terça-feira, outubro 15, 2013

As causas das bancarrotas quais são? Estão à vista...

Camilo Lourenço, jornalista especializado em assuntos de economia, está a dizer na RTPi que temos uma péssima classe política e que é essa a razão de termos já acumuladas, nestes últimos 39 anos, três bancarrotas. A prova? Nenhum outro país europeu conseguiu tal resultado.
E diz mais: se o tribunal Constitucional chumbar mais uma medida, tendo em conta que o que está prestes a ser decidido se aproxima dos mil e trezentos milhões de euros, fará "uma cruz" sobre Portugal. Será o momento do segundo resgate e da falência do nosso sistema que então será reformado " a pontapé".

Sobre as três bancarrotas, únicas em países da Europa ( mais nenhum outro país passou por isto) as contas são fáceis de fazer, lendo o que ao longo dos últimos meses se escreveu neste blog. Basta ler o que aconteceu entre 1974 e 1977, particularmente a posição política do PS de Mário Soares e basta ler o que sucedeu depois, nos anos oitenta , particularmente em 1983, novamente com a intervenção do PS de Mário Soares e contando com o "interregno" da AD de Sá Carneiro, durante quase dois anos, insuficientes - basta ler isto para entender que não teve tempo para fazer qualquer mudança de relevo no sistema político-económico.Basta ler o que foi a "década prodigiosa" da nossa estupidez colectiva.
E se alguém tiver alguma dúvida de que foi a esquerda , a comunista e a socialista, a responsável directa pelo descalabro, basta ler isto. Sobre os abusos, a "festa" permanente e o descalabro constante nas contas, basta ler isto.

Feitas as contas, nas quais é preciso incluir o que sucedeu com a Constituição e as suas revisões ( Rui Machete foi presidente das comissões de revisão em duas delas...as fulcrais,  de 1989 e 1992) fica quase tudo explicadinho. A minha conclusão particular é que esta classe política,  com destaque para umas boas dezenas de apaniguados do sistema político-partidário, se governou.E muito bem. Enriqueceram, esses indivíduos que não passavam de uns pindéricos e que nunca teriam igual oportunidade caso o regime fosse de outra espécie e feitio.  Há alguns exemplos paradigmáticos: Jorge Coelho, Proença de Carvalho, Dias Loureiro, José Sócrates, Mário Soares, Almeida Santos, Sérvulo Correia, José Miguel Júdice, os Galvões Teles do MES, etc. etc. no quais se incluem azêmolas e chicos-espertos em barda. Armando Vara por exemplo. Ou Miguel Relvas. 

A história de qualquer um destes indivíduos é quase um roteiro explicativo das três bancarrotas. O caso mais singular destes todos? Um: o de Proença de Carvalho, o baixista. Amanhã veremos porquê.

148 comentários:

Floribundus disse...


com esta excelentíssima classe política da esquerda da bancarrota,
donos da comunicação socialista,
proprietários da verdade

nada de bom acontecerá no rectângulo
habituem-se a viver mal
e cada vez pior

'enquanto houver um português com um pão,
a revolução continua'

Floribundus disse...

entretanto o dr lima do partido da dobradiça (sempre dependente do lado para onde a porta 'trabalha') desapareceu com a caixa dos milagres

Vivendi disse...

Brilhante, José!

Unknown disse...

Infelizmente essa corja é directamente proporcional ao povo de que faz parte, isto é, todos nós...

Adenda : Sem, aparentemente , ter relação com o tema do "post" , sugiro uma vista de olhos ao "blog" Malomil ( passe a "publicidade"),e ao assunto tratado no dia de ontem.

Carlos disse...

Genericamente de acordo com o "post" do José.
Não concordo: com a exclusiva responsabilidade atribuída a quem o José chama de "esquerda portuguesa".
Chamo também à atenção, para mais um malabarismo que parece estar a ser desenhado por esta corja (toda do arco da governação) - O ASSALTO À ADMINISTRAÇÃO DAS ÁGUAS DO DOURO E PAIVA.

foca disse...

O Lima da caixa dos milagres (como bem diz o Fluribundus) existe como gestor de topo porque tem um pai famoso e casou com uma filho do Mello, o resto é conversa.
Fazia isto e aquilo e agora de positivo só receber os louros daquilo que o Santos fez e manter o Paulinho das feiras com o facho sossegado, para não criar ainda mais estabilidade.
.
PS. E a ministra mae, já deu à costa ou mantém a agricultura e as pescas ao Deus dará?
.
E o da Mota, para lá dos chiliques fez algo mais do que cortar um pouco a todos mas mantendo tudo na mesma?
.
Volta Relvas, que no final deste governo será o único qu deixa uma reforma que se veja, nas freguesias.

Kaiser Soze disse...

O Camilo, na segunda-feira, ia sendo lapidado pela geração grisalha. A dado momento, vi a coisa realmente a correr mal, o que teve o seu lado cómico.

O Camilo tem-se em demasiado boa conta e padece do mal de reconhecer o que desconhece, o que lhe permite parecer determinado, um hábito dos ignorantes; infelizmente, os relógios avariados acertam nas horas duas vezes por dia e esta história das bancarrotas é um exemplo: ele tem razão.

...o que, por ventura, a sua ignorância não lhe permite saber nem dizer é que, provavelmente, não fosse o afundar do serviço da dívida aquando da entrada no Euro ou os baldes de dinheiro de fundos comunitários estaríamos na 5ª...se tivessemos tempo.

Kaiser Soze disse...

"o mal de não reconhecer o que desconhece", claro.

Unknown disse...

Desde o 25 de Abril, Portugal sofre de uma grave torção à esquerda. O Estado socialista prometeu ser o redentor das classes oprimidas e um administrador racional da coisa pública. No processo, os socialistas faliram o Estado três vezes sequestrando assim a liberdade económica e política.

Isto em menos de quarenta anos.

A causa das três bancarrotas revela o erro de diagnóstico e a mediocridade da nossa classe política. Essa gente chegou ao poder convencida de que tinha um caminho alternativo para administrar a economia, fintando a lei da escassez. Como poderia dar bom resultado quando se tem como autores de referência Marx e Keynes? Como é possível, num ambiente desequilibrado, manter o desenvolvimento?

A mentalidade socialista (e aqui o PSD não está isento de algumas responsabilidades) escolheu conscientemente estimular o consumo, mediante elevação dos gastos públicos aumentando a dívida para valores criminosos. Destruiu-se a industria. Os desequilíbrios agigantaram-se e tornaram-se insustentáveis.

Agora, a lei da escassez estará aí por muito tempo, impondo-se como um imperativo a despeito da vontade dos políticos.

Mário Soares, o grande campeão em bancarrota, sabe que o Estado grande é antieconómico, dispendioso, desperdiçador, irracional. A ciência económica tem três séculos e descobriu as leis que mostram por “a” mais “b” que a iniciativa privada tem de comandar a economia porque é mais eficiente e faz a mais justa distribuição. E que a união do poder político com o poder económico tem a consequência nefasta de implantar as bases sobre as quais emerge o totalitarismo.

Esse é um saber permanente que Mário Soares oculta, porque o seu partido precisa dessa mentira para se poder eleger e manter-se no poder.

O discurso de Soares é autojustificador das suas próprias tramóias pessoais. Creio que ele sabe discernir o certo do errado, a verdade da mentira. Ele aderiu a esta última de forma espontânea, utilitariamente, fazendo propaganda descarada da causa que utiliza a mentira como ferramenta para chegar ao poder. É portanto um propagador profissional da mentira.

Temos vivido numa espécie de alucinação colectiva, que supõe que o socialismo é a melhor solução e que o PS tem um propósito redentor, embora a prática e o bom senso digam o contrário.

Esta loucura custará muito caro e por muito tempo. Só será reparada na curva da história.

Anónimo disse...

Nunca tinha por aqui passado e parece-me que reina n este blog um ambiente de loucura.

É difícil encontrar um comentário tão destituído de sentido como este,lamento caro José. A culpa do atoleiro em que estamos é, de facto dos políticos que temos tido, mas, essencialmente, das políticas de direita, ultraliberal, independentemente de os seus autores se dizerem de esquerda ou de direita. Isso é irrelevante, Importa é a prática política real.

E essa prática tem sido sempre a de proteger os mercados financeiros e os interesses dos grandes capitalistas, com prejuízo do povo em geral, incluindo médios empresários como eu.

Associar a destruição do país a políticas de esquerda não tem qualquer sentido. Será que muitos dos nomes citados correspondem a pessoas de esquerda? (Ex.: Proença de Carvalho, Dias Loureiro, José Miguel Júdice, Armando Vara, Miguel Relvas).

O caro José preocupa-se demasiado com rótulos. Preocupe-se com a política real. E essa tem sido uma política insistentemente de cariz liberal e ultraliberal, conducente ao desastre expetável (basta pensar nas consequências do liberalismo selvagem do séc. XIX - fome, miséria, guerra, para se entender isto).

Dificilmente terei tempo para ver as respostas, que agradeço antecipadamente, e que possa haver a este comentário. Passem bem.

foca disse...

Floriano
Por um lado pelo que Marx parecia dizer, o capitalismo não produziu montanhas de trabalhadores a viver em pobreza absoluta, e é evidente que as classes medias se expandiram e hoje possuem habitação própria, carros, iphones e muito mais.
Por outro lado grande parte dessa "riqueza" resulta da exploração de países do terceiro mundo, que recentemente se aproximaram do modelo capitalista, transformados em sociedades consumistes.
Chegados a este ponto, será que nao encontramos nas teorias de Marx algo para nos ensinar a sair deste impasse?

foca disse...

AA
Loucura é o nosso estado geral, por isso o blog não podia ser muito diferente.

Mas daí a nós termos vivido em liberalismo, neo, ultra ou o que lhe quise chamar, vai um enorme distancia.
Acha
Acha possível chamar estado liberal com este nível de impostos?
Com um estado que corta salário as funcionários e pensões a aposentados, mas mantém quase na mesma as prestações sociais para quem precisa e para quem não que trabalhar?

Desculpar-me-á mas estamos muito mais a caminhar para uma sociedade socialista como vem no preambulo da CR que para um estado liberal.

JC disse...

Este tipo de pensamento fantasioso, abstracto, agarrado a chavões e completamente afastado da realidade com que AA nos brinda é precisamente uma das causas de estarmos aonde estamos.

Aconselho a leitura de alguns escritos de Salazar e de Marcelo Caetano - encontram-se alguns na net e em alfarrabistas - para perceber o que é falar da vida real, do ser Português, dos problemas concretos do nosso País e da forma de os resolver.

Porque julga que vivemos 48 anos em prosperidade económica, após Salazar ter pegado num País completamente estraçalhado e falido depois dos tempos "aureos" da 1ª República?

josé disse...

AA:

Suponho que não leu os postais a que faço referência e onde tentei mostrar o que se passou nos últimos 39 anos, em Portugal.

Se tiver a pachorra para os ler, terei muito gosto em discutir consigo porque penso o que penso e que V. acha ser uma loucura.

josé disse...

AA:

O principal problema da Esquerda é viver em estado surreal. Não é loucura: é diferente porque a loucura não tem remédio e o estado surreal pode alterar-se.

josé disse...

Mário Soares em 1976 sabia exactamente qual era o problema principal e até pensava como eu...ou seja, seria louco nessa altura.

O problema do Soares é que nunca foi coerente a não ser com uma coisa: com os seus interesses particulares e pessoais. O país que se lixe!

josé disse...

A maior patranha que se pode contar actualmente é dizer que Portugal teve políticas neoliberais e que foi isso que arrebentou as finanças públicas.

É o maior embuste de todos os tempos!

Kaiser Soze disse...

"Proença de Carvalho, Dias Loureiro, José Miguel Júdice, Armando Vara, Miguel Relvas"

Acho que é por aqui que o pessoal, em geral, se vai perdendo: achar que qualquer um destes é de Direita ou de Esquerda...

Se não entrarmos na discussão mais esotérica de saber se "há Direita em Portugal?", a responsabilidade do buraco é transversal a todos que andaram por lá.

(mas convenhamos que chamar ultraliberal a qualquer coisa em Portugal é o mesmo que vender o EN como democrático)

Anónimo disse...

Afinal ainda passo por aqui para agradecer as respostas.

5 minutos de intervalo no trabalho.

