segunda-feira, janeiro 19, 2015

As jeremíades de Camões: foi à lã e...veio tosquiado

Observador:

A Procuradora Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, quer afastar-se do caso que está a opor o Jornal de Notícias ao Correio da Manhã e, em comunicado, esclarece que apenas recebeu o diretor do JN, Afonso Camões, porque este disse ter informações sobre o caso que envolve José Sócrates. A PGR garante que nada pode fazer e aconselhou Afonso Camões a procurar um advogado.

O Coiso que não gosta d´a Coisa foi à PGR insinuar que os magistrados do processo violaram o seu segredo que por acaso estava na Justiça e já não está. No artigo que escreveu no seu jornal, para onde terá sido indicado por influência directa do recluso 44, o que diz muito sobre a liberdade de informação que temos, menciona veladamente o facto. Sobre o segredo que já não é, moita carrasco. É tudo mentira...

Agora, na SIC, o advogado Araújo, num regresso triunfante,  pós quadra dos Reis,  no seu habitual discurso fluente e de clareza exemplar,  com dicção dentífrica e palatal vem dizer que os violadores de segredo de justiça neste caso são o procurador Rosário e o juiz Alexandre. Assim, sem mais nem menos. O Coiso que não gosta d´a Coisa não disse tanto, mas agora o Araújo apocrifamente confirma: difamação em directo, pelo Araújo, aparecido depois da quadra pós Reis.

Amanhã temos mais n´a Coisa. E vai ser interessante, ou muito me engano.

Aliás, já nem é preciso esperar por amanhã. A Internet curto-circuita o tempo  e já há resposta do director d´a Coisa:

"O editorial que o 'JN' hoje publica confirma o que o 'CM' escreve sobre esse assunto. É a defesa de uma pessoa que fez algumas coisas que estão vedadas a jornalistas. Ele escuda-se no facto de, na altura em que avisou Sócrates das investigações, não ser jornalista mas sim presidente da Lusa. Mas confirma tudo". É a resposta de Octávio Ribeiro, diretor do "Correio da Manhã", ao texto publicado esta manhã por Afonso Camões, diretor do "Jornal de Notícias". "Por mim, hesito em ir às fuças cobardes de quem me quer ofender, porque resisto à ideia de meter as mãos na enxovia", escreveu Afonso Camões, em editorial hoje publicado.
Octávio Ribeiro acusa ainda a ERC, cuja independência "está posta em causa". E diz: "Acho extraordinário que as informações sobre as reuniões entre Proença de Carvalho e o presidente da ERC não tenham motivado qualquer reação no plano político. Esta ERC já não faz sentido algum". Na base de toda a polémica estão escutas a José Sócrates, que segundo o Correio da Manhã mostram ingerência do antigo primeiro-ministro na comunicação social.


Por outro lado, o assomo de dignidade restante que o presidente da ERC poderia ter dado mostra na votação da recomendação já mencionada , esfumou-se completamente com isto. Resta a magna porta de saída:

O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, absteve-se na votação da recomendação relativa a uma queixa de José Sócrates contra o Correio da Manhã por considerar que a ERC devia ter sido mais contundente na condenação que fez ao jornal.

Em fevereiro de 2014, a ERC emitiu uma recomendação em que reprovava “a atuação do Correio da Manhã” no tratamento jornalístico dado à vida de Sócrates em Paris e à ligação do ex-primeiro-ministro à Octapharma. A deliberação foi motivada por uma queixa de José Sócrates àquela entidade e Carlos Magno absteve-se. Sabe-se hoje que, nas escutas feitas ao ex-governante, Proença de Carvalho (um dos advogados de Sócrates) terá tido uma reunião com o presidente da ERC no sentido de travar as notícias do Correio da Manhã.

15 comentários:

Floribundus disse...

sempre ouvi dizer que
'o segredo é a alma do negócio'

'arrecadado' o 44 regressou ao ócio
donde comanda o negócio

araújo é, como convém, muito comedido,
duma clareza invulgar e inteligência arguta

'ad angusta per augusta'

quibus passou a cuibus
e alcalino a calino


BELIAL disse...

A vantagem de se eleger um merdas é que este escolhe gajos, tão ou mais, merdas - do que ele.

O efeito depurador da "democracia" do voto, é assim, mais visível, eficaz.

E, mais fácil - o efeito dominó.

Amen!

Floribundus disse...

alteração de uma lei básica da física

« sujeira atrai porcaria, na razão directa das 'massas' e na razão inversa do quadrado da distância »

outrora a Agência Magno dedicava-se a funerais

Carlos disse...

A razão de uma expressão premonitória a norte: " Vão lá gozar o Camões!"

foca disse...

Alguém sabe do Marinho e da outra que anda agora na OA?
Ninguém se incomoda com o facto publico e notório do advogado do 44 dar entrevistas na SIC a comentar um processo?

E sobre o tal Araújo, alguém se vai dedicar a relacionar o indivíduo com os atentados das FO25?

Ricciardi disse...

Eu confesso que não compreendo a forma como funcionam certas coisas no país.
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Vejamos, se o segredo de justiça não é coisa praticável numa sociedade moderna, se é frequente e corriqueiro o suborno a funcionários da justiça para obter informação em segredo de justiça, então, parece-me que só haverá duas formas de acabar com isto:

1ª Fazer uma lei onde em processos judiciais em que constem figuras públicas politicas, o segredo de justiça pura e simplesmente deixe de existir. Isentar dos direitos à presunção de inocência e direitos à dignidade e imagem os políticos. E, portanto, qualquer jornal poderia ter acesso a informação acerca de investigações.

