domingo, janeiro 18, 2015

Portugal, país carente de humor em papel de jornal...

Magnífico artigo no Malomil sobre as revistas de humor que já houve em Portugal. E agora não há...

A democracia estuporou o humor?  Logo a seguir a 25 de Abril de 1974, com toda a liberdade possível o que apareceu foi isto...




O mais próximo que tivemos do humor tipo Charlie foi o de José Vilhena.


15 comentários:

BELIAL disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BELIAL disse...

Jovem de liceu tive acesso a quase toda a obra vásica vilhena.

Considerado badalhoco, todos o liam.
Eu achava muita graça.

Após 25 do A nem tanto, por virar para a política, apesar da mão magnifica para os cartoons e a graça natural, à lusitana.

O riso mundial, sob o pretexto de humor (que não tinha) vendia gajas boas, estilo avantajado e porno a interagir com labregos.
O propósito da revista era onanistico. Sem gastar em fotos.

Aliás, abundou, então, banda desenhada desse tipo..."adulto".

josé disse...

Para dizer a verdade, Vilhena desenhava mal e porcamente, literalmente.

E por isso nunca li ou folheei com curiosidade a folha de couve que foi publicando para sobreviver.

Melhor que ele é o Carlos Alberto que ainda é vivo e que fez aqueles desenhos que se podem ver nas Riso Mundial.

josé disse...

Quanto ao humor do Vilhena por vezes era de facto de rir.

Como daquela vez que caricaturou mal e porcamente a princesa Carolina do Mónaco e os seus representantes lhe pespegaram com um processo em que lhe pediam milhares que o pobre Vilhena nunca teve.

A reacção dele num dos números da revista foi de rir: safa! Ou coisa que o valha.

Como quem diz: porra! Esta gente está a falar a sério...

Floribundus disse...

desde que o meu filho começou a ler nunca mais li BD nem bonecada

de Vilhena adorei 'o canto livre', onde a personagem central de penico na mão se dirigia para o único local por ocupar

os sociais-fascista atiraram com a albarda ao ar

José disse...

Pois eu ainda hoje leio por causa dos desenhos de alguns autores que aprecio há muitos anos.

Há dias comprei a historiera de Tardi Adieu Brindavoine e La fleur au fusil que aliás já tinha na edição original da revista Pilote da época ( 1974). Agora comprei em espanhol. 6 euros.

E ando a comprar as aventuras de XIII que saiem às quartas no Público e por causa dos desenhos de William Vance que desenha carros, casas e espaços como poucos.

Maria disse...

Ainda bem que fala no "nosso" humorismo de antes e pós Abril. Estava à espera desta deixa.
Pessoalmente condeno em absoluto o humor que humilha ou insulta quem quer que seja. Nunca comprei o Charlie Hebdo porque nem sequer o conhecia como jornal ou revista. Mas se tal tivesse acontecido e perante as caricaturas que desde o recente e trágico acontecimento está na sua origem, devo dizer que nunca o faria por uma questão de formação moral.
Não acho admissível existir um jornal ou revista que viva ùnicamente de caricaturas insultuosas e até obscenas com a finalidade de ofender uma religião e os seus devotos, qualquer que aquela seja.

Se já me incomodava tremendamente ver numa publicação qualquer uma pessoa, político ou não, ser ofendida gratuitamente através de caricaturas abjectas, muito mais me ofenderia ver um Ser Sagrado sê-lo de um modo rasteiro e velhaco (só para achincalhar e vexar ao máximo os seus seguidores e crentes) denotando falta de educação, nenhuma ética ou decência e sobretudo um espírito demoníaco sem pingo de amor ao próximo e vivendo do ódio que alimenta quem as produz fazendo descarregar por palavras e actos (no caso caricaturas, por ser o meio mais fácil e prático a que deitaram as mãos para propagar ideias sub-reptícias mas ofensivas, umas, outras ordinárias e frontais, quase todas condenáveis porque insultuosas para milhões de leitores crentes (sabe Deus com que intenções... ou saber-se-á de facto?), para produzir mais ràpidamente o efeito pretendido.

Afinal o que aquelas caricaturas revelam um ódio mal disfarçado dos autores contra si próprios e contra todos os diferentes deles em raça e/ou religião- numa palavra, contra a Humanidade.