Diz um comentador que o meu pensamento é "fantasioso, abstracto, agarrado a chavões e completamente afastado da realidade". E aconselha-me a ler "escritos de Salazar e de Marcelo Caetano". E fala de "48 anos em prosperidade económica, após Salazar ter pegado num País completamente estraçalhado"

Meu caro amigo, como é que com comentários desses não quer que eu diga que há aqui um clima de loucura? Portugal, à custa de um estado austero e fechado sobre si próprio, atrasou o país de uma forma absolutamente chocante. Lembro-me de no final dos anos 60, sendo eu uma criança, de visitar Badajoz e pensar que tinha entrado num mundo maravilhoso, tal era a diferença de evolução em todos os aspetos, de Espanha (ainda assim um país atrasado) relativamente a Portugal. Salazar era uma pessoa honesta e merece respeito por isso. Mas não mais que isso, pois é responsável pelo catastrófico atraso económico e social com que chegámos a 1974. Confira dados nos planos da Saúde e da Educação também. Confira a política habitacional, recorde os largos milhares de barracas por todo o lado. Tínhamos taxas de analfabetismo pornográficas. Deus, Pátria, Família, uma trilogia fatal, a que acrescento Futebol, Fado, Fátima, enfim tudo o que fosse embrutecimento das massas. Um país cinzento, triste, abatido, ineficaz, improdutivo, conformado. Com maquinarias dos anos 30 a laborar ainda 40 anos depois. Essa realidade (estatista) era ainda pior (se isso é possível) que clima de ultraliberalismo que hoje vivemos. Trabalhadores pagos miseravelmente e sem poder de compra. Miséria e fome. Que essa realidade nunca mais volte, é o meu desejo.


Quanto ao amigo José:

Vai por aí uma grande confusão. O aumento de impostos não visa alcançar qualquer objetivo socializante, mas antes desviar capitais para os grande grupos financeiros. Basta pensar que estamos a "tentar" pagar a agiotas internacionais uma dívida colossal e impagável (lamento não ter tempo para desenvolver melhor este tema), enquanto nos auto-destruímos. Nem sequer é um política liberal nova, mas sim parte de um plano de médio prazo.

Atente na destruição do Estado, na venda de empresas do setor nuclear do Estado. Isso é uma política socialista? O poder de intervenção do Estado nos setores chave da Economia é quase zero atualmente. Isso será típico de um país socialista ou a caminho do socialismo?

O aumento escandaloso do fosso entre ricos e pobres (que já era enorme). Isso é socialismo? Ou será típico do liberalismo? Consulte exemplo históricos e compare.

Utilizar dinheiros públicos para salvar instituições privadas incompetentes e/ou corruptas (BPN, BANIF, etc.) é uma prática socialista?

O desmantelamento do Estado, a que assistimos é típico de um estado socialista?

A nossa submissão aos mercados, abdicando da democracia, é socialismo?

A nossa submissão à globalização e consequente destruição das economias europeias, é socialismo?

Meu caro, de socialismo em Portugal, sobra o preâmbulo da Constituição. O resto desta é praticamente igual às constituições de todo o mundo, incluindo o Bill of Rights americano. Os princípios a que o nosso Tribunal Constitucional tem apelado vêm em todas as Constituições do mundo.

Digamos não à loucura.


Não prometo voltar aqui por falta de tempo.

Os meus cumprimentos e, uma vez mais, obrigado pelas respostas.

Unknown disse...

Foca:

«««Chegados a este ponto, será que nao encontramos nas teorias de Marx algo para nos ensinar a sair deste impasse?»»»


O tema é muito vasto, apenas lhe direi isto: Não! O marxismo, JAMAIS foi solução ou alternativa para coisa alguma!! Pela simples razão que o capitalismo pode existir com ou sem liberdades públicas. Já o marxismo é incompatível com elas. O capitalismo pode ou não ser criminoso. Já o marxismo é criminoso na sua essência.

Não existe 3ª via. Mas sempre haverá aqueles para quem a alternativa ao “inferno capitalista” é o paraíso socialista de Cuba ou da Coreia do Norte. Onde foi que o marxismo gerou riqueza? Em lado algum. Apenas produziu miséria, dor e genocídio em escala industrial.


Todas as doutrinas políticas prometem o bem-estar do povo, ou o que as esquerdas chamam de ‘justiça social’, conceito que ninguém consegue definir com clareza. Aliás, nem Marx nem os seus seguidores jamais explicaram o funcionamento de uma sociedade socialista.

Já nos anos 20, Ludwig von Mises, economista e professor austríaco, no seu livro ‘Socialismo’, previu acertadamente que o socialismo, se levado às suas últimas consequências, não poderia funcionar.

Para o marxista, a História, por definição, não é ciência descritiva ou explicativa, mas arma de luta por um objectivo bem determinado. “Não se trata de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.”

O que fizeram esses engenheiros de gente?

Na URSS, o socialismo implantou-se à custa de 60 milhões de vidas. Na China, 70 milhões. No Cambodja Pol Pot exterminou um terço da população.

Isto é o socialismo real.

Veja-se também Cuba com 100.00 mortos numa população de 11 milhões de encarcerados na ilha-prisão das múmias Castro, o que se passou na Albânia, o que se passa na Coreia do Norte.
Todos estes genocidas apenas tiveram para oferecer aos seus povos, mentira, escravidão, e morte. SEM EXCEPÇÃO! A história do marxismo sempre foi a história da destruição.

Como podemos extrair algo de benigno no totalitarismo mais destrutivo e sanguinário que a humanidade já conheceu?

Anónimo disse...

Mongo,

Certo, concordo.
Mas gostaria que incluisse no seu reciocínio a CHINA actual. Aquilo é o quê?


Declaração de interesses:
Inclino-me para um regime próximo da social democracia.
Não sei o que é aquilo na China.
Por isso não me identifico, mas que a coisa resulta em termos de poder no mundo isso resulta.
As desgraças da Rússia, Cuba, Pol Pot, não explicam tudo.

Dudu disse...

So queria acrescentar o consulado de Cavaco Silva quando foi criado o novo sistema retributivo da função pública, mais conhecido por "monstro" pelo próprio, e que levou ao desentendimento com Miguel Cadilhe; e o subsídio de férias aos pensionistas, porque na altura havia folga orçamental e estimulava o consumo; e os cheques recebidos de Bruxelas em troca dos "abates" na pescas e agricultura; e os famosos cursos de formação profissional empreendidos entre outros pela UGT e CGTP.

josé disse...

"Atente na destruição do Estado, na venda de empresas do setor nuclear do Estado. Isso é uma política socialista? O poder de intervenção do Estado nos setores chave da Economia é quase zero atualmente. Isso será típico de um país socialista ou a caminho do socialismo?"

Pois apesar disso, paradoxalmente, ainda somos um país socialista ( democrático ou não porque se confundem as espécies, neste caso) e a Constituição até diz que vamos a caminho dessa utopia. No preâmbulo, mas diz.

Também paradoxalmente éramos mais liberais quando o Estado era mais interventor. Refiro-me ao Estado Novo.
E esta, hein? É capaz de desmentir?

josé disse...

A China é actualmente um pouco do que foi o regime salazarista: autoritário e sem liberdades cívicas como se entendem na Europa e EUA.

josé disse...

China é e sempre foi um regime de mandarins. Nunca foi democrático nem nada que se pareça.

JC disse...

AA:

Atrasou o País?

Veja em que estado se encontrava o País em 1928 e o estado em que se encontrava em 1973 e veja se o País atrasou ou se evoluiu.

E não ligue à cartilha oficial dos historiadores do regime. Veja jornais e revistas da época.

Tem neste blogue vários postais sobre o estado de Portugal no início da década de 70 dos anos 1900.

E não tente comparar Portugal com a restante Europa para concluir que o Estado Novo atrasou o País.
O nosso atraso perante a Europa dura desde há muito.

E quer falar em atraso do País?
Portugal era dos países que mais crescia economicamente a nível mundial quando se deu o 25 de Abril.
E tinha as despesas de guerra!

Dois anos depois, sem guerra, tinhamos o FMI cá dentro!
Por favor! Tenha senso!
Lembra-se de Badajoz, mas disso já se esqueceu.

E quanto ao analfabetismo, que dizer?
Veja o exemplo de um exame para acesso a um Posto Consular aqui recentemente postado e depois falamos de analfabetismo.

E apareça sempre, porque vai concerteza aprender muito sobre o que foi o período antes do 25 de Abril de 1974. A sério, veja postais antigos deste blogue, revistas e jornais da época aqui publicados.
Parece-me uma pessoa inteligente e curiosa. Aqui, vai aprender História REAL, se é que isso lhe interessa.

josé disse...

Quanto ao comentador AA:

"Lembro-me de no final dos anos 60, sendo eu uma criança, de visitar Badajoz e pensar que tinha entrado num mundo maravilhoso, tal era a diferença de evolução em todos os aspetos, de Espanha (ainda assim um país atrasado) relativamente a Portugal. Salazar era uma pessoa honesta e merece respeito por isso. Mas não mais que isso, pois é responsável pelo catastrófico atraso económico e social com que chegámos a 1974. Confira dados nos planos da Saúde e da Educação também. Confira a política habitacional, recorde os largos milhares de barracas por todo o lado. Tínhamos taxas de analfabetismo pornográficas. Deus, Pátria, Família, uma trilogia fatal, a que acrescento Futebol, Fado, Fátima, enfim tudo o que fosse embrutecimento das massas. Um país cinzento, triste, abatido, ineficaz, improdutivo, conformado. Com maquinarias dos anos 30 a laborar ainda 40 anos depois. Essa realidade (estatista) era ainda pior (se isso é possível) que clima de ultraliberalismo que hoje vivemos. Trabalhadores pagos miseravelmente e sem poder de compra. Miséria e fome. Que essa realidade nunca mais volte, é o meu desejo."

Essa é a "doutrina" que ensinam nas escolas e livros oficiais.

Tenho para mim que Portugal não era isso. A Espanha que conhecia então ( Galiza no início dos anos setenta) não era diversa de Portugal.
Com uma diferença: a peseta valia menos de metado que o escudo. E nós tínhamos café, bacalhau e outras mercadorias para lhes vender, no contrabando. Eles tinham...caramelos!

A sério: não vale a pena ir ao Estado Novo e relatar a miséria desse tempo para mostrar que a Esquerda tem razão.

josé disse...

AA:

Se ler os postais que aqui coloquei relativos à revista Observador ( basta escreve no Google, portadaloja observador) relativos aos primeiros anos da década de setenta vai verificar que não tínhamos o panorama que nos querem impingir os historiadores do fassismo.

E eu lembro-me desse tempo porque o vivi. E sei que não era como dizem, embora fosse tempo de penúria comparativamente a uns EUA ou a uma França. Mas se tivéssemos seguido o rumo capitalista que tínhamos, aposto que estávamos neste momento melhor que a Espanha. Mesmo sem províncias ultramarinas.

josé disse...

A minha grande pergunta, aquela a que procuro sempre obter resposta coerente é a seguinte:

porque é que Portugal se tornou um país esquerdista, desde o final dos anos sessenta?

josé disse...

Confesso que as explicações que tenho obtido por reflexão e estudo avulso não me satisfazem plenamente.

As pessoas em Portugal e em geral não são comunistas. Em 1975 nas primeiras eleições livres com a participação de todos os grupúsculos de esquerda, o esquerdismo não passou muito mais de 12%.

O grosso dos votantes foram socialistas "democráticos" e social-democratas, o que vai dar ao mesmo.

E a tal direita onde estava? Acho que não havia, como não há.

E é essa a grande incógnita, para mim. Não percebo.

josé disse...

E é por isso mesmo que digo que a causa do atraso do país se deve à Esquerda.

Como vê, pura lógica.

Unknown disse...

José,
Creio que o Marcello dá a pista numa intervenção em plenos anos 40 crítica da política que vinha a ser seguida: as forças de "direita" ou "conservadoras" habituaram-se a dormir à sombra de Salazar e da polícia, perderam totalmente os hábitos do combate político.
Acho interessante essa possibilidade, até confirmada pela pujança intelectual e criatividade da direita durante a fase final da 1ª República.

Pessoalmente, acho que é defensável situar o abstencionismo dos conservadores portugueses em 1834, acho que para muita gente, esse ano marca o fim de algo tão vital e nuclear, que o que se seguiu já não era bem Portugal.

Miguel D

Unknown disse...

Foca:

Meu caro, eu até acho piada a alguns amigos que se dizem liberais mas que se encantam com a China. É verdade que ela tem lá as suas eficiências, mas para mim, as tiranias merecem é repúdio.

Claro que viver debaixo de chicote e sem prosperidade económica seria pior. Toda a equação pode ser piorada, até o Haiti — quando os homens já tinham feito todas as misérias, a natureza mandou um terramoto seguido de uma tempestade…

Voltando à China, do modelo inicial, apenas restou a ditadura. A economia é capitalista…e selvagem! Nesse particular, o sucesso é visível.

