No ano de 1981 o jornalista do "diário" ( o tal da "verdade a que temos direito"), órgão oficioso do PCP na altura em que o dinheiro ainda chegava para tal, publicou alguns artigos sobre o caso PRP-BR, do terrorismo de extrema-esquerda, particularmente sobre a greve de fome de militantes do tal partido revolucionário de um certo Carlos Antunes/Isabel do Carmo, então presos por terem ido à missa vezes demais.
Júlio Pinto, jornalista falecido em 2000, em 1981 ainda era do PCP, depois de tudo o que se sabia sobre o PCP, o Leste, a repressão comunista, os gulags, a censura, a limitação das liberdades políticas, etc etc etc. Era comunista e tal conferia-lhe uma aura de superioridade moral que é apanágio dos seus semelhantes.
Porém, o PCP não lhe chegava para lutar contra a burguesia e por isso alinhava textos por fora da linha programática do "partido" e esta organização ortodoxa não lhe perdoou e instaurou um procedimento disciplinar que acabou na expulsão por traição a tal linha ortodoxa e inflexível. Álvaro Cunhal leu a decisão.
O jornalismo da esquerda não alinhada com o PCP rasgou então as vestes de indignação por causa disso e O Jornal de 2 de Outubro de 1981 publicou assim algumas páginas, sempre sobre o acessório do assunto e nunca sobre o essencial: a especial natureza do comunismo. O editorial é exemplar do modo como chegamos à geringonça que anda por aí aos solavancos e porque é que Portugal continua a ser o país mais atrasado da Europa.
Um certo Vital Moreira só mais de meia dúzia de anos depois é que descobriu que andava enganado, no tal partido...