segunda-feira, setembro 15, 2014

"A crise e o Estado" na TVI e o elogio de Salazar e Caetano

No programa Olhos nos Olhos na TVI24, Medina Carreira e António Barreto estão neste momento a dizer coisas verdadeiramente extraordinárias sobre a crise que atravessamos e o Estado que temos. Essencialmente a ideia básica é que somos pobres. Em tudo, particularmente na inteligência de quem manda.
António Barreto acabou de dizer uma coisa que merece destaque. Depois de realçar a actual incompetência técnica e científica, denotada por exemplo na parecerística a que o Governo recorre, às firmas do regime, disse:

" O Estado português há cinquenta anos tinha bastante competência técnica e científica para operar. Hoje não tem, porque o que é fino hoje, o que é bom é encomendar aos escritórios de advogados, encomendar às multinacionais americanas, inglesas, alemãs ou francesas; às empresas privadas que vão fazer auditorias e consultorias e todo esse mundo passou para o privado. O privado o que quer é fazer negócios".

Medina Carreira concordou.

Portanto, temos um elogio a Salazar e ao Estado Novo. Novidade? Nem por isso. Novidade é apenas que se diga isto frisando que há cinquenta anos, portanto nos anos sessenta, havia maior competência no Estado do que hoje.

Ilações? Como não se falou abertamente no regime de Salazar e nas virtualidades do regime anterior, fica a verificação dos factos que são evidentes e que estes dois socialistas que estiveram em governos, nos anos setenta, logo a seguir à Revolução, acabam por confirmar: Salazar tem que ser lembrado pelo que fez e pelo que pensava.

Medina Carreira diz, para realçar a ausência de controlo de despesas ( "nenhum político se opõe a despesas do Estado"):

"Quem controla e fiscaliza os dinheiros do Estado? Ninguém!"

Huummm...no tempo de Marcello Caetano, os "dinheiros do Estado" eram controlados de modo que hoje nem se sonha. E Medina Carreira devia saber disto e lembrar-se.

Ora leia-se o que já foi escrito aqui, citando Marcello Caetano:

Deve-se ao Dr. Salazar a ordem mantida durante quase meio século nas finanças portuguesas. Caprichei em conservá-la. A partir de um orçamento prudentemente equilibrado praticava-se uma gestão legalista em que a previsão orçamental das despesas tinha de ser respeitada.
As despesas ordinárias ficavam sempre muito abaixo das receitas ordinárias para que o saldo pudesse servir de cobertura às despesas extraordinárias militares e até a algumas de fomento. NO rigor dos princípios, o que se empregava em investimentos reprodutivos podia- até talvez devesse- ser obtido por empréstimo: mas a verdade é que só uma parte o foi, porque se encontrou sempre maneira de conter o montante da dívida muito abaixo das possibilidades do crédito nacional e da percentagem razoável do Produto Nacional Bruto.As despesas militares eram um quebra-cabeças. (...) Debalde eu determinara que não se excedesse com as despesas militares os 40% do orçamento geral do Estado: ia-se até aos 45%, e o pior é que se tinha a consciência de uma péssima administração do Exército, pois na Marinha e Força Aérea as previsões orçamentais eram respeitadas."

Amanhã há mais...

26 comentários:

Floribundus disse...

os partidos, cada dia mais ex-cavacados',
já não têm conserto

sempre viveram para as suas clientelas: dos sociais-fascistas ao pp

os dependentes são geralmente todos inúteis e muitos adeptos da corrupção (felizmente não há corruptos)

o recurso ao privado é uma dupla necessidade
fruto da incompetência e desleixo do MONSTRO
sustento dos AMIGOS

choldra disse...

O Medina mencionou o visto prévio como medida para controlar a dívida. Hoje nem com um ineficaz tribunal de Contas se consegue um milionésimo do que com aquela simples medida.Aprendam com o passado.

Vivendi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vivendi disse...