Peço desculpa a quem não concordar comigo mas esta é a minha posição porque foi assim que fui educada e dela não me consigo afastar. Nós éramos poucas raparigas e muitos rapazes lá em casa. O nosso Pai proibiu terminantemente a qualquer dos meus irmãos de proferirem um único palavrão em casa, se o desejassem fazer que o fizessem sòmente na rua. Foi assim que o nosso Pai e a nossa Mãe foram educados, transmitindo aos filhos a mesma educação recebida dos nossos Avós.

Sobre o Vilhena pouco sei pois só depois do 25/4 vi algumas caricaturas dele nos jornais. Só posso dizer que era um excelente desenhador. Ousado, por vezes até demasiado para o meu gosto, mas inteligente e aqui ou ali algo interessante.

Como exemplo do que eu penso dever ser um genuíno e valoroso caricaturista, temos o magnífico Augusto Cid (na verdade o único caricaturista português que eu conheço bem e cujos desenhos, esculturas e livros, que possuo, apreciei imensamente) que, sem fugir ao assunto político do momento, na época em que colaborava no jornal O Diabo, glosando sempre com enorme actualidade e extrema acutilância as figuras do regime de então sem nunca ultapassar o limite da educação e da decência, antes gracejando de um modo superior e com indiscutível humor os caricaturados, sem nunca nivelar por baixo quer as figuras satirizadas quer a legendagem nelas aposta.

Isto sim, o género de humor (sátira/crítica/ironia) saído do lápis ou caneta de Augusto Cid, pelo menos para mim, traduz/traduzia o que eu considero com rigor dever ser um verdadeiro caricaturista. Cid é um génio na arte de esculpir, de desenhar e de escrever, além de possuir uma educação superior e muita, mas muita classe como artista e como pessoa. A diferença que existe entre este senhor caricaturista e os do Charlie Hebdo é a mesma que existe entre a noite e o dia. Ou seja, não há comparação possível.

josé disse...

Cid. Fez bem lembrar porque tenho muitos desenhos dele em livro e jornal.

Floribundus disse...

deixei de ler BD por falta de tempo enquanto exerci as várias profissões em simultâneo (durmo 4-5 h)

depois deixei de ter 'cum cuibus' para a compra
passei a escrever e investigar, como agora e pro bono
1/3 da minha pequena reforma vai para os que nada têm a não ser fome
catarse!

gostava muito de ver 'eanito, el estático' de Sobral Cid, que não sei se será descendente do psiquiatra

o José falou na exposição de Paris.
no Albertina vi há uns 5 anos uma sobre o mesmo período onde aparecia o catalão Rodrigo Bórjia, papa Alex vi em fim de vida (Miguel Ângelo e o seu tempo)

josé disse...

A exposição que vi era relativamente pequena e sem grandes obras. Apenas meia dúzia de quadros de colecções particulares, alguns do Uffizi e documentos de época.

Interessante na mesma.

BELIAL disse...

As edições de vilhena tinham muita saída, a Esc. 20.

Eram encomendadas por via postal.

Não concordo com josé quanto ás caricaturas e bonecada cartoon do vilhena.

Eram bastantes curiosas - e lembravam-me aqueles portugueses que constam dos biombos japoneses nambam - que como refere SFB
s biombos Namban contam

A história alegre das navegações

Pasmo de povos de repente

Frente a frente



Alvoroço de quem vê

O tão longe tão de pé



Laca e leque

Kimono camélia

Perfeição esmero

E o sabor de tempero



Cerimónias mesuras

Nipónicas finuras

Malícia perante

Narigudas figuras

Inchados calções



Enquanto no alto

Das mastreações

Fazem pinos dão saltos

Os ágeis acrobatas

das navegações



Dançam de alegria

Porque o mundo encontrado

É muito mais belo

Do que o imaginado

(Sophia de Mello Breyner)

BELIAL disse...

Sobre a qualidade gráfica e de desenho de Jo´se vilhena, sugiro estes exemplos, tirdos da sua longa actividade:

www.tabacaria.com.pt/josevilhena/Index.htm

E pesquisar o que nele mais há.

Se isto não é cartoonar e desenhar bem...

Por curiosidade, veja-se a biografia do humorista.

BELIAL disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BELIAL disse...

PERDÃO:

http://www.tabacaria.com.pt/josevilhena/Index.htm

Jacinto Calisto disse...

http://piratasdoreino.blogspot.pt/

O Público activista e relapso