sexta-feira, maio 13, 2016

A nossa História mal contada

O jornal de referência francês, Le Monde, publicou agora um suplemento acerca do que é ser francês.
A qualidade da publicação deixa uma pessoa a sonhar sobre o que seria possível fazer sobre nós, portugueses, houvesse engenho e arte para tal.



Para além dos textos excelentes, de autores franceses e estrangeiros sobre os franceses, coligiram alguns desenhos que resumem algumas décadas passadas:






Em Setembro de 2013 o L´Express em suplemento especial publicou isto:


 Em Portugal, recentemente, não me lembro de algum jornal se ter dado ao cuidado de fazer coisa semelhante.
Há cerca de 25 a 30 anos havia quem o fizesse, mas de modo enviesado, sempre para a esquerda e sem um mínimo de distanciamento e objectividade jornalística que tal assunto deveria merecer.

Os historiadores do novo regime são sempre os mesmos e a visão histórica é sempre de pala no olho direito, afectado por doença incurável de sectarismo atávico.

O Expresso é provavelmente o jornal que mais se poderia aproximar do modelo Le Monde se Portugal fosse mais fértil em talentos do que é.  Assim, quem não tem cão, sujeita-se a caçar com gatos remelosos.

Em 22 de Abril de 1989, por ocasião da efeméride do centenário do nascimento de Salazar e dos 15 anos da Revolução de Abril, o jornal fez um número especial da Revista que dedicou ao assunto do que foi o salazarismo e o que se lhe seguiu.

Convidou um escritor- Vergílio Ferreira- que comentou por escrito algumas fotografias, despejando umas aleivosias compostas em estilo literário e pediu ainda a um Fernando Rosas, um António Costa Pinto e também a um António José Saraiva, pai ( e não tio) do director do jornal, para escreverem sobre esse nosso tempo histórico. Parece que não havia mais ninguém e portanto deixaram um "glossário do regime" a uma tal Clara Ferreira Alves que Vasco Pulido Valente haveria de apodar de  analfabeta e Francisco Belard que nem sei quem seja. Convidou ainda o comentador e intelectual de sempre, exilado em Vence e que dá pelo nome de Eduardo Lourenço, outro inevitável para nos dizer quem somos, vistos da esquerda.





O tal Rosas, militante de extrema-esquerda comunista,  erigido em historiador ad hoc, regurgitou e garatujou isto, sobre Salazar:



O tal Costa Pinto, também da militância extrema-esquerdista, conseguiu alinhavar isto:




Por seu turno, António José Saraiva, um ex-comunista arrependido e nostálgico de um tempo português em que conseguimos ser independentes e dignos,  escrevia isto que ainda hoje é o que de mais límpido se escreveu sobre Salazar, vindo do fonte insuspeita:

O "Glossário do regime", compilado por ordem alfabética em quatro páginas pela tal analfabeta é de tal modo seboso que até me repugna colocar aqui. Sobre "comissão de censura", resumia assim: " Impunham o eufemismo e a rasura, a alusão e o subentendido. Actuavam pela calada da noite fascista, longa como se sabe". É esta a noção que têm e que nem reparavam na diferença nula que passou a existir, porque a censura actual é ainda mais perversa do que aquela noção sebosa.

Nessa altura, viragem da década de oitenta para a de noventa do século que passou, o jornal ocupou-se algumas vezes em historiar fenómenos avulsos da nossa vivência secular a fim de nos dar o retrato do que somos.

Por exemplo, em 14 de Janeiro de 1989, o mesmo jornal e Revista deu-se ao cuidado de assimilar duas figuras a traço grosso, assim, para realçar o antifassismo militante do jornalismo de época:


No artigo explicativo, um tal Vicente Jorge Silva que viria dali a pouco a dirigir o novel Público, subsidiado até hoje pela Sonae, como os jornais do Estado fassista nunca o foram, escrevia estas aleivosias esquerdizantes:

Sobre a República que antecedeu o Estado Novo também publicaram um suplemento especial em 5 de Outubro de 1990 e a primeira página era assim, assinada por um tal Rui Rocha que não dá vontade de ler mais:







Sobre um dos episódios mais marcantes do nosso séc. XX, a guerra no Ultramar português, também se publicou um número especial em 16 de Março de 1991, assinado além do mais por Felícia Cabrita que entrevistou antigos combatentes, à semelhança do que o actual Correio da Manhã faz todos os domingos. É uma visão histórica feita de testemunhos pessoais do que então ocorreu. Qualquer dia não temos nenhum desses antigos combatentes para entrevistar ficando os depoimentos apócrifos entregues aos herdeiros dos filhos da mãe dos Rosas.