Se Salazar hipoteticamente tivesse nascido em algum "país moderno e avançado" teríamos Universidades/ Institutos com o seu nome, estudava-se abertamente os seus ensinamentos, as suas ideias a sua metodologia, procurava-se transmitir as gerações seguintes e até embalava-se e exportava-se com uma série de merchandising por esse mundo fora pontuado com uma casa-museu no local onde nasceu para peregrinação.

Calhou nascer pobre, provinciano e católico num país de desmiolados...

Apesar de ter governado com elevado sucesso (opinião quantificável e não qualificativa) e sendo admirado por grandes figuras intelectuais do seu tempo, Salazar, é reconhecido hoje pela sociedade portuguesa como uma figura obscura.

Um povo que foi ardilosamente manipulado para rejeitar totalmente a história passada mas no tempo presente é comandado por vigaristas da pior espécie.

Diogo disse...

No fundo, no fundo, não existe grande diferença entre hoje e há cinquenta anos atrás.

Há 50 anos atrás, o Dr. Salazar era o capataz das cinco famílias mais ricas de Portugal que, por seu turno, eram capatazes da Banca.

Hoje, é mais perceptível o facto dos governos estarem a soldo da Banca (com alguns intermediários a encherem-se pelo meio).

A população, essa, continua na m*rd* (e a piorar de dia para dia).

Talvez a antiga guerra colonial se direcione, hoje, para os parasitas do Grande Dinheiro. Talvez nada mais desse mais prazer à população do que ver as cabeças de alguns Salgados, Gonçalves e Ulrichs espetados em paus.

josé disse...

O Diogo foi alimentado a patranhas pelo que não é de admirar que se exprima em conformidade.

Salazar não era capataz, mas apenas líder de um país que então era a nossa Pátria, sem vergonha do conceito.

A ideologia que alimentou o Diogo é anti-Pátria porque só vê parasitas, grande dinheiro e coisas do género nas realidades dos países.

Vai-se a ver onde levou essa ideologia e sem excpeção temos regimes concentracionários, totalitários e fascistas, de esquerda, naturalmente. Os verdadeiros...

zazie disse...

O Diogo é um comuna à moda antiga. Ele e o xatoo. A diferença é que depois inventaram a personagem a abater no banqueiro usurário, em vez de ser no gordo capitalista.

zazie disse...

E sempre om esta tara da Revolução Francesa e de empalarem "os ricos".

Para depois mandarem os chefes dos pobres e enriquecerem eles sem precisarem de produzir nada.

Ricciardi disse...

José, eu tenho-o lido com alguma regularidade. É claro que o caro josé enxerga boas virtudes no regime anterior - o estado novo, algumas delas que eu partilho inteiramente. Outras nem por isso, como a politica ultramarina. Mas isso é outra conversa.
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Não obstante, eu gostava apenas de lhe colocar uma questão se quiser ter a maçada de responder. Vc aprecia o modelo de regime anterior ou as pessoas que lideraram o regime?
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No regime anterior tivemos gentes competentes, no actual são rarissimas. Mas os competentes existem e 'andam por aí'.
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Em regimes semelhantes ao nosso actual, noutros paises, da europa às americas, existem pessoas competentes como competentes foram alguns dos nossos do antigo regime.
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Em suma, imagine que os militares tomavam conta disto novamente e colocavam na chefia um novo 'salazarinho' mas pequenino em competencia. Pior, imagine que colocam na chefia um perfeito comunista do tipo Kim da corea ou outro qualquer desse nivel. Ele há tantos em Portugal...
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Onde está o mérito desse regime?
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Em lado algum. O regime, naquele modelo de autocracia, é extremamente perigoso. Uma rifa, vá.
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Ao mesmo tempo temos estudos que demonstram que foram dois regimes autocraticos (marques pombal e salazar -vide livro Ricardo Arroja) que melhor serviram Portugal em termos economicos. Ambos acabaram, como acabam sempre as autocracias dependentes do génio de um lider.
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Que modelo poderiamos então ter que pudesse dar algumas garantias que os nossos governantes futuros fossem aquele que melhor garantias dariam de estarem melhor preparados do que esta gente que sai dos partidos e que nos desgraça?
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Rb

josé disse...

