terça-feira, maio 31, 2016

A origem do fassismo e o báculo do nacional-intelectualismo

O jornalista da TVI, também escritor de romances de grande sucesso editorial, José Rodrigues dos Santos disse por aí a propósito do seu último livro que "o fascismo tem origem no marxismo".
Já caiu o carmo por causa disso e agora está prestes a cair-lhe em cima a trindade santa da intelectualidade lusa, o nacional-intelectualismo no seu esplendor.

Um dos actuais báculos ambulantes de tal intelligentsia escreveu hoje no Público um artigo que procura acima de tudo desfeitear o autor da tirada bombástica. Chama-se António Araújo e tem um blog-Malomil.
Não gosto do tom da lição algo pedante e que esportula citações em vez de humildade discursiva para mostrar o eventual erro.
De resto não rebate com suficiente lucidez a ideia básica daquele: as ideias marxistas precederam os fascismos e foram o seu berço.
E qual o ponto de apoio principal do argumento daquele jornalista que escreve livros de grande sucesso? Georges Sorel e o escrito Réflexions sur la violence, de 1908. Fui ver à wiki, o que deve ser um pecado grave  segundo o nacional-intelectualismo vigente e li que o Sorel, marxista terá sido um dos mentores ideológico de Mussolini. Estará errado? Só a o nacional-intelectualismo poderá dizer, através da consulta em slow reading no recato das bibliotecas.

Num exercício notável ( porque relativamente raro) de contraditório oportuno, o citado autor também responde a perguntas sobre o tema, reafirmando a tese dos seus livros: o fascismo é filho do marxismo. 





 Independentemente da razão ou não que lhe possa assistir ( e tendo a entender que não) a verdade é que o tema introduzido por José Rodrigues dos Santos deveria ser melhor explicado pelos próceres do nacional-intelectualismo em vez de lhe desfazerem o canastro recheado de best sellers e dinheiro no banco ( será uma ponta de inveja, o tal mal nacional?).

Para melhor esclarecimento ainda no ano corrente saiu em França em Abril-Maio de 2016,  a GEOHistoire que trazia um estudo alargado sobre o tema do nazismo e das suas raízes. Começa com uma entrevista a um professor da Sorbonne, Jean Chapoutot que dedicou muito do seu tempo a estudar o nazismo e a sua história.


 E terá interesse em ver-se uma evolução diacrónica do fenómeno nazi em gestação já durante o tempo do Kaiser, ou seja muito antes de Hitler aparecer com o seu Mein Kampf.




E terá eventualmente interesse saber quem poderá ter sido o inspirador directo de tal livro maldito e das suas ideias que peregrinavam há séculos na Alemanha. Eckart, que morreu em 1923, é o mentor das ideias extremistas e anti-semitas que vão inundar o livro de Hitler.


Porém,  o Partido dos Trabalhadores Alemães ( Deutsche arbeiterpartei)  que originou o NDSAP (  não surgiu com Hitler, mas com Anton Drexler. E um dos direigentes do NDSAP, Otto Strasser até se gabaria de nunca ter lido o Mein Kampf. E que pretendia este mais o irmão Gregor, no NDSAP? Precisamente aproximar o nazismo do socialismo, ou pelo menos das preocupações sociais a fim de seduzir o operariado...
Aliás, aquele tentou mesmo meter no símbolo fascista o martelo comunista...para cativar os trabalhadores. Será por isso que surgem os equívocos?


Seja como for, o nazismo é ideologia mais complexa e profunda. E assenta em bases mais antigas em que o racismo era um dos fundamentos supostamente científicos. Como o comunismo...



Finalmente: quem pretende ensinar História num artigo de jornal, em vez de usar o báculo deveria apresentar recortes. Sempre se lêem melhor.


Sobre José Rodrigues dos Santos deve dizer-se que a OBS desta semana lhe dá quatro páginas e duas são assim:



Estas coisas provocam efeitos. Espero que não seja o caso...

41 comentários:

Unknown disse...

Sobre as origens socialistas do fascismo, a sua dimensão revolucionária, a ligação do comunista Bombacci a Mussolini, o melhor que aí anda é capaz de ser Fascismo Revolucionário, de Erik Norling, editado pela Contra-Corrente.

Zephyrus disse...

O Estado Novo não foi fascista. Influenciou algumas pessoas do Regime nos anos 30. Contudo, a ditadura portuguesa evoluiu para um Regime de impostos baixos, pouca regulamentação e gradual abertura ao exterior, com a adesão à EFTA e as reformas de Marcelo Caetano. Além do mais, jamais houve políticas de nacionalismo com a essência do nacionalismo italiano ou alemão. O Regime era adepto do luso-tropicalismo da miscigenação, pretos ou brancos eram todos portugueses.

Zephyrus disse...

