sexta-feira, setembro 13, 2013

O antifassismo mirim

João César das Neves, um economista de escola, publicou no outro dia um pequeno texto no Diário de Notícias  que começa assim:
Nos anos 1960, Portugal era um país pacato e trabalhador, poupado e prudente, que se sacrificava generosamente, labutando dia e noite para cumprir os deveres. Frequentemente emigrava e procurava vida melhor noutras terras. E os patrões, franceses ou alemães, suíços ou americanos, gostavam dele, por ser pacato e trabalhador, poupado e prudente. Havia quem abusasse da sua dedicação, e ele sabia-o. Sentia-se enganado, mas apesar disso trabalhava com afinco.
Um dia, Portugal recebeu uma boa notícia da terra. Aqueles que abusavam dele tinham sido afastados. A opressão acabara e ele podia regressar, para viver rico e feliz na sua própria casa. E Portugal voltou, porque já não seria preciso ser pacato e trabalhador, poupado e prudente. Era um país democrático, livre, independente. A nova geração iria viver como os patrões franceses e alemães. E Portugal gastou. Criou autarquias e dinamização cultural, comprou frigoríficos e televisões, fez planeamento económico, exigiu escolas e hospitais.
Só que a euforia da liberdade política criou um problema de endividamento. Quatro anos após regressar, Portugal estava falido, com o FMI à porta, exigindo pagamento. O choque foi grande. Portugal compreendeu que, afinal, não era como os patrões europeus. Estava tão desgraçado como os mexicanos, os argentinos, os gregos e outros países da dívida. O buraco era enorme. Não havia solução. ( continua, no original)

Só por causa do articulista ter escrito que o Portugal dos 60 era um país pacato e trabalhador, saltaram-lhe às canelas os escuteiros mirins do antifassismo militante, sempre atentos e de patas na terra, como o cão raivoso da canção de outro escuteiro mirim.
Tal como na lenda da historiera em quadradinhos da Disney, os escuteiros mirins pertencem a um país fictício, onde os factos não contam em contexto- só a ideologia. As estatísticas dos escuteiros mirins são marteladas para darem o resultado previsto, naquilo que tendes visto: muitas revoluções embargadas, mas não por vontade própria, porque a  luta continua...pois é deles a sua história e o povo saiu à rua.
Estes mirins da fantasia cripto comunista, travestida agora de democracia apressada para um socialismo utópico sem saída alguma visível no senso comum, insistem nas mesmas ideias para os mesmos objectivos e com os mesmos propósitos: abater o que chamam "burguesia". Não esqueceram nada, nada aprenderam e tudo pretendem voltar a repetir e até já ameaçam, num delírio tremens de ideias feitas.

Um desiludido desta fantasia mirim, Fernando Dacosta, in illo tempore jornalista de O Jornal, conta a este propósito, umas histórias dignas de serem lidas, no O Diabo desta semana.
Aos mirins, huguinhos oliveiras, zezinhos lavos e luisinhos coisos, com umas lélés pelo meio, trata o Dacosta assim:

"Acho muita graça ver aí pessoas com grande projecção que viveram e nasceram depois do 25 de Abril a contar como era a vida antes. Eu rio-me!"
De facto, às vezes é de rir, com estas aventuras dos mirins contadas por quem não conhece o que se passou a quem não faz ideia do que foi. E seguem sempre o Manual. Fictício, claro, porque são sobrinhos do Pato Donald que lhes paga as contas e lhes arranja empregos. Até na tv. 


Questuber! Mais um escândalo!