Caro Rb: responder a essa pergunta carece um livro ou vários que não consigo escrever com qualidade.

Era desses livros que gostaria de ler e tenho poucos exemplos, normalmente fragmentados.

Mas posso tentar dizer em poucas linhas:

O modelo de regime que poderíamos ter não pode ser o do Estado Novo que teve a sua época. Mas podemos tentar perceber a época do Estado Novo para entendermos como foi esse regime e o que fez verdadeiramente. Assim já talvez possamos perceber o que é preciso fazer.
Quanto às pessoas do regime antigo eram fruto do tempo e da Educação que existia e que era de grande qualidade.

Portanto já temos duas ideias: estudar o regime do Estado Novo, sem preconceitos e conhecer o que pensavam os líderes da época e como foram ensinados.

O que António Barreto e Medina Carreira disseram ontem é muito interessante: havia mais qualidade e inteligência há cinquenta anos?

Quem sabe?

Por mim acho que sim.

Ricciardi disse...

Mas olhe, José, eu tenho a certeza de que se Salazar estivesse a liderar o país, constatariamos que, afinal, existem bastantes pessoas nos dias de hoje competentes e inteligentes para o assessorar.
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É natural que Medina e Barreto digam isso. Uma espécie de jarretice. No meu tempo...
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Temos pessoas de muito boa qualidade e que estudaram em Portugal, mas parece-me que 90% delas não trabalham em Portugal e/ou colaboram na governança.
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A vantagem do antigo regime era obvia. Um bom lider, sagaz e inteligente sabe escolher uns punhados de gente da mais fina flor da sociedade. Ele escolhe os melhores de entre os melhores.
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Hoje não é assim. Não porque não existam, porque existem e provam-no no estrangeiro, mas antes porque não estão e não fizeram carreira na esfera dos partidos. O mérito é coisa acessória. Daí que dê a (falsa) sensação que o pessoal desta geração são uma cambada de nabos.
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Portanto, o problema reside na possibilidade de escolha. A partidocracia limita o leque de escolhas aos membros de cada partido. E nós escolhemos aquilo que eles previamente escolheram. O Medina dizia que escolhiamos o refugo do refugo.
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A autocracia não está limitada, pode escolher de entre todos.
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Mas que autocracia?
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Rb

Ricciardi disse...

Eu, confesso, nem sempre fui assim :). Nunca via méritos na autocracia. pelo contrário.
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A autocracia é coisa que devém na natureza. Há sempre um lider em todas as comunidades. Alguém que se destaca e se destaca sobre os outros. As tribos tinham um chefe. Os militares têm um comandante. As seitas tem um guru, os japs um imperador. Roma um Caeser. As religiões tem um papa ou coisa equivalente. As comunidades de angola tinha um soba. Os russos tinham um czar. Os lusitanos tiveram um Rei dom Afonso Henriques. As alcateias tem um alfa. As aves têm um guia.
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Enfim, todos eles eram lideres que as comunidades aceitavam naturalmente e que se destacaram por obras valorosas, sagacidade ou simples força fisica dependendo dos tempos. Tinham algo de incomum e que fazia a diferença para beneficio da comunidade.
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As obras deixaram de ter relevancia. Um Socrates ou um Passos foram lideres sem obras. O mérito deixou de ser algo intrinseco e passou a ser uma oportunidade que o tempo sempre dá (se se esperar o tempo suficiente chega a nossa vez).
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Sobra a sagacidade e a força fisica. A sagacidade é aproveitada para fins particulares ou de tactica partidaria. A força fisica deixou de ser relevante, mas ainda é a única que pode submeter todas as outras.
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Bem sei que a monarquia não é garantia absoluta de que nos sai um Rei fino. Mas quer-me parecer que é o único sistema que nos pode dar garantias probabilisticas de que um principe que é educado desde a sua meninice da melhor forma, deve corresponder a um Rei competente. Com os melhores tutores.
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Mais do que tudo o principe vai crescer nos valores e tradições de Portugal. E quem é educado e criado e formado dentro do espirito de nação, as ideologias internacionalistas deixam de ter lugar porque passa a valer mais o interesse da nação do que o interesse da facção.
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Rb

zazie disse...

