O jornal de referência francês, Le Monde, publicou agora um suplemento acerca do que é ser francês.
A qualidade da publicação deixa uma pessoa a sonhar sobre o que seria possível fazer sobre nós, portugueses, houvesse engenho e arte para tal.
Para além dos textos excelentes, de autores franceses e estrangeiros sobre os franceses, coligiram alguns desenhos que resumem algumas décadas passadas:
Em Setembro de 2013 o L´Express em suplemento especial publicou isto:
Em Portugal, recentemente, não me lembro de algum jornal se ter dado ao cuidado de fazer coisa semelhante.
Há cerca de 25 a 30 anos havia quem o fizesse, mas de modo enviesado, sempre para a esquerda e sem um mínimo de distanciamento e objectividade jornalística que tal assunto deveria merecer.
Os historiadores do novo regime são sempre os mesmos e a visão histórica é sempre de pala no olho direito, afectado por doença incurável de sectarismo atávico.
O Expresso é provavelmente o jornal que mais se poderia aproximar do modelo Le Monde se Portugal fosse mais fértil em talentos do que é. Assim, quem não tem cão, sujeita-se a caçar com gatos remelosos.
Em 22 de Abril de 1989, por ocasião da efeméride do centenário do nascimento de Salazar e dos 15 anos da Revolução de Abril, o jornal fez um número especial da Revista que dedicou ao assunto do que foi o salazarismo e o que se lhe seguiu.
Convidou um escritor- Vergílio Ferreira- que comentou por escrito algumas fotografias, despejando umas aleivosias compostas em estilo literário e pediu ainda a um Fernando Rosas, um António Costa Pinto e também a um António José Saraiva, pai ( e não tio) do director do jornal, para escreverem sobre esse nosso tempo histórico. Parece que não havia mais ninguém e portanto deixaram um "glossário do regime" a uma tal Clara Ferreira Alves que Vasco Pulido Valente haveria de apodar de analfabeta e Francisco Belard que nem sei quem seja. Convidou ainda o comentador e intelectual de sempre, exilado em Vence e que dá pelo nome de Eduardo Lourenço, outro inevitável para nos dizer quem somos, vistos da esquerda.
O tal Rosas, militante de extrema-esquerda comunista, erigido em historiador ad hoc, regurgitou e garatujou isto, sobre Salazar:
O tal Costa Pinto, também da militância extrema-esquerdista, conseguiu alinhavar isto:
Por seu turno, António José Saraiva, um ex-comunista arrependido e nostálgico de um tempo português em que conseguimos ser independentes e dignos, escrevia isto que ainda hoje é o que de mais límpido se escreveu sobre Salazar, vindo do fonte insuspeita:
O "Glossário do regime", compilado por ordem alfabética em quatro páginas pela tal analfabeta é de tal modo seboso que até me repugna colocar aqui. Sobre "comissão de censura", resumia assim: " Impunham o eufemismo e a rasura, a alusão e o subentendido. Actuavam pela calada da noite fascista, longa como se sabe". É esta a noção que têm e que nem reparavam na diferença nula que passou a existir, porque a censura actual é ainda mais perversa do que aquela noção sebosa.
Nessa altura, viragem da década de oitenta para a de noventa do século que passou, o jornal ocupou-se algumas vezes em historiar fenómenos avulsos da nossa vivência secular a fim de nos dar o retrato do que somos.
Por exemplo, em 14 de Janeiro de 1989, o mesmo jornal e Revista deu-se ao cuidado de assimilar duas figuras a traço grosso, assim, para realçar o antifassismo militante do jornalismo de época:
No artigo explicativo, um tal Vicente Jorge Silva que viria dali a pouco a dirigir o novel Público, subsidiado até hoje pela Sonae, como os jornais do Estado fassista nunca o foram, escrevia estas aleivosias esquerdizantes:
Sobre a República que antecedeu o Estado Novo também publicaram um suplemento especial em 5 de Outubro de 1990 e a primeira página era assim, assinada por um tal Rui Rocha que não dá vontade de ler mais:
Sobre um dos episódios mais marcantes do nosso séc. XX, a guerra no Ultramar português, também se publicou um número especial em 16 de Março de 1991, assinado além do mais por Felícia Cabrita que entrevistou antigos combatentes, à semelhança do que o actual Correio da Manhã faz todos os domingos. É uma visão histórica feita de testemunhos pessoais do que então ocorreu. Qualquer dia não temos nenhum desses antigos combatentes para entrevistar ficando os depoimentos apócrifos entregues aos herdeiros dos filhos da mãe dos Rosas.
Enfim, tudo isto para dizer que podemos procurar nos alfarrabistas e consultar os arquivos existentes para sabermos mais da nossa História. Porém, o que encontraremos em conserva é disto que apresentei: uma História de Portugal muito mal contada.
Em Portugal para que servem os cursos superiores de História? Para isto?!