O desafio seria prosperidade com democracia.

Na China, como em todas as ditaduras existe uma lei que vale para todos e é mãe de todas as outras: o Estado prende quem quiser, quando quiser, como quiser, pelo que quiser.
Essa é a loucura das tiranias.
:)))

josé disse...

Estou agora a ver uma coisa sobre "as direitas" portuguesas, escrita 11 4 86 por Fernando Dacosta, no O Jornal.

Vou publicar, a par do postal sobre Proença de Carvalho. Daqui a uma hora, se tanto.

Unknown disse...

Enganei-me a resposta acima é para o Rui Moringa e não para o Foca. Mil desculpas.
:)))

Carlos Conde disse...

"Lembro-me de no final dos anos 60, sendo eu uma criança, de visitar Badajoz e pensar que tinha entrado num mundo maravilhoso, tal era a diferença de evolução em todos os aspetos, de Espanha (ainda assim um país atrasado) relativamente a Portugal."
Para achares que Badajoz era maravilhoso não vivias em Portugal. Há outras pessoas que lá foram nessa época, que é o meu caso, e que podem garantir que o que dizes é uma absoluta e rotunda mentira. Histórias de comuna...

Floribundus disse...

essa de Badajoz dos anos 60 é de mijar a rir
era uma cidade miserável. os limpia-botas da praça da catedral eram proxenetas. havia mendigos (garotos e velhos) a pedir una perra chica
dormi numa espelunca a que chamavam hotel.
o melhor que tinha eram: a coca-cola as tâmaras, a pana, as alpergatas
íamos de passagem ou
às touradas de S. João na velha praça onde mataram os comunas que saiam do curro
distanciou-se do rectângulo depois de 24.iv

foca disse...

Floriano
Eu não digo ou sugiro que se caminhe para o Marxismo. Apenas que se tire de lá o que pode interessar, pois o modelo capitalista baseado na exploração de matérias primas, mão de obra, e utilização de caciques locais do terceiro mundo não nos vai levar longe, pois ficamos no limbo e a pender para baixo.
Como bem dizem, a China vive em ditadura capitalista, mas com esse monstro a crescer corremos o risco de passarmos a ser a mão de obra barata daqui por algum tempo, e de basear o modelo económico de Portugal na pobreza.
Por isso ou voltamos rapidamente ao crescimento, mesmo com inflação (que a Europa de Bona não aprecia), ou vamos cair cada vez mais até perdermos de vez o Estado social.

Não tire daqui qualquer saudosismo ou regresso às propaladas conquistas de abril, pois concordo em absoluto que nessa década se destruiu quase toda a industria nacional, e que a fase seguinte de uso de fundos para as infraestruturas que não existiam foi útil. O pior é que se criaram monstros que para se alimentarem foram "obrigando" o país a fazer obras desnecessárias e a contrair dividas insustentáveis, e agora não há saída fácil.
.
Sobre o tópico Badajoz, nem tanto ao mar nem tanto à terra, nos anos 60 tinha coisas que do lado de cá não existiam e o contrário também.

muja disse...

José,

porque é que Portugal se tornou um país esquerdista, desde o final dos anos sessenta?

Primeiro que tudo, penso que convém precisar: que Portugal? Porque me parece ter havido dois: um rural, e um urbano. Penso que a distinção é relevante para compreender o problema.

Em segundo lugar, outra distinção: o inculto literariamente (a que hoje se chama "analfabeto") e o culto literariamente, em especial, as gerações novas saídas recentemente, ou a sair da universidade?

Tendo estas divisões em conta, observemos que, desde os inícios dos anos sessenta, devido à política ultramarina, Portugal se encontra efectivamente em guerra - tanto aberta como oculta, em maior ou menor grau - com as maiores potências mundiais, ou pelo menos, com interesses importantes no seio dessas potências, a saber: a URSS, os EUA e, em menor grau mas nem tanto, o Reino Unido.

Como se sabe, e se não se sabe, dever-se-ia saber, todos estes três países eram exímios propagandistas. Ou pelo menos, os interesses dominantes no seio de cada um deles, eram-no.

Penso que estes factores, tidos em conta, explicam a rápida adesão da propaganda estrangeira em Portugal que se verifica nos anos sessenta, sobretudo entre a população estudantil, concentrada, naturalmente, nas grandes cidades - o que facilita, de resto, a propaganda.
Ainda neste ponto, é exacto afirmar-se que não houve contra-propaganda eficaz, quer do Estado e dos sectores situacionistas, quer da direita tanto revolucionária como tradicionalista - esta última alinhando, muitas vezes, ao lado da oposição dita democrática, na realidade estrangeira e subversiva: é o caso dos monárquicos de vários matizes, incluindo até alguns integralistas.

Até aqui, penso que não é errado afirmar-se que o ponto ao redor do qual revolve tudo isto, é a política ultramarina portuguesa. Toda a actividade subversiva importante, teria como objectivo fazer Portugal perder a guerra - coisa que, ao contrário do que agora é comum afirmar-se, estava difícil de fazer através do terrorismo guerrilheiro e da pressão internacional. Como se sabe, esse objectivo foi cumprido com o golpe de 25 de Abril de 1974. A retaguarda portuguesa foi subvertida, e a vanguarda atraiçoada, juntamente com os povos que defendia.

Isto talvez não explique completamente, mas penso que é um dos factores que mais pesaram: a população estudantil foi subvertida pela propaganda estrangeira, e houve falta de resposta eficaz das autoridades. O que, de resto, é compreensível, dado o esforço que se fazia no Ultramar e as capacidades limitadas do Estado. A pedra de toque terá sido a subversão militar, que tornou possível o golpe de estado.
No decorrer disto, foi saneada toda a administração pública e comunicação social, o que acabou com qualquer hipótese de resistência interna.

Em suma:

- dez anos de subversão estudantil intensa por parte do estrangeiro.
- saneamento pós-25.
- perda de valor estratégico que justificasse ajuda contra-subversiva por parte de supostos aliados, como houve noutros países.

Se não é isto, não há-de andar longe.

Unknown disse...

Muja,
Nao me convence. Em 1961 a coisa já estava clara.

Miguel D

muja disse...

De resto, o que se chama esquerda em Portugal, e nos mais dos países, é anti-patriotismo e anti-nacionalismo.
É ideologia estrangeira, vendida a pataco. Não tem aplicação nenhuma, nem pouca nem muita, a qualquer realidade portuguesa, com excepção da que vivemos agora, por ser produto exclusivo dessa mesma ideologia.

Todos os partidos que sentam o rabo na Assembleia são, na práctica, de esquerda. Pouco importa se são fósseis comunistas ou a sua versão moderna, ultra-liberalistas ou qualquer outra designação que se lhes queira dar.
O que interessa é que nenhum possui no seu programa ideias portuguesas, objectivos portugueses, ou métodos portugueses. Tudo, sem excepção, é decalcado - mal e porcamente - do estrangeiro. As medíocres e patéticas aspirações propagandeadas são decalque das aspirações francesas, inglesas ou alemãs. Todas, por sua vez, largamente decalcadas das americanas - que hoje não existem ou estão pela hora da morte e se mantém apenas à custa de uma dívida gigantesca.

Ninguém em nenhum partido sabe ou faz sequer a mais pequena ideia - nem tão pouco se preocupa minimamente - do que Portugal é como nação e como se relaciona com as outras nações - ignora-se completamente que Portugal sofreu há quarenta anos a maior convulsão dos últimos quinhentos anos a nível geográfico, social, político e cultural. Que deixou de ser o que era, mas não passou a ser coisa nenhuma.
É necessário compreender que Portugal não é a mesma nação de há quarenta anos. Essa findou no dia em que cedeu mais de 90 porcento do território e população. É triste, mas é a realidade. O que existe hoje é um território falido que tem todos os prejuízos de ser uma região autónoma da União Europeia, e quase nenhuns benefīcios. No dia em que esta "união" cessar - e vai cessar, e em breve - ficará o país chamado Portugal ao Deus dará.

É evidente que a responsabilidade disto é da "esquerda", porquanto a esquerda é o anti-Portugal. Se são as políticas neo-coiso ou ultra-não-sei-quantos ou social-não-sei-que-mais, é irrelevante: não se pode governar, seja com que políticas for, o que se não vê, ou não se compreende. E apenas os portugueses podem compreender o que é Portugal. Assim que deixem de o compreender, Portugal deixa de existir, pura e simplesmente.
Este é o problema principal, parece-me. De resto, tudo se resume a escroquerie fácil de resolver. Um grupo de aves que tomou o controlo das ruínas do Estado, e as usa para esbulhar os infelizes que nasceram no território do ex-Portugal metropolitano. Em relação a esse aspecto, 90% do que seria necessário fazer para assegurar uma administração civilizada é mais do que conhecido e não admite discussão alguma. Quem pensar o contrário é tolo ou desonesto. Quem pensar que é possível viver em crescente endividamento é tolo ou desonesto. Quem pensar que é possível educar sem disciplina é tolo ou desonesto. Quem pensar que é possível pagar a quem não trabalha, sem ter uma mina de ouro ou petróleo, é tolo ou desonesto. Quem pensa que é possível uma economia sem manufactura e indústria pesada, é tolo ou desonesto.
Mas isto não é política! É apenas administração eficaz. Que pode, ou não fazer parte de uma política. Convém que faça, mas não chega. É necessário tentar prever e acautelar o futuro. Saber quem se é, onde se está e para onde se quer ir. E aí, sim, formular a política que permita atingir esse objectivo.

O resto é conversa para boi dormir: democracia, socialismo, liberdade, liberalismo, tudo conversa fiada. Nada disso é português, ou ajuda a que se compreenda Portugal. Logo, é dispensável. É conversa de café, e má.
Eu penso que era este o espírito e a visão que norteavam o dr. Salazar e o E.N. Um espírito práctico, pensado por e para portugueses. Não era perfeito, mas apenas um cego ou um imbecil acha que o rumo que as coisas levam agora, é melhor que o que levavam dantes.

E se dúvidas houver, faça-se a seguinte pergunta:
- no E.N. foi possível uma revolução dos cravos, uma mudança, uma alternativa. E agora, é?

muja disse...

Como assim, estava clara?

zazie disse...

Também não sei a razão mas desde os anos 60 que Portugal é esquerdista.

É completamente verdade.

Já nessa altura era o pensamento de esquerda que falava mais alto. Pelos jornais, pelas faculdades, pelos ditos intelectuais.

E, se calhar, por se estar longe do resto da Europa e cá chegar mais facilmente o que era "contestação". Da música ao resto.

zazie disse...

A historieta de Badajoz é uma anedota e chega e sobra para se perceber que o AA nem existia em 1960, quanto mais ter ido aos caramelos.

Nem ele, nem o foca

Maria disse...

A maior desgraça que nos aconteceu enquanto País e Povo, foi termos confiado num bando de traidores estrangeirados entregando-lhes o destino da Nação. Todos os portugueses sem excepção, até o honesto e ingénuo Prof. Marcello Caetano que devia saber mais e ter desconfiado de todos eles, os da tão endeusada mas falsa oposição, desde a primeira hora - tal como o sempre o havia feito e com décadas de antecedência, conhecendo bem a massa pútrida de que eram/são feitos, o muito inteligente e perspicaz Dr. Salazar - e nunca jamais em tempo algum convidá-los a fazer parte do sistema. Passar do anterior regime à democracia estaria muito bem, mas sòmente se tal tivesse acontecido com portugueses de Lei e nunca com traidores e menos ainda com maçons, o que na realidade quer dizer o mesmo. O resultado foi o que se viu e vê, a destruição completa de uma Nação que sobreviveu una e indivisível vai para mil anos.

E que não se acusem por um segundo os portugueses que os que recriminam e desdenham pelo mal que fizeram ao País, de reaccionários e de anti-democratas. Não, o povo português apenas pode ser acusado de um único pecado, de ter acreditado ingénuamente nos pseudo-democratas, tendo neles votado maciçamente nas inúmeras eleições que se sucederam a Abril de 74. E fizeram mal, a paga por tamanha ingenuidade foi ter sido apunhalado pelas costas vezes sem conta desde a primeira hora da 'democracia'. E porque o fez, assistiu como que anesteziado ao desmoronamento da Nação, levando-a em consequência e em simultâneo a um estado de miséria política, social e moral como este Povo jamais experimentou em toda a sua longuíssima História.