Passar o tempo a dizer-se que há 40 anos é que mudou tudo, não é ser-se jarreta.

Ser-se jarreta é falar-se em como era há 40 anos e 1 mês.

O tabu é este- atirar com jarretismo para cima e fazer-se processo de intenção que se defende ditadura.

Logo- nem merece a pena estudar esse tempo que só interessa a jarretas- por uns dias, claro.

José** disse...

Caro José,
Caro Rb,
Caros todos,


A época do Estado Novo.
Esta época foi marquada por actos de guerra contra civis e religiosos, destruições de bens matérias e imateriais.
As vitimas foram os indivíduos, as famílias e a nação ; o clero católico foi também destruído. Podemos considerar que as consequências destas destruições desafiaram a existência mesma do povo português e da nação portuguesa. Foi neste contexto que veio o Estado Novo.

O que foi o regime ?
O regime foi uma ambição de renovação nacional. Foi um ciclo de reformas conseguidas de forma prudente e equilibrada. Foi exemplar nos resultados obtidos a partir das rectas intenções anunciadas.

Não foi uma sinecura nem um passeio no bosque. Houve sacrifícios cujos resultados foram protegidos. As oposições que podiam os por em causa (entre os quais os nacionalistas mais ferventes e os comunistas mais fanáticos) eram perseguidos por via legal e meios de policia.

A dita renovação iniciou-se com a reforma financeira que visou estabilizar as condições de vida. A objecto central desta primeira reforma era melhorar a estabilidade dos salários, do poder de compra e da fiscalidade. Isto é melhorar a vida dos indivíduos e, por conseguinte, das famílias, e, por conseguinte outra vez e finalmente, a nação.

Esta reforma era um ciclo vivo que não podia funcionar com um órgão de decisão largo e explodido. Para obter os resultados desejados, tinha que ser rápido e por isso haver concentração e poder de veto. Destas circunstâncias excepcionais nasceu uma forma especial de governo, forjado por princípios de equilíbrio e prudência. É por isso mesmo que Salazar foi cunhado de “ditador das finanças” . Foi assim, por ele e nestes mesmos princípios, que foram forjados estes órgãos de soberania e seus homens: o Ministério das Finanças, o Banco de Portugal e o Escudo.

Esta estabilização nacional foi realizada intencionalmente como uma base para construir o futuro. Não foi para concentrar o poder e ficar assim.

Rapidamente, uma vez esta base solidamente construída sobre os princípios de equilíbrio e prudência, veio uma segunda reforma : esta visava integrar as corporações nos processos públicos. Esta reforma visava infundir os mesmos princípios de equilíbrio e prudência, desenvolvidos nas finanças, para todos os outros sectores económicos e ao mesmo tempo, permitir uma melhor apreciação das realidades para melhorar ainda mais os processos executivos. (É no aspecto da falha da reforma dita das corporações que esperamos um contraditor a não menos excelente tese de Filipe Ribeiro de Meneses.)

Em 1974, a economia (PIB) portuguesa era equivalente a 40% da economia espanhola. Em 2014, este ratio baixou para 16%. Com esta simples comparação, podemos considerar sem grande margem de erro que o Estado Novo foi objectivamente um sucesso ou, menos polemico, uma formula de competir no concerto das nações que funcionava bem para Portugal.


Tenho 40 anos e entendo a essência do regime em dois princípios:

1 - concentração dos poderes de soberania publica entre um triunvirato objectivamente implicado para construir, de forma organizada, equilibrada e prudente, o bem comum dos indivíduos, das famílias e da Nação.