2º Proibir liminarmente toda e qualquer noticia em segredo de justiça, sob pena de cancelar a licença de actividade jornalisticas do orgão que a publica. Sem mais. É segredo de justiça os jornais ficam impedidos de publicar. Se o fizerem sofrem as consequencias legais.
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Assim é que me parece um forrobodó judicial. Uns jornais compram funcionários da justiça e publicam aquilo que não era suposto publicar. Os acusados julgam-se no direito a defender a sua dignidade como resposta à publicação indevida dos processos. Ambos parecem incorrer em ilegalidades.
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E depois, bem, e depois os orgãos de comunicação lutam uns com os outros pela liderança nas audiencias. Para isso, acusam-se mutuamente. Tu deste uma informação ao acusado em segredo de justiça. Mas tu é que revelaste o segredo de justiça coisa vedada a jornalistas ou outra espécie profissional qualquer. Não, eu não era jornalista quando passei informação. Está bem, mas passas-te-a. Passei-a porque um dos vossos jornalistas me disse depois de beber uns copos. Então tambem soubeste e isso é crime. Eu soube porque voçês cometeram o crime primeiro. Não, mas nós temos o dever de informar o povo porque somos jornalistas e tu já não eras. Sim, mas eu não obtive essa informação corrompendo funcionários judiciais e vcs fizerem-no. Não, nós temos fontes, essas fontes é que poderão ter corrompido. Então, eu trasnmiti uma informação vossa de alguém que corrompeu.
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Quer dizer, não dá pé, né?
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Rb

josé disse...

O segredo de justiça hoje em dia e após as modificações introduzidas pelo governo de Sócrates só interessa para proteger a informação e a eficácia do processo.

A maior parte dos processos de inquérito em Portugal não estão em segredo de justiça porque agora é preciso pedir ao juiz de instrução que declare tal coisa e tem um formalismo próprio.

Portanto quem diz que o segredo de justiça se destina a proteger a honra dos visados está enganado porque já não é assim, na prática.

Neste caso do Camões impõe-se que se saiba o que aconteceu com esse apaniguado e outros.

Já nem interessa à investigaçãoo e este assunto que já não é segredo deve ser do conhecimento de todos porque a democracia funciona melhor assim.

Claro que o visado fica danado com isso porque é um dos tais que pensava que ficava tudo em segredo e o tipo a gozar com o pagode, fazendo parcerias com o 44.

Correu-lhe mal...e agora vira-se contra o moinho de vento que lhe desvendou o segredo vergonhoso.

josé disse...

Ou seja os tipos atentam contra o Estado de Direito e querem que fique tudo em segredo...

josé disse...

E indignam-se todos contra quem lhes revelou a marosca...fazendo o mal e a caramunha.

Incrível.

Ricciardi disse...

Mas vejamos, o José argumenta e defende que quando estão em causa o Bem Público, se deve revelar um segredo de justiça e, por maioria de razões, quando o segredo já nem é segredo. O problema deste racioccionio é que, na verdade, não sabemos se o segredo deixou verdadeiramente de ser segredo, porquanto desconhecemos se as noticias são verdadeiras ou falsas.
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Mas partindo do principio de que são verdadeiras as noticias em segredo de justiça, o facto de se revelar o segredo de justiça da forma e do modo como defende o José (e não estou propriamente em total desacordo com isso), em que é que isso beneficia a investigação e o apuramento da verdade?
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Seria uma medida, digamos, de esclarecimento ao povo. Adicionalmente, convenhamos, se a justiça revelar o segredo de justiça ou confirmar as notícias do Coiso, não poderiam as investigações serem comprometidas, um dos motivos que o juiz adiantou para prender o suspeito?
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Em todo caso, se deixar de existir segredo de justiça nesta fase instrutória/investigação, não deveria tambem o suspeito poder defender-se livremente perante as suspeitas tornadas públicas?
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Parece-me que sim. Por uma questão de principio. Se as autoridades podem lançar suspeitas sobre alguém publicamente, sem reserva, é mais do que dever do suspeito lutar para defender a sua honra.
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Rb

zazie disse...

É pá- uma notícia que é falsa não é nem deixa de ser violação de segredo de justiça.

É uma partida de carnaval, caraças!

":OP

As conversas gravadas que vieram cá para fora não foram consideradas partidas de carnaval mas sim gravações que estavam em segredo de justiça.

Isso e mais o cagar do outro e as calças na mão do terceiro.

Não foram partidas de carnaval ainda que fedessem como bombinhas de carnaval.

zazie disse...

As autoridades não lançam suspeita.

As autoridades investigam suspeitas demasiado óbvias com factos que os próprios conhecem porque os praticaram e porque lhes foi comunicado que era sobre esses factos e não por outras merdas que fizeram na vida.

zazie disse...

Isto não é tu cá tu lá.

Não é um terrorista em prisão preventiva que tem igual direito de dizer que terrorista é o outro ou o juiz.

zazie disse...

O que v.s querem é fazer campanha eleitoral a partir da prisão.

Tadinhos que nem assim enganam alguém que não seja mongo.

muja disse...

Eu acho que, antes de lançar suspeitas, se devia interrogar o porco: estás nesse ombro de livre vontade?

A obscenidade do jornalismo televisivo