Depois das traições sucessivas perpetradas durante quarenta anos por semelhantes traidores, todos sem excepção, em quem os portugueses, por acreditarem na sua integridade e honestidade política e pessoal absolutas, ofereceram de mão beijada a governação do País, haverá ainda alguém com um resquício de verticalidade e nobreza de espírito, que lhes possa outorgar sequer uma nesga de consideração e respeito que eles não merecem - e antes pelo contrário serem levados à Justiça e julgados e condenados por alta traição à Pátria - não, ninguém que se considere um verdadeiro Patriota será capaz de o fazer.

Em todas as épocas, passadas e recentes, os traidores à Pátria sempre foram executados. Ainda hoje isso acontece em países democráticos e não democráticos.

Para todos esses pulhas que ainda temos por aí continuando o trabalho de sapa repugnante e criminoso iniciado em Abril de 74, aquele seria o destino adequado, honrando assim e finalmente os milhões de inocentes que às suas demoníacas mãos encharcadas de sangue sofreram e morreram apenas e só porque não desistiram de ser portugueses. E se tal sempre aconteceu a traidores à Pátria em todos os lugares e em todos os tempos, qual o motivo que impede a nossa Justiça de actuar em conformidade para com estes traidores assumidos? Todos sabemos a resposta, porque estão a soldo da maçonaria mundial por interposta maçonaria caseira. Esta seita satânica, sabendo que ao ter o poder nas mãos nele iria perpetuar-se eternamente, engendrou um plano secreto diabólico que pôs imediatamente em prática após a sua chegada a Portugal, selando para sempre o nosso trágico destino como Povo e como Nação.

zazie disse...

Mas quem eram esses "traidores estrangeirados" em 1960?

zazie disse...

Os da oposição, é isso? foram esses que mudaram a mentalidade de um povo e tornaram Portugal esquerdista?

foca disse...

Zazie
Os alentejanos iam com contrabando e vinham com medicamentos que por cá não existiam, assim como brinquedos, roupas e bebidas.

Mesmo que não existisse não sou de geração espontânea, logo podia bem afirmar com base em testemunhos.

zazie disse...

Testemunhos errados. Espanha era uma pelintrice comparada com Portugal.

Em Sevilha, cheguei a ficar num dito hotel que nem papel higiénico tinha. Eram jornais a fazer disso.

Tinham a coca cola e outras cenas mas isso não atesta qualquer desenvolvimento.

O outro AA mentiu. Não era nascido e veio aqui debitar cartilha.

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

E mesmo barracas também as tinham os franceses, ou o que julga que eram os bidonvilles?

muja disse...

Zazie,

que havia subversão, havia. Que era com o quase exclusivo propósito de fazer Portugal perder larga parte do que era o seu território, era. Que não houve contra-subversão eficaz, não houve.

Porque é que a subversão pegou? Aí, Vs. que viveram o período saberão melhor do que eu. Mas isso já é quase do domínio da psicologia.
Foi moda, talvez. Foi provicianismo de quem vive em cidade e acha que "lá fora é que é"? Foi falta de religião? Não sei.

Mas também acho que se não pode dizer que se mudou a mentalidade de um povo. Por isso é que começei por distinguir certos grupos.
Não me parece que a mentalidade das Beiras ou do Norte do país seja, ainda hoje, esquerdista.

Aliás, eu estou convencido que a maior parte do país não o é. Pode pensar que sim, mas na realidade não é. E por uma razão simples: porque é uma mentalidade suicida. É a negação do que se é. É a ideologia da obliteração do passado. Não há gente (no sentido de gentes) que a tenha naturalmente ou que a mantenha sem constante doutrinação - daí os campos de re-educação, não há disso em mais nenhuma ideologia, nenhuma.

Mas que a intelligentsia é - isso sim - é. Que os intelectuais o são, são. E acho que talvez por aí se explique qualquer coisa. Portugal é um país pequeno. Portugal metropolitano era do mesmo tamanho. Talvez, dadas as circuntâncias sócio-económicas do país, não houvesse gente suficiente - intelectuais suficientes - para se achar no meio deles um núcleo suficientemente forte para oferecer resistência aos demais. Para impôr a sanidade à loucura. Para fazer ouvir a voz da razão.

Quanto aos traidores estrangeirados, pois evidentemente que eram esses. Mas eles não mudaram coisa nenhuma, a não ser quando os deixaram. O interessante nessas aves - num Mário Soares, por exemplo - é como, apesar da sua personalidade que não deve fazer muitos amigos se é que alguns, conseguiu obter o poder que obteve e ainda tem. Como lhe toleraram, mesmo as outras aves - e haverá decerto entre elas quem seja mais esperto, perspicaz, maquiavélico, o que seja, que permitisse vencê-lo. Soares é um medíocre sob qualquer ponto de vista. Ora, bandidos, há-os geniais e excepcionais. Como foi que ele se manteve? Uma boa questão...


josé disse...

Porque é que o Soares se manteve? A essa julgo perceber que foi por causa de ser de esquerda no paleio.

Foi sempre de esquerda no discurso, sempre a favor dos pobrezinhos e sempre adaptado ao ambiente favorável aos seus interesses particulares.

Soares sabe muito bem qual é a realidade do país porque a viveu.

Em 77 Medina Carreira e Silva Lopes telefonavam-lhe alarmados com a iminente bancarrota. Soares nem se ralava.

É um medíocre e um farsante.

josé disse...

Também sou de opinião que a maioria da opinião publicada nos anos sessenta respirava ideias de esquerda porque o regime já cheirava a bafio.
Uma das razões da divergência e da subversão seria essa, ou seja, a vontade de mudança para ares modernaços que vinham lá de fora.

O fruto proibido é sempre o mais desejado e a Censura efectiva a alguns costumes funcionava como incentivo à subversão.

As ideias de esquerda que eram veiculadas em modo soft nos jornais República, Diário de Lisboa, Capital, Jornal de Notícias, nos teatros da época, nas canções dos baladeiros, na vanguarda intelectual e até em certos programas de tv ( Zip Zip) e o rádio fizeram o caldo de cultura para se tornar dominante logo a seguir ao 25 de Abril de 74.

os jornalistas, esses, eram quase todos de esquerda. Basta ler o livro do José Jorge Letria para perceber isso claramente.

A tv e o rádio foram literalmente assaltados por elementos afectos à esquerda comunista e socialista e alguns simpatizantes de extrema-esquerda ( Luis Paixão Martins da Página Um, actualmente da LPM, por ezxemplo).

O ambiente geral no país, um mês a seguir ao 25 de Abril modificou-se radicalmente. Eu vivi esse tempo e lembro-me bem disso.

josé disse...

A subversão esquerdista antes do 25 de Abril era combatida pela Pide/Dgs, mas de modo que nem tem comparação com o que se passava com a STASI dos camaradas daqueles que eram presos pela PIDE.

Se fossem inteligentes perceberiam ( como percebeu José Luís Saldanha Sanches) que a parvoice de andarem sempre com a Pide na boca lembra logo a STASI que queriam por cá.

Outros farsantes.

muja disse...

Talvez José. Ainda assim, acha que a maioria era pela desistência na guerra? Pela entrega, assim sem mais, dos territórios? Acho que não. E, nesse caso, não se pode propriamente dizer que a maioria da opinião respirasse ideias de esquerda.

A maioria da opinião que se fazia ouvir, talvez.
Voltamos à questão dos intelectuais vs. o resto.

zazie disse...

éisso- o gfruto proibido. O Dacvosta fala na esquerda cultural que se foi impondo.

E foi.

zazie disse...

Portugal não estava habituado à guerra como estiveram outras nações.

A guerra colonial teve um peso excessivo por esse motivo.

zazie disse...

De que guerra se lembravam as pessoas antes da colonial.

Praticamente só as guerrilhas da república e mesmo essas apenas eram recordadas pelos que já nem tinham idade para ir para combate.

As pessoas não queriam a guerra por falta de hábito.

E, quanto ao dito ultramar, ninguém ia lá passear. Era como emigrar.

josé disse...

Sobre a guerra falo por mim que na altura iria fazer 18 anos. No ano que faria vinte ( 76) lá iria para a tropa.

Não pensava em fugir como não pensavam todos os meus amigos e conhecidos que foram mesmo para a guerra. ALiás, sobre a guerra já estava muito bem informado porque falava muito com os tropas que vinham de lá e eles contavam histórias mirabolantes, como é costume.

Já sabia que se em 74 a guerra não terminasse como terminou por causa do "nem mais um soldado para as colónias", iria bater com os costados numa das províncias ultramarinas. Escolhi, na altura da inspecção militar, as informações. Sei lá se seria escolhido. Como andava a estudar, poderia adiar, mas isso...

De resto penso que se os políticos que na época mandavam decidissem que a guerra terminaria logo que os portugueses saissem em segurança das províncias- o que aliás deveria ter sido assim- tenho a certeza que a maiorias das pessoas aceitaria tal decisão.

Os desertores e traidores estavam cá mas não chegavam para mudar a ideia das pessoas, porque eram o que eram.

zazie disse...

Eu tenho a ideia que não queriam ir para guerra, mesmo os que até iam.

Estou a pensar em amigos próximos, nos vizinhos, irmãos de colegas, etc.

zazie disse...

Não serve para estatística mas serve para poder constatar que não vivi qualquer exemplo heróico de ida para África.

muja disse...

Ora bem, mas ninguém quer ir para a guerra!

Assim como ninguém passa fome porque quer.

A minha questão é se as pessoas entendiam a guerra como algo que tinha de ser.

A Zazie diz que ir para o Ultramar era como emigrar, e isso já explica qualquer coisa.

josé disse...

Claro que ninguém queria ir para a guerra. Lembro-me bem dos combóios de magalas que passavam junto à casa onde então vivia, aos Domingos à tarde. Cheios, apinhados e com os soldados à janela a acenar às raparigas que lhes retibuiam o gesto.

Lembro-me bem dos comentários avulsos sobre o destino daqueles indivíduos. Mas não me lembro de se questionar a necessidade da guerra, porque era justificada pelo discurso de Marcello Caetano e não havia contestação pública por causa da censura.

zazie disse...

É um tema acerca do qual eu só posso falar teoricamente.

Estive até a pensar alto.
O que eu disse é que não fui influenciada por qualquer ideia positiva em se ir defender África.

Não fui. Posso é perguntar a mim mesma se fui influenciada em sentido contrário.

josé disse...

Eu acho que a generalidade das pessoas entendiam a guerra como algo que tinha que ser. É o que penso, agora que penso nisso, porque nunca pensei.

josé disse...

E tinha mesmo que ser na época. Mas logo que alguém- Spínola- alvitrou uma hipótese de saída política, foi bem acolhida. E mesmo assim, esperava-se que a guerra se resolvesse sem se questionar como os comunistas e esquerdistas passaram a fazer depois do 25 de Abril.

O povo não sentia o problema do mesmo modo que esses esquerdistas.

zazie disse...

Os americanos, por exemplo- não sei se querem mas não temem. É um hábito que não altera o que pensam acerca do seu país.

Os portugueses não tinham esse hábito para recordarem ou para tomarem com algo mais ou menos natural.

Unknown disse...

Essa historieta , ridícula , sobre Badajoz só pode ser contada por quem nunca lá pôs os pés nos anos 60 .

josé disse...

A propaganda da época era clara: "Angola é nossa. É Portugal". Mais claro que isto não podia haver.

Os esquerdistas diziam: Angola é dos angolanos...

Esta diferença é o ponto de viragem da esquerda e dos que não eram.

zazie disse...

Talvez entendessem isso.

Mas foi coisa em qeu nunca pensei na altura. Também não tinha família com ligações a África.

O meu pai ganhou um prémio por ter feito uma custódia para a catedral de Luanda.

Esteve em exposição. Falou-se mais de África nessa altura mas ninguém foi.

Não faço ideia porquê mas nem fomos assistir à ianuguração da tal igreja.

muja disse...

É uma pergunta interessante, Zazie.

josé disse...

A tropa nos anos sessenta era obrigatória, para todos.
Quem ia à tropa arriscava ir para o Ultramar. Era uma equação inevitável e por isso o problema era em primeiro lugar da tropa.

A guerra era uma consequência. Como obrigatoriedade tal ajudava a aceitar essa contingência.

zazie disse...

Mas não. Em termos abstractos, vivi esse orgulho pela História. Mesmo na família.

Agora ir para lá, ninguém foi e, quanto à guerra, tive exemplos de vizinho que era meu namorado a ir para a Suécia (a mãe era sueca) para escapar e sei que a minha mãe ia safar o meu irmão, apesar da família ser contra.

josé disse...