2 - abertura, de uma forma organizada, equilibrada e prudente, do processo de decisão soberania aos profissionais e peritos dos sectores da vida publica.

A escolha de Salazar veio para conseguir o primeiro.
A escolha de Marcelo Caetano veio para conseguir o segundo.

Conseguimos o primeiro mas não o segundo. Não conseguindo o segundo, perdeu-se ou primeiro.

Abraço e cumprimentos a todos.

Ricciardi disse...

José**,
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Só para rectificar:
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PiB:
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1974
Espanha - 94 mil milhoes usd
Portugal - 17 mil milhoes usd
.
Pib Esp vs Port = 18%
.
.
2012
Espanha - 1.322
Portugla - 212

Pib Esp vs Port = 16%
.
Rb

José** disse...

Rb,

Retificação não quer dizer razão. Recua 4 anos (pois 74 não pode ser representativo para Portugal) e faz a comparação com os dados de 1970.

Em bilhões de dólares :

1970
Portugal 18
Espanha 39
>46%

2010
Portugal 327
Espanha 1380
>16%
Fonte: Banco Mundial

Cumps.


muja disse...

Se querem discutir isto em termos, então convém precisar umas quantas coisas: Salazar não era autocrata nenhum. Exercia o poder que lhe estava legalmente atribuído num quadro constitucional. Exactamente como Marcello Caetano.

Os factos indicam, porém, uma coisa curiosa: este regime é tão autocrata como o anterior e provavelmente mais. Há corrupção, toda a gente vê, ninguém faz nada. Porquê? Porque há medo. As pessoas têm medo porque não há ordem.

Quanto à falácia do "podia calhar-nos um Kim Jong Il", é isso mesmo: uma falácia. Preocupados com o que nos podia calhar, vai-nos calhando o "refugo do refugo".

Durante mil anos governou-se assim - "em autocracia". Podia-nos ter calhado tudo e mais alguma coisa. Porém, veja-se o que fomos ontem e o que somos hoje.

Demais a mais, quem é que ia fazer um golpe militar para lá colocar desonestos quando estes podem hoje ser eleitos com toda a facilidade?!

Mas toda esta questão é uma falsa questão porque o Presidente do Conselho não tinha poderes ilimitados.

O modelo de poder do EN é perfeitamente lógico. Muito mais que esta bosta que hoje temos.

Porque governar países de quatro em quatro anos é um absurdo. Sempre foi e sempre será.

Igualmente é um absurdo governar conforme uma maioria que pode ir como ficar, como mudar conforme os gostos e interesses que a compõem. Um governo não pode estar sujeito a caprichos deste e daquele conforme comande maior ou menor número de deputados ou caciques.

Quem não vê isto é cego.

Um governo tem de ser estável - só a estabilidade permite uma ordem duradoira. E ordem deve ser o primeiro objectivo de qualquer governo: apenas com ordem podem as pessoas planear, calcular, e trabalhar para o futuro, em vez de viverem apenas o dia de hoje sem saber o que trará o de amanhã.

Talvez os mais velhos se não apercebam, mas é desesperante tentar olhar para o futuro e não ver nada...
Não saber nada sobre o amanhã, querer abrir um negócio e não saber que impostos se vão pagar, que educação se vai ter para uma eventual família, com que cuidados de saúde se pode contar em caso de necessidade...

Portugal esvazia-se por causa disto.

Preocupados com uma eventual morte súbita não vos dais conta das hemorragias pelas quais se esvai o país...









FRANCISCO GONSALVES - 96 132 1032 disse...