Quanto ao fascismo estar relacionado com o comunismo, julgo serem todos filhos do mesmo movimento. O Iluminismo deslumbrado com o progresso da Técnica que tenta criar um Homem Novo e destruir tudo o que está para trás. É a rejeição da Tradição que vinha da Antiguidade e o espalhar de mentiras sobre os Antigos, o Cristianismo ou a Idade Média. Tal como as seitas, espalham-se as teorias sobre como deve funcionar a sociedade e a partir daí vem o liberalismo, socialismo, comunismo, fascismo, etc., enquanto se constrói o Estado moderno. Essa construção começa com a vitória de D. Pedro mas tem raízes no Marquês de Pombal. Penso que os britânicos têm conseguido escapar mais a isto, afinal ainda têm a Monarquia, nunca estoiraram os colégios universitários, as instituições são proprietárias, o Estado é menos intrusivo, etc. Os franceses estão no extremo oposto e influenciaram muito a geração que tomou o poder após o 25 de Abril.

Deveríamos ser mais anglo-saxónicos ou franceses? É ver quem nos estendeu a mão quando as potências continentais tentaram invadir-nos...

Zephyrus disse...

Entretanto um desses filhos da escola francesa cripto-comunista de nome Vieira da Silva prepara-se para destruir ainda mais a economia.

TSU mais elevada para os contratados a prazo. Como se contratar a prazo fosse condenável. Uma empresa com uma encomenda temporária ou um negócio de turismo balnear vai contratar a tempo inteiro?

Aumento do salário mínimo. A Rep. Checa mais rica e menos endividada tem SM de 400 euros.

Funcionário da SS a inspeccionar as contas das 500 maiores empresas do país. Esta nunca Salazar tentou e é do mais estalinista que há. Se a UE não deixa nacionalizar, vamos controlar e meter medo.

O Estado tem as contas descontroladas há décadas e não tem mão nos desperdícios mas quer controlar as contas dos privados.

Para o ano vêm novos impostos sobre a propriedade e as heranças. É proibido ter casas avaliadas acima de 100 mil euros senão paga taxa nova e herança acima de 1 milhão... 30% para o Estado. Não é muito difícil chegar a essa valor, basta avaliar muito por cima em secretaria...

PREC II em curso mais subtil que o outro.

Ninguém vê? Nenhum jornalista vê? Não é preciso ser licenciado para perceber.

Zephyrus disse...

Entretanto a JS quer legalizar drogas leves para pagarem imposto e pôr as meninas regulamentas a passar recibo e a pagar SS. Devem pensar que resolve o défice... outra que vai correr mal, muito mal. Como se num país pequeno uma p*t* ou um prostituto quisessem o seu nome num registo do Estado como praticantes da «profissão». E que virá a seguir? Meninas de boite a pagar multa por exercerem sem licença? É de doidos!

Zephyrus disse...

Em todo o lado dito civilizado há escritores «leves» para as massas. Melhor lerem JRS que não lerem nada. O homem vende e muito e ganha dinheiro. A inveja por cá é lixada...

Merridale and Ward disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Merridale and Ward disse...

Mas isto é tão simples. Eu já disse tudo o que tinha a dizer sobre esta questão das origens marxistas do Fascismo há quase dois anos atrás:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/12/o-fascismo-e-memoria-curta-da-esquerda.html

Não há nada de complicado nisto. É claro como água e explica-se em poucos parágrafos.

Floribundus disse...

os sociais-fascistas
só conhecem o
'argumentum baculinum'

ou umas marteladas nos cornos

o National Geographic Chanel
tem mostrado a morada, os bunkers e a tecnologia dp III Reich
a anexação da Áustria e desfile em Viena na praça dos Heróis

os gringos só mais tarde reconheceram 'ter matado o porco errado'

o nabo Eisenhower menciona náo haver provas da morte de Herr Adolf

josé disse...

O que está em causa na discussão é muito simples: saber se o fascismo teve origem no marxismo.

A mim parece-me que não. Porém, JRS continua dizer que sim.

O António Araújo, esse, quer mostrar que sabe dizer tata e pelos vistos não lhe chega a língua...

BELIAL disse...

Não, ao fassismo!

Não ao regresso do fascita tomás.

Não ao ferrete estigmatizante da mãe solteira!

Merridale and Ward disse...

«O que está em causa na discussão é muito simples: saber se o fascismo teve origem no marxismo.

A mim parece-me que não. Porém, JRS continua dizer que sim.»

Caro José, veja isto:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2016/05/mas-isto-e-tao-simples.html

josé disse...

Quer o fascismo e o marxismo se aproximam na hostilidade ao capitalismo liberal parece claro.

Que o fascismo tenha origem directa no marxismo não concordo, mas não faço como o Araújo que tendo saber académico de livros marrados se põe a c. de alto para os ignaros que não os leram.

