Público:
Quando em Julho foi para o Governo ocupar a pasta de ministro dos
Negócios Estrangeiros, Rui Machete teve de deixar as funções que
desempenhava, há vários anos, em 30 organismos, onde se destacavam três
grupos bancários, mas também outras sociedades, fundações, comissões,
para além do escritório de advocacia PLMJ, onde era consultor, conforme
comunicou a semana passada ao Tribunal Constitucional (TC). Em 2008, por
exemplo, Machete sentou-se em órgãos sociais não-executivos da CGD, do
BCP e do BPI, cargos que acumulava com a presidência do Conselho
Superior da SLN (apenas consultivo), a holding que controlava o BPN, e a vice-presidência do conselho consultivo do BPP.
Na declaração de rendimentos entregue ao TC, a 18 de Setembro, o
advogado e ex-presidente da Fundação Luso-Americana indicou que, a 23 de
Julho deste ano (quando entrou para o Governo), deixara de estar ligado
a 17 sociedades onde exercia cargos sociais não-executivos. Também
abandonava, por exemplo, três fundações, Millennium/BCP, Mário Soares e
Oliveira Martins, assim como a actividade de docente em duas faculdades,
Universidade Católica Portuguesa e Lusófona, e as comissões de revisão
do Procedimento Administrativo e da Luta Contra a Sida e o Banco
Alimentar Contra a Fome. Nalgumas destas instituições, esteve a
colaborar sem intuitos lucrativos e na sua qualidade de cidadão. Na
informação enviada ao TC, o ministro não faz menção à ligação à FLAD,
que liderou entre 1988 e 2010, por já lá não estar quando foi para o
Governo.
Rui Machete reportou também que até Julho esteve ligado, sem funções
executivas, mas em lugares de relevância em termos da governação, a
várias empresas como a EDP Renováveis (presidente da mesa da assembleia
geral), a Lusenerg (presidente do CA) e uma sua subsidiária, a Generg
(presidente da mesa da assembleia geral e presidente da comissão de
fixação de remunerações). O governante esteve ligado ainda ao Taguspark,
onde presidiu ao conselho fiscal, e para onde entrou em 1992, e à Saer
(Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco).
A sua actividade profissional na década passada ficou marcada pela
presença em várias instituições da esfera financeira, como a Companhia
Portuguesa de Rating, a Sociedade Gestora de Fundos de Pensões ou as
seguradoras do grupo BCP (Seguros e Pensões Gere, Ocidental Vida e
Não-Vida, BCP Fortis, Médis, BCP AGEAS Seguros). No caso da banca, Rui
Machete exerceu cargos sociais na CGD (público), no BCP e no BPI. Num
determinado período, o social-democrata acumulou mesmo funções em cinco
bancos. Entre Abril de 2005 e Julho deste ano, presidiu à mesa da
assembleia geral do BPI, em 2008, esteve à frente do conselho fiscal do
BCPI e foi administrador do romeno Banca Millennium (grupo BCP). Nesse
ano, na CGD Machete detinha a vice-presidência da assembleia geral. Mas
no início de 2009 [dados que não constam do reporte ao TC por já lá não
exercer funções] o ministro ocupava cargos em mais dois grupos
bancários, a SLN (BPN) e o BPP, ambos alvo de intervenções estatais,
após se terem detectado graves ilicitudes.
De todas estas corporações, avulta uma pequena firma de exportação de... frutas - isto se a lista abaixo indicada for verdadeira, porque pode ser apócrifa e a carecer de confirmação.
A Portfruit-Sociedade Portuguesa de exportação de frutas, Lda, seria uma sociedade por quotas cujo sócio-gerente era...Rui Machete. Na Rede não há qualquer referência à sociedade pelo que sendo verídica a informação só pode tratar-se de uma micro-empresa exportadora. A curiosidade, porém, mantém-se. Não haverá ninguém que a posssa satisfazer, nos jornais, de preferência?