O Correio da Manhã de hoje publica duas páginas a propósito dos rendimentos dos políticos, declarados ao TC.
O de Rui Machete é uma pequena surpresa. Machete não tem rendimentos que façam jus ao que tem sido durante estes anos todos de actividade profissional e política. Jovens turcos, tipo, sei lá, um Relvas ou um Vara, têm rendimentos muito superiores. Qualquer político que se preze tem no banco, a render a prazo várias centenas de milhar de euros. Machete tem um pouco mais de 500 mil euros. Uma ninharia. Sei lá se um Marco António não terá mais que Machete...sendo certo que um Proença de Carvalho guardará um pecúlio que deve triplicar tal valor, por baixo. Fraca prestação de Machete. Francamente!
Enfim, aqui vai a conta do Correio da Manhã:
Portanto, pouco mais de 11 mil euros por mês, ilíquidos de impostos. Pouco. Pouco para quem tem cargos esparsos em sociedades de luxo e de bloco central, tipo estas:
Machete é do bloco central desde os primórdios dos anos oitenta. Em 16 de Novembro de 1984 O Jornal mostrava-o muito preocupado com o Bloco Central em desagregação acelerada. Enquanto ministro da Justiça e primeiro vice-presidente do PSD, Machete, até então ( ao 25 de Abril) um mero professor universitário, estava imerso na política activa do bloco central dos interesses todos instalados. Durante as décadas seguintes, Machete nunca se distanciou desse bloco de esquerda e direita confundidas. Aliás, em meados da década de setenta, quando o PCP queria chegar ao poder político, Machete assegurava ( em entrevista que já coloquei por aqui) que o socialismo era uma questão de método e portanto estava preparadíssimo para tal eventualidade. O socialismo real, entenda-se. Chegou agora outra vez a ministro e prepara-se para passar entre os pingos da chuva do BPN, abrigadinho mais uma vez no guarda-chuva do poder que está.
Machete deve ter uma fotografia destas em casa, bem emoldurada para mostrar aos descendentes, porque em 1985 estava nos Jerónimos a assinar em nome dos portugueses um acto solene de importância fundamental na nossa vida presente:
Sempre que vejo Machete lembro-me de um democrata cristão italiano, também presente nessa cerimónia e muito parecido no semblante e muito devoto ao poder do mesmo bloco central de interesses italianos, onde se manteve durante décadas, até ser escorraçado em processos-crime com acusações gravíssimas de conluio com associações criminosas. Não é o caso de Machete, claro está que não tem pecados desse calibre. Aliás, tal como Andreotti, Machete não tem pecados de espécie alguma, porque já foi absolvido em indulgência plenária, pelo mesmo bloco central:
O título do Expresso, no artigo em causa é " A `questão moral´ no país da corrupção". Portanto, honni soit qui mal y pense da coda que ficou na imagem...