus magistrados nos termos da lei de processo.
O que Ana Gomes pretende é que se "vá ao fundo do caso Freeport, porque se foi tudo uma montagem, temos de saber quem é que está por detrás da montagem".
E para tal, "é inacreditável que um processo que envolve o primeiro-ministro não tenha sido acompanhado ao mais alto nível, tenha demorado tanto tempo e não se tenham feito as diligências básicas".
Duvido muito que Ana Gomes saiba o que são as tais "diligências básicas" e se as mesmas compreendem buscas e diligências similares na sede do seu partido, e na casa de responsáveis pelas contas do seu partido, atentas as suspeitas levantadas, não na famigerada carta anónima, mas pelas autoridades inglesas.
E até pergunta "porque não se fizeram?"
Estou certo que se se tivessem feito, seria a própria Ana Gomes a tomar o freio nos dentes, como de costume e assentar armas e bagagens no largo do Rato, em reuniões de emergência para lutar e suster a ofensiva contra o partido e acabar com mais uma cabala contra um partido inerme.
Ana Gomes pretende "reformular a justiça" segundo diz, mas tenho a certeza que aquilo que verdadeiramente pretende é apenas condicioná-la totalmente, à semelhança do Estado Novo e a favor dos seus e do seu clube restrito que abrange um putativo primeiro-ministro em potência que foi e voltou a ser acusado publicamente de actos vergonhosos. E nunca conseguiu que os difamadores fossem condenados por isso.