Enfim, tudo isto para dizer que podemos procurar nos alfarrabistas e consultar os arquivos existentes para sabermos mais da nossa História. Porém, o que encontraremos em conserva é disto que apresentei: uma História de Portugal muito mal contada.

Em Portugal para que servem os cursos superiores de História? Para isto?!

9 comentários:

JReis disse...

Uma vez mais, cursos superiores de história são parte da "educação de adultos". A academia Portuguesa só produz trampa formatada para o socialismo pelo que seria de esperar o quê da nossa imprensa escrita ?? Quantos leitores conquistaria um trabalho sistematizado e de grande qualidade como mostrou o Le Monde ?? Para termos profissionais com capacidade para fazer um trabalho de qualidade similar e mercado para o ler teria de ser feito um trabalho de base da mentalidade cultural Portuguesa e isso será coisa que os socialistas e comunistas da academia jamais permitirão.

josé disse...

Para mim esse é um dos principais problemas do país.

E quanto a mim tal estado de coisas só se reverte com a denúncia firme e contundente do comunismo.

Miguel Dias disse...

Um curso superior de História/Filosofia, em Portugal no século XXI, serviria para formar pessoas com erudição e capacidade intelectual suficiente para realizar artigos de nível semelhante ao francês ou anglo-saxônico, se o ensino superior de Humanidades não estivesse controlado pelos esquerdistas totalitários (comunistas e seitas várias), ou seja bloqueado pelo papaguear ad nauseum de ideias marxistas ou de Grasmci.

Miguel Dias disse...

Que ninguém se iluda, um Fernando Rosas, um Boaventura Sousa Santos, um António Manuel Hespanha, um Victor de Sá, e outros da mesma estirpe nunca teriam o lugar que ocupam, ou ocuparam, na Academia se não o golpe de Estado permitido pelo 25 de Abril. Os saneamentos na Universidade, serviram para colocar nas cátedras os compagnous de route e os divulgadores da doutrina comunista. Não foi o mérito, não foi o valor da obra teórica/científica, que em qualquer Universidade com o saber clássico/erudito em vigor classificaria todas as "obras" daqueles académicos como lixo ou propaganda.

Uma das tragédias, com consequências nefastas na Cultura nacional, do 25 de Abril foi o assalto à Educação pela Esquerda Totalitária. Serviu para produzir mentecaptos a granel fruto de um ensino castrador da inteligência e do espírito crítico, que é um resultado lógico do "marxismo" despejado de filosofia.

Floribundus disse...

dos ilustres maçons mencionados
um enganou-se no avião num aeroporto estrangeiro
o outro é cu arrebentado

continuo na minha sobre o rectângulo.
fico-me por Jorge de Sena
'torpe dejecto do Romano Império'

só o muito Amor a Minha Mãe me fez regressar a esta merda

onde houve Senhoras
e agora há gajas, gatas, cabras, vacas ...

Unknown disse...

Jose António Saraiva, ex-director do "Expresso", é filho de António José Saraiva e sobrinho de José Hermano Saraiva.

josé disse...

Exactamente e estou farto de saber isso porque já publiquei aqui uma entrevista que o filho fez ao pai.

asam disse...

fernando rosas é um excelente exemplo da mediocridade e da hipocrisia. É dos que diz que enquanto historiador tem de se cingir à verdade, e enquanto diz isso aproveita para ir rescrevendo a história. Há pouco houve uma entrevista dele no site do bloco.

Asam disse...

Caro José,

vai ser publicada na Visão a história do séc. XX. Talvez valha a pena acompanhar. Como não gosto da Visão não comprarei.

O Público activista e relapso