Acho de muito mau gosto insinuarem de incompetentes os líderes de Portugal. Todos eles estão bem na vida; será pois a inveja e o escárnio que aqui se professa. Também uma grande dose de estupidez, pois porque carga de água eles iriam servir a causa pública? quando aqueles a quem servem, regem-se pelos valores de trapaceiros e indisciplinados. Seria caricato...
O Salazar recebeu um Estado falido, enviado para uma Guerra Mundial, e não abriu mão do Poder. Sabia o país de ladrões que tinha.
Um país que resiste ao 40 anos de tanta ladroagem só pode ser um grande país. Eu confesso que também gostaria de uma oportunidade para vos roubar. Se alguém tiver ai um tacho para me oferecer, desde já os meus sinceros agradecimentos.

muja disse...

E depois, esta ideia idiota, perfeitamente estúpida, de que não se pode voltar a atrás...

Como se quem calha em perder-se, não possa retroceder até se achar novamente em sítio conhecido e daí retomar a marcha na boa direcção.

Não só pode como é isso mesmo que deve fazer!


Ricciardi disse...

José**,
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1º Portugal nunca teve um PIB de 327. Seja contado em euros ou escudos ou usd. Em 2010 o PiB foi de 162 mil milhoes de euros.
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2º Adicionalmente 327 a dividir por 1380 não dá 16%, dá 23,6%.
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A preços CORRENTES, o PiB Usd:
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Portugal
1970 - 7 mil milhoes
2010 - 234 mil milhoes
.
Espanha
1970 - 36
2010 - 1454
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Peso PiB portugues no PiB espanhol:
1970 - 19%
2010 - 16%
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http://pt.tradingeconomics.com/spain/gdp
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Rb

Ricciardi disse...

Muja,
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Oiça, não coloco em causa a competencia de Salazar. Nem a honestidade e perspicácia etc.
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A minha pergunta não tem nada a ver com o mérito de Salazar. O que eu pergunto é coisa simples. Se não podemos ressuscitar Salazar, nem Dom João II, nem Dom Dinis, como é que podemos ter gentes com essas caracteristicas para a governança sem correr o risco de colocar lá Kim Jong's?
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Os militares que o seguraram e lhe deram condições de arranque podiam perfeitamente ter apoiado um maluco. A prova disso é que no 25 de Abril os malucos quase conseguiram aceder ao poder. Não faltou muito. Foi por um triz.
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Portanto, se vc não gosta do regime actual, a democracia (partdocracia para ser mais exacto), e gostava de governado por um novo Salazar diga-me como é que se faz isso.
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Eu só encontro resposta a isto na Monarquia. Uma monarquia como diz o Pedro Arroja, que reine de facto e não estas que vemos nas revistas cor-de-rosa.
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Vá, diga lá, se vc mandasse e fosse militar supremo o que é que fazia?
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Já imaginou?
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Agora pense que se em vez de ser vc a mandar fosse o Jeronimo de Sousa, quem acha que ele escolheria?
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Não vê que este sistema é uma lotaria?
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Já toda a gente está farta de saber que o Salazar era um bom governante. Até ganhou um concurso na RTP que se fez há uns anos. Mas um gajo não pode estar sempre a olhar para o nevoeiro à espera de D. Sebastião.
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PS (como daqui a nada estamos a discutir judeus e arabes, vou-me que parece que vai dar o Benfica na televisão).
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Rb

José** disse...

Rb,

Pronto :
1970
PIB Portugal + Ultramar = 18 bilhoes.

2010
OK. Teclei 327 em de 227.
Entretanto o rácio é correcto : 227 / 1380 dá 16%

Portanto, mantenho :
Portugal vs Espanha
46% em 1970
16% em 2010

O raciocínio pode também integrar o facto que Portugal, com 74, perde quase 50% do seu PIB.

Qual é o país que sobrevive a um golpe tão forte?

Qual é o grupo de homens que não se defende perante tal ameaça? Tu vens aqui dizer que é mal.

Cumps.

zazie disse...

Morgadinho:

Essa questão que coloca não tem a ver com o José.

Se tivesse seguido o debate a propósito do 25 de Abril, tinha lido o que ele pensa dessa treta dos reviralhos.

Já nos bastou o dos lateiros.

majoMo disse...