O meu pai esteve em Angola no final dos anos cinquenta. Esteve um ano e meio e tal estadia era tema de conversa connosco. A viagem no Pátria, a chegada, o trabalho, os pretos que já nessa altura trabalhavam apenas o suficiente para ganhar para beber ou pouco mais, o ambiente social etc etc

De Luanda fiquei sempre com ideia da baía. Nunca la fui. Nem quero ir.

zazie disse...

Foi uma pergunta honesta- Mujah.

Eu não ligava nada a política. Não sabia nada de nada. Interessava-me por coisas demasiado abstractas. Não sei se fui ou não influenciada acerca disso.

O vizinho/namoradito de infância não foi desgosto amoroso porque até já tinha outro namorado ehehe mas foi afastamento que vivemos.

Mas lembro-me das discussões familiares acerca disso com a minha mãe. Porque ela ia mesmo safar o meu irmão e enfrentava todas as críticas das irmãs e do pai. O meu pai acho que não dizia nada porque era como eu- mais é bolos & artes.

josé disse...

Conheço indivíduos que foram para França e fugiram assim à tropa. Mas foram poucos e as razões ficaram a dever-se também ao facto de já lá terem o pai ou assim. Juntaram o útil ao agradável.

Julgo porém que a maioria aceitava a contingência de ir para a guerra, até porque a emigração naquela circunstância impedia o regresso.

zazie disse...

O motivo pelo qual não fomos a Luanda por causa da custódia não imagino.

Não foi político, de certeza.
E, na altura, está visto que até fiquei toda contente porque sempre era uma viagem bem diferente.

A custódia é que foi à vida
":O))))

zazie disse...

Sim, seim. erste meu vizinhoficou a viver lá para sempre.

Ainda nos damos e falamos agora bastante disso.

Deve ter sido fortíssimo para ele toda a separação da família.

Só lá tinha tias. E estudou nos Pupilos do Exército

ahahahaha
Se tivesse ficado, tinha-se safado porque era da idade do José.

josé disse...

Um jovem, portanto...ahahah!

zazie disse...

Era e é. Somos bons amigos desde os 6 anos, para aí ":O)

zazie disse...

AHAHAHAH

Veja lá se lhe cai um dentinho com a gracinha, seu malandro

":OP

zazie disse...

Mas olhe, por acaso ele está óptimo. Com cabelo todo e nem sequer está branco.

Deve ter sido uma geração especial
eheheheh

josé disse...

Pois. Há por aí alguns que se safaram do branqueamento. Eu já não tive a mesma sorte. Branqueei à farta e sem offshores. Ficou tudo à vista. Ahahaha

zazie disse...

AAHAHHAHAHAHAHA

Vivendi disse...

Porque a esquerda domina em Portugal?

Destaco 3 pontos.

- A igreja não condena o socialismo (mesmo depois de ter sido expropriada e afastada para canto (estado laico))

- O marxismo cultural debitado pelos merdia


- Os portugueses são maioritariamente de direita (individualistas, não gostam de pagar impostos,... e por aí fora mas vivem no desconhecido e não fazem auto-crítica.


Portugal carece urgentemente de uma filosofia que enquadre o país e os portugueses senão vai acabar despedaçado pelos internacionalistas de esquerda e comedores da manjedoura.

Vivendi disse...

A china é o regime de sempre. Apenas foram comunistas inteligentes que perceberam que tinham de liberalizar a economia para o progresso económico.

Vivendi disse...

Neoliberal??

Um país onde o estado pesa 50% da economia... só pode ser ultra megal neo liberal.

Com Salazar nunca passou dos 15% e com Marcelo em guerra dos 20%. (o sonho de um qualquer defensor do capitalismo)

E não é que naquele tempo existia mais indústria que hoje...

E não é que naquele tempo Portugal tinha uma das moedas mais fortes do mundo...

E não é que naquele tempo os portugueses tinham uma das maiores taxas de poupança do mundo...

E não é que naquele tempo Portugal tinha uma das maiores reservas do mundo em ouro e divisas que poderia se ter tornado em uma Suíça ou Áustria?

E não é que naquele tempo os portugueses estavam no top 20 mundial de países mais prósperos e hoje estão em 43º...

E não é que naquele tempo não havia bancarrotas e défices...

Eu sei que tudo isto é tabu nos canais de desinformação dos merdias, nas universidades e no dia a dia do socialmente e politicamente correto mas eu nunca me entusiasmei em viver em uma farsa.

Maria disse...

Concordo com tudo quanto escreveu o Mujahedin, o Vivendi, o JC e José. As universidades estarem pejadas de esquerdistas, sobretudo comunistas, é um facto, mas há que ter em atenção que também havia bastantes direitistas e creio que não em menor número, só que estes não tinham nem o apoio nem a persistência e menos a obstinação do pessoal de esquerda. Eu tive uma pessoa de família, já falecida, a única aliás que acreditava convictamente no socialismo mas, notava-se, tinha um pendor terrível para o comunismo, tudo isto influenciada pelo tal ambiente esquerdista dos anos sessenta. Qualquer dia hei-de falar aqui no que lhe aconteceu, consequência directa do apoio e confiança total no novo regime e, agora digo eu, a par de toda a podridão e violência inaudita que o acompanhou, nos assolou e desgraçou Portugal.

Permito-se pois acrescentar um pequenino "pormaior" que faltou às brilhantes teses apresentadas pelos quatro ilustres comentadores e autor acima citados e que reputo de suma importância, que falta juntar à equação.

É verdade que as esquerdas socialista e comunista estavam infiltradas nas universidades, nalguma imprensa e também nas Forças Armadas. E essa infiltração prosseguiu até ao fim do E.N. (e continuou em força para além dele, mas esta é outra conversa, que também merecia ser escrutinada).

Mas para nossa infelicidade o comunismo soviético prolongou-se até ao fim dos anos 80. Tivesse ele implodido 20 anos antes e de certeza absoluta que nem Portugal teria perdido as Províncias Ultramarinas e nem muito menos ter-se-ia verificado o 25 de Abril.
Tudo o que de mal aconteceu em Portugal foi obra de comunistas e socialistas a soldo dos dois internacionalismos, gente esta provinda dos tais meios universitário e militar, actuando sob ordens vindas sobretudo de Moscovo e cumpridas escrupulosamente.

Caso a implosão do comunismo soviético tivesse acontecido na altura supra-citada e, parafraseando Gorbachov, os partidos/regimes comunistas a partir daí teriam seguido o seu caminho, agora por sua conta e risco, como efectivamente veio a suceder décadas mais tarde. Desgraçadamente tarde demais para Portugal.

Tivesse ainda o muro de Berlim sido derrubado mesmo que pouco tempo antes de 1974 e o destino do nosso País teria sido completamente outro. E muito mais feliz em todos os aspectos.

muja disse...

Maria,

acho que foi o José que disse aqui uma vez que se não tivesse havido o golpe de 74, era bastante possível que o muro caísse mais cedo.
Eu acho que é uma opinião bastante válida.

Havia a noção por parte dos governantes - não só do dr. Salazar mas, por exemplo, de um Franco Nogueira - que a configuração dos poderes era apenas temporária, e que as posições portuguesas não podiam flutuar com a volatilidade de certas realidades. Os poderes e os interesses que se insurgiam contra nós eram intransigentes, e apenas intransigindo nós nos nossos interesses seria possível preservá-los.
Era uma política de quem está na história para durar e não para andar ao sabor dos ventos, sejam eles da história ou de "bluff" como depois se verificou que vieram a ser.

Portugal constiuía um espinho para os dois super-imperialismos porque era uma demonstração viva por um lado de que os seus vaticínios estavam errados, nomeadamente que os brancos eram todos racistas e exploravam os pretos. E por outro de as suas políticas não valiam nada e eram um logro, para o que bastaria comparar as novas independências africanas com os territórios ultramarinos portugueses.

A intransigência portuguesa daria frutos mais tarde ou mais cedo. Já os ia dando, e não fora a oposição determinada dos EUA, sobretudo ao nível da propaganda mediática, tê-los-ia dado ainda mais cedo.

muja disse...

Estou a acabar de ler os Diálogos Interditos de Franco Nogueira. São notas das conversas e encontros diplomáticos que teve ao longo da sua carreira como Ministro dos Negócios Estrangeiros, de 61 a 69.
Como pontos importantes, podem reter-se os seguintes:

Os EUA sempre afirmaram, diplomaticamente, estar com os portugueses. Na práctica, porém, seguiam um padrão: exigiam um qualquer compromisso da parte portuguesa, prometendo qualquer coisa da parte deles. Cedido o compromisso, logo pediam outro, sem cumprir a promessa anterior. Na sombra, trabalhavam constantemente contra Portugal, desde discursos de políticos americanos atacando e difamando violentamente a política ultramarina portuguesa ao assédio pela embaixada americana no Brasil de senadores e políticos brasileiros que visitassem o Ultramar. Tudo isto era referido pelo MNE aos americanos incluindo provas das suas actividades hostis a Portugal, como documentos secretos detalhando ajuda a países hostis a Portugal e até a fotocópia do passaporte tunisino de Holden Roberto com visto da embaixada americana em Lusaka, permitindo-lhe a livre entrada e saída nos EUA. O ministro Franco Nogueira embaraçou, mais que uma vez, importantes dignatários americanos, incluindo o Secretário de Estado Dean Rusk, que não pareciam contar que Portugal tivesse acesso aqueles documentos ou que estivesse tão bem informado.

Todos os representantes estrangeiros que visitaram o Ultramar voltaram profundamente impressionados, de brasileiros a japoneses, passando por americanos e ingleses. Alguns não tinham dúvidas em afirmar que se tratava da parte mais desenvolvida de África, e que a política portuguesa era a melhor e mais bem sucedida de quantas se aplicavam em África.
Muitos dos líderes dos novos países africanos concordavam com esta opinião, que transmitiram ao Ministro, embora afirmassem que manteriam a sua posição contra Portugal, por motivos de ordem estratégica e de bloco.

A Santa Sé teve uma conduta que deixou muito a desejar. Não exprimia tanto quanto seria desejável o seu apoio a Portugal como nação católica, e quando o fazia, fazia-o timidamente. Houve vários incidentes que causaram graves tensões entre Portugal e o Vaticano, particularmente o tratamento dado à União Indiana e a visita do Papa e subsequente encontro com Nehru. Portugal sentiu-se atraiçoado pela reserva do Vaticano em apoiar abertamente as políticas que dizia em privado serem essenciais para África, isto quando não tomava posição quase hostil contra nós. Tudo foi comunicado e discutido com o Núncio Apostólico.

Em suma, pode dizer-se que a política externa portuguesa era intransigente na defesa e prosseguimento do que se entendiam ser os interesses de Portugal. Mas essa intransigência daria frutos e estava a dá-los. Pacientemente, passo a passo, far-se-ia a divulgação do Ultramar português ao mundo, para que pudesse avaliar com os seus próprios olhos o que lá se passava. Podia fazer-se sem qualquer embaraço e com plena confiança, pelo que li das comunicações estrangeiras ao MNE.

Interrogo-me agora é se, considerando o que disse a Zazie atrás, o Estado não terá feito o suficiente para promover o Ultramar junto da população metropolitana, como fazia junto dos estrangeiros...

zazie disse...

Mujah:

Eu não disse isso. Até porque propaganda era o que mais existia mas, nos anos 60, já não levava multidões como levou umas décadas antes.

Eu apenas pensei alto por aquilo que me recordo de assistir e ouvir dizer.

Por exemplo: não vivi ida de ninguém para África como empreendedor.

Apenas conheci militares de carreira que iam mais as famílias e, de facto, no final conheci mesmo gente do mais pobre que ia como se fosse emigrante.

Mas nem era apenas para a nossa África. Era também para o antigo Congo Belga.

Gente das barracas que cá nem como criadas de servir prestavam- de tal modo era gente chunga- que ia para o Congo e lá tinha séquito de criados.

Isso foi coisa que presenciei e me deu péssima ideia.

Também conheci putos filhos de gente que não tinha onde cair morta que depois chegavam em brutos carros brancos, com carta de condução oferecida.

Ou seja- pela minha parte, ainda nos anos 60 conheci relatos directos das invasões e massacres dos turras. E isso sem ser de forma tendenciosa- foram mesmo massacres a gente cujos filhos já tinham lá nascido.

E conheci depois este lado menos simpático.

Donde, não sirvo para fonte em relação a África.

Porque não sei. E admito que possa ter sido mais influenciada de forma negativa por tudo isto.

zazie disse...