> "A prova disso é que no 25 de Abril os malucos quase conseguiram aceder ao poder. Não faltou muito. Foi por um triz".

Os malucos fazem maluquices, e a maluquice sendo maluca não é racional - nem racionalizante.

Os que conseguiram aceder ao poder não eram malucos. Sabiam muito bem o que estavam a fazer e à ordem de quem; tudo muito bem planeado e racionalizado - não por acaso a tomada e permanência no poder coincidiu com a necessidade da entrega imediata dos territórios do Ultramar. Esta foi a prioridade das prioridades - e não, ao invés do repetido, a comunização da Metrópole - esta era acessória e pragmaticamente impossível dada a 'real politik' estabelecida e respeitada pelos beligerantes impérios na estabelecida 'Guerra Fria'.

Depois do abandono e entrega do Ultramar (o essencial foi feito!), sairam da cena cimeira - para os inocentes úteis e as Elites habituais e sempre predominantes em Portugal tomarem o poder darem azo à sua paixão, superlativamente detectada por Camões:

"No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza"

As Elites chamam a isto democracia, para melhor convencerem os incautos...

E não foi por acaso... Conforme escreveu o lúcido e penetrante A. Valdez dos Santos: "o acaso é, quase sempre produto da determinação de alguém".

Rosa Coutinho em carta a Agostinho Neto, em Dezembro de 1974:

“Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, afim de provocar a sua debanda de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos, para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à Terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir“.

As Portuguesas Elites é que adoram dizer que eram malucos... O que não espanta. Já Oswald Spengler havia anotado: "Qual é o oposto da alma de um leão? É a alma de uma vaca!". As Elites portuguesas são de facto uma manada indigente de vacuidade permanente.

muja disse...

Não vê que este sistema é uma lotaria?

Poderá ser, já lá vamos. Mas antes disso, note que este - a tal partidocracia - nem uma lotaria é porque nas lotarias ainda se pode ganhar...

Este é o primeiro ponto que é preciso aceitar. Neste sistema nunca ganhámos nem nunca ganharemos. E até nem tem particularmente que ver com ser uma democracia acho eu. Foi uma ladroagem que aproveitou as ventoinhas da história para deitar a pata a isto, mas a democracia oferece muitas vantagens, a menor das quais não sendo a diluição de responsabilidade que lhe é típica.

Vá, diga lá, se vc mandasse e fosse militar supremo o que é que fazia?

Já aqui em tempos falámos disso.

O Jerónimo de Sousa, por acaso, assumindo que é tudo quanto pensamos que é, acho que nem escolheria ninguém muito diferente dos que têm vindo a ser escolhidos. Porque este sistema serve-lhes a todos. É perfeito para que a ladroagem quer. Perfeito. Porque haviam de mudar?

Donde se conclui que, alguém que quisesse mudar este sistema - particularmente alguém que estivesse disposto a pegar em armas para o fazer (mas não necessariamente) só poderia ser tudo menos parte da ladroagem, caso contrário servir-lhe-ia este sistema tão bem como serve aos outros.
Nesse caso, é de crer que fosse pessoa honesta. Ao sê-lo, saberá que a coisa mais importante que deve procurar, mais que a competência ou perspicácia, é a honestidade. E saber-se-á rodear de homens honestos, dentre os quais procurará naturalmente os melhores.

Todos esses exemplos que V. dá Rb, há-de reparar que vieram sempre ou a cavalo ou a pretexto de "democracias". É o sistema mais fácil de manipular para que tem unhas e sabe tocar-lhe a viola. E era aqui que podíamos começar a falar de judeus, mas interessa-me mais o meu país que essa gente. Eu só tenho um, eles têm muitos (talvez por isso não estimem nenhum).

Se alguma vez vier tarado desses que descreve a governar Portugal pode crer que é sob o pretexto de democracia que virá.



Maria disse...

Excelente exposição/argumentação, Mujahedin.
Mais uma vez parabéns.

O Público activista e relapso