Mujah:

Mas o José disse que se não tivesse havido o golpe de 74, era bastante possível que o muro caísse mais cedo?

Não me recordo absolutamente nada e nem consigo sequer entender.

Por causa de África- por terem onde se espalhar ainda mais?

zazie disse...

V. tem a ideia de propaganda como uma coisa sempre positiva que cativa as pessoas.

Isso pode ser se ninguém viajar.

Agora viajando e lendo revistas e vendo que por cá nem esses festivais pop chegavam, está visto que não era com propaganda que as pessoas se contentavam.

Eu até me lembro do médico de família tecer os maiores elogios ao que se estava a fazer em África.

Mas, como lhe disse, as pessoas não iam dar um passeio a África como podiam dar à Serra da Estrela ou a Trás-os-Montes.

zazie disse...

A única questão mais ou menos teórica que acompanhei, por causa das reuniões de família- era o debate se o patriotismo devia estar acima da protecção e da vida de um filho.

Essa era a cena macaca que a minha mãe atirava. E lembro-me que lhe respondiam com o patriotismo.

E ela não desarmava.

(Mas fazia isto, não por ideologia, mas porque era o menino querido. Se fosse comigo, aposto como a Pátria falava mais alto AHAHAHAHAHHA)

zazie disse...

Lembrei-me agora de um detalhe, por v. ter falado no défice de propaganda.

Sabe o que penso?
O tal clima de esquerda que já estava no ar, nos anos 60. E que se ia espalhando de forma difusa- por leituras, por jornais, por rádio, etc, deve ter contribuído para que a minha geração já não fosse permeável a propaganda do Estado Novo.

zazie disse...

Isso terá sido por alturas da Exposição do Mundo Português, por exemplo.

A geração da minha mãe, os que viveram a guerra, sim. Foram fortemente influenciados pela propaganda nacionalista porque havia uma realidade objectiva em que assentava.

A minha, creio que não.

Eu gostava de História, tinha a noção positiva da Expansão, de tudo isso mas não fui minimamente afectada por nada do que a escardalhada diz que era a agit prop do Estado Novo.

Isso do Deus, Pátria, Autoridade como algo castrador, é mentira- eram valores positivos que as pessoas tinham interiorizado.

Daí a haver influência por juventudes da Mocidade Portuguesa e assim, é falso. Não havia. Eram meros pró-forma que ninguém tomava a sério.

Eu ai ao festival de ginástica do 10 de Junho. Sem crise- adorava essas férias em Monsanto para conviver e namoriscar porque aquilo era misto.

Mas nada disso tem a menor comparação com juventudes fascistas ou cenas da URSS.

Nada de nada.

Carlos disse...

"porque é que Portugal se tornou um país esquerdista, desde o final dos anos sessenta?"

Esta sua pergunta, enferma de uma certeza (pressuposto) assumida, e quanto a mim errada.

Nesta lógica, poder-se-ia perguntar: sendo Portugal um país predominantemente católico, como é possível termos chegados aqui?

Cumprimentos.

zazie disse...

Olhe, posso dar-lhe um exemplo claro.

Um amigo meu, de 72, era rádio-amador e gostava de apanhar informação de tudo o que por cá não era propriamente coisa de primeira página.

E isto em casa da família.

Era filho do ajudante de campo do Américo Tomaz.

zazie disse...

A Igreja de cá já era esquerdista.

Esse foi o grande problema.

A cena da Capela do Rato mostra-o e, uma vez, o hajapachorra disse uma coisa interessante- que a extrema-esquerda, como o Louçã, conseguiu visibilidade nos media devido a esses curas de passeata.

Devido ao Vaticano II e à nossa padralhada escardalha que ainda hoje debita tretas nos jornais.

zazie disse...

Mesmo culturalmente os católicos de esquerda já dominavam.

Disso lembro-me bem.

zazie disse...

Aqui, em Lisboa, nos centros, nas cidades. No campo terá sido diferente mas, o Alentejo já era ateu e comuna há muito.

E a influência popular desaparece quando desaparece o povo.

O Mujah ainda pensa que existe o bom povo português, com os seus valores, no campo, no Norte.

Já era. A tv acabou com o povo.

E depois, o mero facto do povo ser feito por media e passar a ter direito a votar, estragou o resto.

Quem fala mais alto é a informação.

muja disse...

Penso que foi o José que alvitrou essa opinião por aqui algures. Se não foi, então peço desculpa.

Tenha sido que não tenha, considero-a interessante, não obstante.

Repare: a manter-se a política portuguesa, tanto na metrópole, mas sobretudo em África, e tendo esta os resultados que estava a ter, nomeadamente ao nível do desenvolvimento sócio-económico, serviria como prova viva do logro que eram as políticas soviéticas e contribuiria para a sua descredibilização mundial, assim como demonstraria que era possível resistir-lhes. Penso que não é despropositado especular que tal contribuiria para a desintegração da URSS, acelerando-a.

Quanto ao que disse, atribuo-lhe uma importância que talvez a Zazie lhe não dê. Mas repare, era essencial, para prosseguimento dos interesses portugueses que, aos olhos da população metropolitana, o Ultramar estivesse tão perto quanto possível. Longe da vista, longe do coração. Ora, um país pequeno sobretudo, não pode travar uma guerra de desgaste como era que travávamos, em que persista a dúvida no coração das pessoas a que se pede que sacrifiquem a vida, sobre quer a justiça do combate e a afinidade que têm com os territórios e as gentes que se defendem.
Ora, ao dizer que ir para o Ultramar era semelhante a emigrar - no seu círculo social, que seja, pois é o que viveu - é um indício, anedótico decerto, mas não desprezável parece-me, de que haveria mais a fazer para promover a circulação de pessoas entre o Ultramar e a Metrópole. Apenas isso. Admito perfeitamente que, noutros círculos, as coisas fossem diferentes, e é natural que assim fosse. Não se sinta vinculada pelo que referiu. É apenas a sua impressão e mais nada. Sou eu que estou a extrapolar, mais para mim mesmo e para me pôr certas interrogações.

Quanto à propaganda, tenho essa ideia sim. É definitivamente uma coisa positiva, pois é uma acção com vista a uma alteração. Se cativa ou não as pessoas, depende da sua eficácia que é tanto maior quanto mais se aproximar da percepção das pessoas sobre o assunto em causa ou responder aos anseios e preocupações daquelas.
Não se trata de contentar ou não as pessoas. As pessoas raramente se contentam com palavras apenas. Mas isso não significa que se deva descurar a promoção de certos conceitos, ideias e esclarecimentos que permitam às pessoas compreender quer a importância de certas decisões e políticas, quer a sua necessidade.

Neste caso concreto a interrogação que me ponho é a de saber se, mediante o que se poderia fazer em termos de propaganda e acção psicológica, se fez tudo o que se podia para aproximar sentimentalmente as pessoas da Metrópole às do Ultramar, de modo a quer sentissem umas e outras ambos os territórios como seus e assim compreendessem melhor e de forma intuitiva a necessidade de os defender, com sacrifício da própria vida, se necessário. Não estou a falar de cartazes ou discursos mas, por exemplo, de um maior incentivo que se fosse passear para o Ultramar por exemplo.

muja disse...

Zazie, o povo existe e existirá sempre enquanto existirem pessoas. Não é bom nem mau. É, simplesmente.

O que eu não acho é que seja esquerdista porque isso não é da natureza humana. O homem tem memória e, como tal, tem tendência a preservar, conservar e acarinhar o passado.
A ideologia esquerdista oblitera o passado, reformula-o conforme os seus interesses, faz a tábula rasa, etc. No Orwell vê-se isso muito bem. Tanto no 1984 como no Triunfo dos Porcos. É sempre a alteração do passado. Temos tido exemplo aqui do José, mais o revisionismo à Rosas & Pereira.

O que acho que é isso não é coisa natural nem nunca há-de ser. E que sem constante influência, essas ideias não duram muito tempo entre qualquer grupo de pessoas minimamente enraizadas a um sítio.

zazie disse...

Não. O Mujah não leu bem o que eu disse.

Eu insisti bem que África é assunto de que não posso falar nem sou fonte para nada.

E isto não é verdade: «Ora, ao dizer que ir para o Ultramar era semelhante a emigrar - no seu círculo social, que seja, pois é o que viveu - é um indício, anedótico decerto, mas não desprezável parece-me, de que haveria mais a fazer para promover a circulação de pessoas entre o Ultramar e a Metrópole.»

O meu "ciclo social" o que quer que isso seja não era o das pessoas que tinham de ir para África como quem ia para França ou para Alemanha, para sobreviverem.

Eu disse é que presenciei isto- até em gente das barracas. e sim, eram familiares de algumas-mulheres-a-dias que tivemos.

E isso foi uma verdade porque conheço muita gente cujos pais foram para África por este motivo- como emigrantes, por necessidade.

O meu "ciclo" - o que quer que isso fosse, estava até bem perto da propaganda Estatal- já lhe contei que a minha família era amiga da do Américo Tomaz e lanchavas no Tamariz habitualmente.

Portanto, o que contei foi o que vivi- a propaganda nos anos 60 existia, antes de começar um folme passava sempre um documentário de propaganda, com bons relatos da vida em África.

O meu avô era fortemente salazarista e coleccioanva todas as revistas referentes a Àfrica.

Vivi isso. Mas, como lhe disse, na minha juventude o peso da propaganda não entrava.

Não entrava porque havia muita coisa cuituralmente da moda que não abundava por cá e isso tem sempre o tal peso de que o José falou:

O fruto proibido é o mais apetecido.

Acrescente-se que já disse ao José, que culturalmente, por várias razões, a esquerda também já falava mais alto a nível mundial- inclusivé na América- todas as modas artísticas eram mais de esquerda.

Unknown disse...

Muja,
Quando dizia que em 1961 a coisa estava clara queria significar que nessa altura as universidades, comunicação social e inteligentsia em geral já estavam todas na oposição e que portanto o detonador do fenómeno é anterior à guerra. Creio que está mais nas culpas próprias da "situação" e da sua preguiça para o combate político.

Miguel D

muja disse...

Zazie, refiro-me a isto apenas:

Mas, como lhe disse, as pessoas não iam dar um passeio a África como podiam dar à Serra da Estrela ou a Trás-os-Montes.

Daqui extrapolo que pudesse não haver um sentimento tão forte em relação ao Ultramar como poderia haver em relação a esses sítios. Mais uma vez, longe da vista, longe do coração.

zazie disse...

A questão da propaganda pode ter efeito inverso.

Foi eficaz no tempo de Salazar, sim. Mas começou a deixar de ser eficaz e até a cheirar a coisa fora de moda mais para a frente.

Eu ia jurar que não era por falta dela mas por ninguém ligar. Soava tudo a "mais do mesmo".

Aquilo que me lembro que sempre teve peso eram os discursos do Salazar.

Todos o ouváimos porque ele falava muitíssimo bem. Era inteligentíssimo.

Impossível não admirar.

zazie disse...

Outrav coisa: as pessoas de cá já eram diferentes das que viviam em África.

E a diferença não era para melhor nas de lá.

A boa moral tradicional nada tinha a ver com os costumes que se ganhavam em África.

E esse choque foi notório com os retornados.

Eles é que já eram estrangeirados e com modas que depois se tornaram vícios até no Poder e nos partidos.

A metrópole era conservadora.

zazie disse...

Claro que não havia.

Eu nunca fui a África e conheço Portugal todo!

E sempre viajei em família.

Tenho até pena de não conhecer Timor. o meu irmão já lá viveu e isso, sim, sempre foi um local, por mil razões que gostava de conhecer de perto.

Do memso modo que não me importava de viver por uns bons tempos na Terceira.

muja disse...

MIguel D,

talvez, mas isso era muito natural e o Estado sabia perfeitamente que assim era. Era subversão comunista, pura e dura, decorrente do resultado da 2a GG.

Mas com a guerra no Ultramar as coisas alteram-se. Subitamente, não estamos apenas a lutar contra os comunistas. Os nossos próprios aliados movem-se contra nós. E a subversão que vem dos supostos amigos é sempre muito mais subtil e perigosa que a que vem de um inimigo perfeitamente identificado.

Repare no que se tem dito aqui: EUA, Inglaterra, a Igreja! Este tipo de trabalho de sapa é muito difícil de contrariar, porque as pessoas não compreendem facilmente como é que, por um lado, se pode ser aliado - na NATO por exemplo - e, por outro, limitar e considerar a influência como subversiva.

Creia que os comunistas não foram o nosso principal problema. Esses era facilmente identificáveis em vista das posições extremistas que defendiam. Só se tornaram problema após o golpe, quando puderam agir sem restrições.
Agora, certas posições da Igreja, interna como externamente, é que eram muito graves e sérias. Era algo que o Governo tinha de tocar com pinças e muito delicadamente, precisamente por ser difícil de explicar às pessoas que a religião que professavam e acreditavam e acarinhavam pudesse estar a servir de veículo para perder Portugal. Da mesma forma as influências culturais anglo-saxónicas.
Tudo isso teve a sua campanha intensa de promoção durante os anos sessenta. O Estado não terá abordado o assunto da melhor maneira nesses casos. Agora, no caso dos comunistas, estavam perfeitamente controlados e referenciados, disso não tenho dúvida. O problema eram os outros...

muja disse...

Outra coisa: as pessoas de cá já eram diferentes das que viviam em África.

Pois, mais uma razão.

zazie disse...

Ah- o "povo acabou" é uma frase que não se traduz à letra, mas acabou mesmo.

Povo não é apenas todo o cidadão. No sentido de "ethos popular" no sentido de ethos de uma nação, acabou e foi a tv que o matou.

Não há povo porque as comunidades foram destruídas e terraplanadas à imagem dos pseudo-valores e pseudo-cultura do ecrã televisivo.

zazie disse...

Mais uma razão para haver um certo fosso. Fosso esse de que se queixaram depois os retornados.

Outra coisa- isso de ir a África não era coisa fácil, como o não era, durante séculos e séculos ir à Madeira e aos Açores.

nem os bispos iam, nem os reis, quanto mais a população "em férias".
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V. alguma vez foi a África?

muja disse...

V. alguma vez foi a África?

Tecnicamente, sim. Estive em Ceuta. :)

De resto, não.

isso de ir a África não era coisa fácil, como o não era, durante séculos e séculos ir à Madeira e aos Açores.

Ora bem! Era aí onde queria chegar. Um voo Lisboa-Luanda, quando os passou a haver, demorava algumas quarenta e tal horas, com várias escalas.

Penso que teria sido benéfico um esforço maior nesta área, para aproximar as pessoas e os territórios. Ignoro, porém, se era possível. Admito que não. Muito se fez, verdade seja dita.

Mas estou certo que teria muita influência. Porque a tinham as visitas que faziam os representantes estrangeiros. E esses não iam por preconceito e ideias pré-concebidas. Falavam sem nunca lá porem os pés. Quando punham, mudavam de opinião.

zazie disse...

ehehee

Marrocos também eu conhecia. Isso é Norte de África.

África ficava caríssimo!

V. tem a menor ideia do que era a mobilidade dos tugas na altura? de quem viajava e "passava férias"?

As pessoas iam" à terra". Isso sim.

Mas não se ia ao cinema sem ver primeiro as notícias od mundo e nelas aparecia sempre bom documentário de África.

zazie disse...

Pois se até o Algarve estava por "descobrir". A costa vicentina era território bárbaro onde ninguém ia.

As ilhas, idem- ainda hoje achava engraçado fazer-se um inquérito aos portugueses para ver quantos conhecem os Açores e a Madeira.

Eu acho que pouquíssimos e daí as bocas foleiras de lhes entregar ou vender aquilo.

Os portugueses, em podendo viajar vão ao estrangeiro primeiro.

zazie disse...

Mas, fiquei curiosa:

Porque é que o encanitou tanto, eu ter dito que, para muita gente, na altura, ir para África era o mesmo que "emigrar".

É mentira?

muja disse...

Não encanitei nada!

Apenas achei interessante e ocorreu-me que talvez fosse esse um dos motivos porque a guerra não era encarada como uma defesa contra uma agressão, ou pelo menos como seria, penso eu, no caso de serem, por exemplo, umas guerrilhas marroquinas no Algarve.

De resto, nada a obstar. Quanto muito, posso corroborar. Tenho uma tia que para lá foi, Angola penso eu, e voltou depois, em condições que não vale a pena descrever. E acho que, em nove irmãos, nunca ninguém lá foi visitá-la. Outro irmão foi para França - foi à guerra primeiro - e penso que esse já teve visitas. Pelo que o que diz, faz todo o sentido.

zazie disse...

Não dá para generalizar.

Ia-se para África também por outros motivos, inclusivé para investir.

Mas que tivemos "colonização" de pé-rapado, comparada com a inglesa ou memso francesa, tivemos.

E eu nem sei a percentagem de tipo de trabalho que predominava em África.

Há quem diga que predominavam os pequenos comerciantes.

Eu tenho ideia que a função pública era numericamente maior.

muja disse...

Olhe, deixo aqui as notas sobre a viagem do embaixador americano Almirante George Anderson, à África portuguesa em 1964, como foram transmitidas a Franco Nogueira:

« Lisboa, 31 de Março de 1964 - Recebi o embaixador Anderson, a seu pedido. Veio fazer o relato da sua viagem a Angola e Moçambique, donde regressou há dias. Não fez uma descrição sequente da visita. Preferiu ocupar-se de vários assuntos sem ligação entre si. Deixei-o falar quase sem o interromper. Do que Anderson disse julgo de reter o seguinte, pela ordem por que o disse.

(...)

f) Visitara muitas escolas, hospitais, serviços públicos. Tudo muito bom: alguns melhores do que na Metrópole. Impressionaram-no algumas empresas: a Cádá, a Tentativa: e era preciso que se multiplicassem às dezenas. Vira em Moçambique uma empresa agrícola que lhe parecia típica de exploração colonial: era uma sociedade norueguesa, cujos lucros vão para a Noruega. (Comentei que me sentia feliz por ver que os «exploradores» eram os puros, liberais e imaculados noruegueses - e não nós).

g) Falara com muita gente, brancos e negros. Todos reclamavam maior descentralização: o Governo central estava muito longe e era muito lento. Também escutou reclamações consoante as profissões: os médicos achavam que não tinham meios suficientes, os professores queriam mais escolas, etc. Mas isto era normal em todos os países.

(...)

m) A uma pergunta minha, declarou que nunca se sentira inseguro em Angola ou Moçambique: se tivesse levado sua mulher e filhas passeariam com ele por toda a parte sem receio. Também se admirara da falta de protecção de algumas autoridades, embora notasse que nalguns casos polícias ou jeeps armados estavam próximos dos locais onde se encontravam governadores: mas isto era normal em qualquer parte.

n) Podíamos estar orgulhosos do que estávamos fazendo no Ultramar: não interessava averiguar se podíamos, ou não, ter feito há mais tempo o que estávamos fazendo. Encontrara funcionários da mais alta competência e dedicação. A organização portuguesa do programa da visita e execução que lhe proporcionáramos haviam sido perfeitas. Ia escrever dezenas e dezenas de cartas a agradecer as atenções recebidas.

o) Das conversas no Quénia e de outras informações concluíra que os africanos eram fanáticos, e que nós tínhamos de enfrentar esse fanatismo. (Observei muito calmamente que nós em matéria de África também éramos fanáticos. Anderson olhou para mim com ar muito sério, e com alguma relutância disse: «It is true.»)

p) Como lhe perguntasse se, como eu previra antes da sua partida, entendia agora melhor Portugal e a política portuguesa, Anderson respondeu que sim: a sua viagem fora imensamente instrutiva. Está claro que alguma imprensa lhe atribuíra declarações que não fizera e opiniões que não exprimira. Mas isso não tinha importância.

q) Perguntei-lhe se, perante as realidades que observara em Angola e Moçambique, compreendia melhor o nosso ressentimento com as Nações Unidas, e se concordava comigo quanto à nenhuma ligação entre o que se dizia na ONU e o que existia e se passava no Ultramar português. Anderson comentou que decerto nos compreendia melhor: mas havia de facto uma ligação entra a ONU e a nossa África e consistia no facto daquela ir continuar com a sua pressão sobre nós. Um pouco desligadamente, e com veemência, Anderson afirmou: «Os Estados Unidos não vão mudar a sua política». Depois, aludiu à necessidade de aumentarmos a nossa campanha de «public relations» nos Estados Unidos, e até no Mundo. Muito havíamos feito: mas havia que fazer mais e em novos meios. Anderson sublinhou este aspecto mais de uma vez.
(...)»

Franco Nogueira
Diálogos Interditos - A política externa portuguesa e a guerra de África, II volume, Intervenção, 1979 pág. 34 - 42

zazie disse...

Obrigada. É bem pertinente essa entrevista.

Mas, sabe números em relação ao tipo de profissões que os brancos lá desempenhavam.

Só por curiosidade que eu não sei. E não sei mesmo qual o peso da função pública.

muja disse...

Não é entrevista. Bom, quer dizer, é uma entrevista concedida ao embaixador americano pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, suponho. Mas não foi para a imprensa.

Deixe-me ver ser fala aqui disso. Também ainda não acabei de ler...

JC disse...

Eu gostava de perceber porque é que a guerra nas provincias ultramarinas, na década de 60 do séc XX, não era encarada como uma defesa contra uma agressão a Portugal quando, uns 70 anos antes, a alegada fraqueza da Monarquia na defesa do Ultramar (Ultimato britânico) foi bandeira dos Republicanos contra a Monarquia.
E foi também, o Ultramar, um dos motivos (ou O motivo) da entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial.

O que aconteceu ao longo desses 70 anos para que o pensar português sobre o Ultramar se tenha modificado?

Ou nada mudou e o que sucedeu foi um aproveitamento ou manipulação das mentalidades ocorrido a partir da década de sessenta, por parte do tal pensamento esquerdista que se instalou em certos sectores?

muja disse...

Zazie,

não encontro aqui nada...

Onde se deve encontrar isso há-de ser numa daquelas publicações do Governo, em que se faz o apanhado das actividades governativas para o ano, digo eu.

Creio que o José já aqui publicou algumas páginas de um relativo a um dos anos de governo de Marcello Caetano.

muja disse...

JC,

aconteceu, pelo menos, a 2a Grande Guerra... e a União Soviética tê-la vencido...

josé disse...

mujahedin:
Não me lembro de ter escrito que o 25 de Abril foi factor retardador da queda do muro.

Quanto ao esquerdismo e sua influência na população, acho que só teve verdadeira influência depois do 25 de Abril, porque tomaram todos os media, sem excepção, de assalto.

Uma revista como o Observador não tinha lugar editorial depois do 25 de Abril. Foi como se a censura democrática tivesse actuado de modo muitissimo mais eficaz do que a censura do Estado Novo.

E ainda perdura. Para mim, um dos grandes responsáveis é o Balsemão.

Vivendi disse...

Um post de qualidade só poderia gerar comentários (na grande maioria) de qualidade.

Vivendi disse...

O maio de 68, a pílula, fenómenos como o beatles tornaram o Estado Novo demodé.

Mas que ninguém pense que é só Portugal que está decadente, estende-se a toda a Europa e até aos impensáveis EUA. A esquerda perdeu na economia (já não procura mais o controle total da economia mas quer participar com as grandes multinacionais = capitalismo de estado) mas ganhou em tudo resto.
Social democracia é pura vaselina para enfiar o socialismo.

Vivendi disse...

O maio de 68, a pílula, fenómenos como o beatles tornaram o Estado Novo demodé.

Mas que ninguém pense que é só Portugal que está decadente, estende-se a toda a Europa e até aos impensáveis EUA. A esquerda perdeu na economia (já não procura mais o controle total da economia mas quer participar com as grandes multinacionais = capitalismo de estado) mas ganhou em tudo resto.
Social democracia é pura vaselina para enfiar o socialismo.

josé disse...

"O maio de 68, a pílula, fenómenos como o beatles tornaram o Estado Novo demodé."

Acho que não foi apenas isso. Esses fenómenos acabaram por se infiltrarem socialmente por cá. Mas...e na então Cortina de Ferro?

O que por cá sucedeu e me intriga é outra coisa: como é que a Esquerda marxista ( pcp e ps mais o ppd da época) logrou abarcar todo o espaço político sem deixar lugar às ideias que a combatiam antes?

Vivendi disse...

Havia uma clivagem ideológica mas Salazar sabia que a experiencia socialista totalitária teria o seu fim.

O pior inimigo de Portugal foi mesmo a ONU conjugado com a infiltração dos judeus no controle do governo americano.

Portugal analisado de forma fria olhando apenas gráficos e estáticas era um caso de extraordinário sucesso apoiados num sistema económico e organizativo muito eficaz.

josé disse...

Mas essa análise poderia aplicar-se aos países europeus. E Portugal na altura, ou seja, nos anos sessenta, tinha gente que pensava à esquerda marxista, mas não era avassaladoramente predominante como se tornou então.

Basta ler o Diário Popular e o suplemente literário das Quintas-Feiras. E o Observador, como já referi.

Vitorino Nemésio não era da esquerda marxista...

Então como é que logo a seguir ao 25 de Abril, praticamente um mês depois era tudo marxista?

COmo é que tal fenómeno surgiu assim do quase nada que apesar de tudo era muito porque o panorama era já de esquerda escondida e calafetada?

josé disse...

Em França a Esquerda mediática tinha o Nouvel Observateur mas este ( dirigido por Jean Daniel, um judeu cultivado)era anti-marxista e pró-americano nas questões israelitas ( et pour cause).

Tinha a L´Express que era de centro verdadeiro e a Le Point.

Os comunistas franceses tinham quase nada de nada.

Então como foi possível cá se aplanar tudo pelo gosto comunista?

josé disse...

O que se fez intelectualmente em 1974 foi o maior crime que sofremos nos últimos 40 anos, porque nos moldou a uma mentalidade que não era a nossa.

muja disse...

José,

já não sei onde vi isso escrito. Tenho quase a certeza que foi por aqui. Mas tinha ideia que teria sido o José, embora não num postal, mas num comentário.
Mas se não se lembra, é porque estou provavelmente enganado.

Em todo o caso, não importa. Independentemente de quem o escreveu, acho que é plausível.

josé disse...

Quanto a mim foi essa mentalidade a origem directa e imediata das três bancarrotas.

zazie disse...

Os outros países não tiveram uma revolução.

o 25 de Abril, mesmo que tenha sido um golpe de Estado, transdormou-se numa revolução "em marcha" no PREC. Era a esquerda e extrema-esquerda a verem quem levava mais longe a dita cuja.

O resto ou não existia, ou teve medo ou se passou para onde dava mais.

Miguel Dias disse...

Carlos às 11:26 afirmou: "sendo Portugal um país predominantemente católico, como é possível termos chegados aqui?"

Precisamente por sermos um País predominantemente católico é que aqui chegamos, precisamente por esse facto é que o fanatismo e as ideias comunistas vingaram em largos sectores da sociedade portuguesa. Eu sendo católico, não tenho receio em reconhecer a fatalidade da relação. Como disse Graham Greene - ele próprio católico - o catolicismo nutre simpatia pelas fés sinceras, como é o caso da fé na sociedade comunista.

A Mãe de Álvaro Cunhal era um fervorsa crente católica e uma "beata", tendo transmitido ao filho uma personalidade fervorosa e fanática, crente numa fé, tendo apenas mudado o objecto de adoração.

Os Partidos comunistas (leninistas) só singraram em países maioritariamente católicos na Europa ocidental: Espanha, Portugal, Itália, França. A Polónia é um caso excepcional porque o comunismo ficou associado a uma invasão e ao domínio estrangeiro/soviético, daí a próprio experiência ter levado à rejeição do sistema comunista.
No Bloco de Leste - Hungria, Checoslováquia - o sistema comunista só sobreviveu por ter sido imposto do exterior e ao domínio soviético, na RDA sobreviveu porque se alicerçou sobre as raízes e estruturas do sistema totalitário nazi. Em nenhum desses países a índole e o carácter dos povos levariam ao triunfo do comunismo ou à existência de poderosos e influentes partidos comunistas.

Qual a influência do partido comunista na Grâ-bretanha? E nos Países nórdicos? Na Holanda?

Miguel Dias disse...

Na Faculdade, tive duas colegas, que vinham de meios católicos tradicionais, ambas participavam em coros da Igreja e poderiam ser catalogadas de beatas, de acordo com os esterótipos tradicionais. Após algum tempo expostas à propaganda e à cultura comunista/leninista tornaram-se fanáticas esquerdistas. Deduzi que a ideia de uma salvação da humanidade e a fervorosa mentalidade católica tinha sido terreno fértil para o triunfo das ideias esquerdistas na mente delas, quando perderam a fé em Deus.

Na minha opinião, os vestígios da Inquisição na Península Ibérica, deixou ainda marcas de perseguição e intolerância nas mentalidades que, se o PCP obtivesse o poder político isolado, viria novamente a crescer na sociedade.

Maria disse...

Muito do que a Zazie escreve relativamente à vivência nas ex-Províncias Ultramarinas está mais ou menos correcto, mas não totalmente porque não conheceu os territórios. Pena que não tenha visitado nenhuma das P.U., porque, boa observadora que é, teria tido oportunidade de verificar in loco o modo de viver daquelas gentes e qual era a verdadeira relação social e/ou económica entre portugueses continentais e portugueses angolanos, são-tomenses, guinienses e moçambicanos e mesmo macaenses e timorenses (embora destes dois territórios só de ouvir contar e de ler, porque não os visitei).

Mas Angola, sim visitei e Moçambique também, mas este só de passagem, embora tenha conhecido alguns moçambicanos e por eles tenha tido suficientes relatos para ter uma ideia precisa sobre a fraternidade e amizade havidas entre os portugueses de cá e os de lá.

Tive oportunidade de ir a Luanda de visita, com os meus pais e um grupo de amigos deles, pouco tempo antes do 25/4. A amizade entre os portugueses de todas tonalidades de pele nos dois Continentes, era um facto verdadeiro. Havia racismo? É possível, mas não o constatei pessoalmente e bem que conheci muita gente, tanto pretos como mulatos oriundos desses dois territórios. É certo que só andei pela parte desenvolvida de Luanda. É natural que houvesse bairros pobres e gente carenciada (mas também os havia nesses tempos e continuam a existir no presente, nos chamados países ricos da Europa e mesmo nos Estados Unidos, no México e então no Brasil actual, que se 'democratizou' há muito, nem é bom falar...) - mas sinceramente não me recordo de ouvir alguém dizer que havia fome e miséria tanto na capital como na imensidão do restante território.

Ainda novinha mas com idade suficiente para me aperceber se havia ou não algum tipo de discriminação entre brancos e pretos (embora, sou franca, nem por um segundo me passou pela cabeça que tal pudesse pudesse ir encontrar em toda a África portuguesa). Nos quinze dias que por lá andamos ainda houve oportunidade de irmos, os Pais e o grupo, a uma Boîte, como então se dizia. Tal como esperava encontrei tudo normalíssimo, um ambiente muito agradável e dentre a clientela havia brancos, cabritos, mulatos e pretos, todos em plena harmonia e perfeita confraternização.

Na Guiné (Bissau), passei em trânsito, pelo só tive oportunidade de contactar com o pessoal do Aeroporto e de um restaurante próximo onde tomámos uma refeição ligeira. Novamente tudo normal, o trato entre empregados e clientes correcto, sem sombra de superioridade e/ou racismo.
De S.Tomé, que infelizmente não visitei, tudo quanto sei por transmição directa é que se vivia em absoluta paz e tranquilidade e sem a menor hipótese de golpes, conspirações ou insurreições, porque além se ser este um povo extremamente pacífico, não havia fome nem carências que os justificasse.
(cont.)

zazie disse...

Pois, mas eu não me pronunciei acerca de nada disso, não só porque não conheci nem vivi, como porque também nunca senti por cá o racismo de que agora se fala.

Eu apenas referi que conheci algumas coisas negativas acerca do tipo de portugueses que também iam para lá e depois voltavam a esnobar.

E, acerca desses, não tenho problemas de referir o que sempre me enojou.

Era isso mesmo- faziam parte da cagotaria de todos os tempos. Dos que estão em todas as revoluções, em todas as ocupações; em tudo o que seja a moral da inveja.

Os feios, porcos e maus.
Quando mandam, em terra de cegos, devem ser os piores de todos.

zazie disse...

A diferença a que me referi, não dizia respeito a brancos de cá e negros de lá.

Dizia respeito a brancos de lá e brancos de cá.

Os valores e costumes eram absolutamente diferentes.

E isso confirmou-se quando voltaram.

O bruto carro a puto que nem idade tinha para guiar, e com carta passada, foi um mero exemplo dos hábitos de pequenas (e grandes) vigarices que por lá eram corriqueiras e não eram por cá.

Por cá ainda havia a boa moral da palavra e da honra.

zazie disse...

Claro que hoje em dia nada disso conta.

Ficou tudo assim.

Maria disse...

(conclusão)

Como dizia um familiar meu que conhecia bem o território, isto logo após terem rebentado as guerras em Angola e Moçambique: "em S. Tomé não vai haver guerra nenhuma, aquele povo é pacífico e além disso nunca passa fome, basta-lhe esticar um braço e tem logo um fruto qualquer ao seu alcance".
Aliás, a independência em S.Tomé, Cabo Verde e mesmo Angola e Moçambique, Timor e mais tarde em Macau (esta 'independência' então foi quase à força) não era pedida nem desejada pelos respectivos povos, mas sim imposta à lei da bala pelo internacionalismo marxista, com a ajuda traidora dos comunistas instalados no governo de Lisboa (sem estes criminosos a comandar as tropas, literalmente, as descolonizações não se teriam verificado tal como o foram ou, o que é mais certo, nem sequer teriam existido, pelo menos nos tempos mais próximos e de certeza absoluta nunca daquele modo brutal e sanguinário) que, como toda a gente sabe, estava ansioso por dominar todos aqueles riquíssimos territórios para os explorar em seu próprio proveito. Como efectivamente se veio a verificar, caso dúvidas ainda houvesse.

A tremenda inveja da paz e da alegria e da harmonia entre as pessoas, que se vivia tanto no Portugal Europeu como em todo o Ultramarino, a ganância e cobiça desmesuradas pelas riquezas do solo e sub-solo sobretudo de Angola, mas não só, a defesa intransigente das nossas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, o nosso imenso patriotismo - permanentemente exaltado pelo regime e que nos fazia bem à alma - talvez sem paralelo no mundo, a nossa ligação lusitânica e de sangue aos portugueses dos outros Continentes, o nosso orgulho genuíno de termos, nós ou algum familiar, nascido num dos territórios Ultramarinos, tudo isto provocava uma inveja doentia e um ódio de morte em relação aos portugueses e em particular ao seu Governante máximo. Mais que não fosse porque estava terminantemente proibida a entrada em território nacional de traidores à Pátria e de conspiradores, designadamente comunistas e socialistas/maçons que, sendo embora relativamente poucos em número nos países onde se encontravam exilados, tinham toda a ajuda política e militar necessárias para manobrar e ir minando o terreno, alterando a pouco e pouco algumas mentes mais influenciáveis, o que apesar de tudo não deixava de ir provocando alguma, pouca, mossa.

Tenho para mim, que tivesse a Perestroika acontecido mesmo que só alguns meses antes de Abril de 74, não teria havido o golpe de Estado e consequentemente o Prof. M. Caetano não teria sido levado a cometer ingènuamente dois erros políticos crassos. O 1º., abrir as portas do País de par em par aos traidores à Pátria e conspiradores conhecidos, sendo estes os piores inimigos de Portugal. O 2º. e pior do que o primeiro, aceitá-los polìticamente como seus iguais, quando era por demais sabido (o Dr. Salazar alertou-nos vezes sem conta para esse perigo) que eram e são as criaturas mais corruptas e criminosas e os maiores inimigos do povo português e de Portugal.

Vivendi disse...

José,

Portugal tinha muito ouro. E o tabuleiro da comunada parola era totalmente controlado pelos EUA e URSS.

Hoje Portugal já nem metade do ouro tem.

muja disse...

O problema não é o ouro, Vivendi. Ouro ou dinheiro são relativamente fáceis de arranjar, só tem que se trabalhar mais ou menos.

O problema é o resto. Visto tudo em conjunto, Portugal está numa situação extremamente grave e arriscada para a sua existência.

Não possui, neste momento, meios para se defender contra quelquer agressão exterior.

A população portuguesa definha. Era essencial aumentar a taxa de natalidade. É um absurdo resolver esse problema com imigração.

É crítico revitalizar a indústria pesada e a manufactura. Sem produzir, não nos sustentaremos e, pior, não seremos relevantes para ninguém, que é meio caminho andado para desaparecermos.

Re-ordenar o território e fazer o levantamento dos recursos naturais disponíveis, que tenho a certeza que ninguém sabe, excepto os abutres que os delapidam.

Tudo isto deveria fazer parte de e ser articulado com, em termos de política externa, as preparações para o fim da UE, que me parece inevitável a médio prazo.

Carlos disse...

Caro Miguel Dias,

Apreciei os seus comentários.
No entanto, não era sobre o fanatismo, ou espírito de seita a que me referia, mas sim sobre a doutrina.

Cordiais cumprimentos.