Por mim, parece-me e é tudo.

Floribundus disse...

do que li conclui que os vários tipos de socialismo têm a mesma paternidade

mas mães diferentes

ps, pd, be sempre foram e serão marxistas

por mim não me revejo em qualquer tipo de estado

preferia desmayelar essa coisa alcunhada de estado e partir para uma democracia directa sem capitalismo de estado

esta trampa do prec II é um regime de funcionários públicos dispensáveis

comandados por sovietes

brevemente poderemos passear pelo porto de Lisboa sem a presença de inestéticos contentores
e aparatchiks barrigudos e cheios de si

Miguel Dias disse...

A nível de ideias - de filosofia portanto - não existe uma relação causal entre o marxismo e o fascismo. JRS não tem razão neste ponto.

Afirmar que o fascismo italiano, ou até o romeno, possuem raízes ideológicas na filosofia marxiana é incorrecto. Nenhum defendia a ditadura do proletariado, nenhum defendia que a História das sociedades humanas resultava da luta de classes, nenhum defendia o "rendimento decrescente do capital" conforme a teoria marxiana, nenhum defendia que a "mais valia" era exclusivamente a base do crescimento empresarial, nenhum defendia que a infra-estrutura económica de uma sociedade é que influenciava directamente a produção intelectual das sociedades....... e tantas outras ideias da filosofia de Marx que não foram defendidas pelos fascistas.

Se o uso da violência para alcançar os fins políticos é o único factor semelhante entre o fascismo e o marxismo, então temos de concluir logicamente que todos os movimentos políticos são marxistas, quando tal não é verdade, basta pensarmos no tempo medieval ou nos outras eras.

O que JRS deveria quer afirmar é que o fascismo procurou usar a violência para alcançar os seus objectivos políticos - característica comum com o marxismo - e que só encarava o uso do poder através de uma ditadura para impor as suas ideias ao resto da sociedade, portanto uma afinidade nos meios mas não nas ideias.


JRS pode ter vários méritos, até por contrariar a tendência "esquerdizante" dos media, mas a nível de conhecimentos filosóficos e de erudição as suas obras são fracas.

Maria disse...

"O que está em causa na discussão é muito simples: saber se o fascismo teve origem no marxismo.

A mim parece-me que não." (José)

Concordo em absoluto.

Maria disse...

Inteligentes e sábios comentários, Zephyrus. Parabéns.

Maria disse...

Idem, Miguel Dias, pelo saber e a clareza das ideias expostas no que ao tema em debate se referem.

Merridale and Ward disse...

É exactamente isto que a Superclasse Mundialista pretende. Meter a malta a discutir ideologias e a combater entre si, enquanto eles esfregam as mãozinhas de felicidade com todas estas divisões que estas ideologias provocam no tecido social.

Fala-se de "origens do Fascismo" e mais umas coisas teóricas, mas ninguém por aqui colocou o dedo na ferida e denunciou como Wall Street esteve directamente por detrás do financiamento tanto da Revolução Bolchevique, como da Alemanha Nazi:

https://www.youtube.com/watch?v=iMjy0FV8i_I

Destas coisas não falam os jornais e revistas que o José mete por aqui. Isto está tudo convenientemente abafado, pois não interessa às elites mundialistas que estas coisas se saibam.

Merridale and Ward disse...

Mussolini comprova que o Fascismo é de esquerda:

https://www.youtube.com/watch?v=mmfJAttC1qQ

josé disse...

Wall Street financia a Economia. E esta não se reduz à dos países democráticos...

josé disse...

A família Krupp produziu armas para os alemães do Kaiser e para os bolchevistas...e depois para o Hitler e a seguir para quem veio.

josé disse...

A pátria do capital tem um nome e lugar permanentes: lucro.

Bilder disse...

Mas é um equivoco colossal pensar que se trata apenas de lucro,há uma estratégia bem montada(e o lucro é instrumento concerteza)para a tomada de poder a nível global,e para isso o caos tem sido fomentado continuamente(pelo menos nos últimos dois seculos)por familias e sociedades mais ou menos secretas(um exemplo é o bilderberg)que procuram alcançar a ordem(novus ordus seclorum).Quanto a saber se o Rodrigues dos Santos(rtp e não tvi)e outros têm razão se o fascismo é "filho" do marxismo ou não(certamente que foi uma resposta que certos países/povos encontraram para enfrentar o internacional comunismo tendo em conta os problemas na época) acho que não é o fundamental,o fundamental é sabermos as ramificações envolvidas em ambas as correntes.

josé disse...

Parce-me que os tais bilderbergers também têm muito capital e por isso a fome junta-se à vontade de comer.

josé disse...

Há alguns bilderbergers que fazem a figura dos idiotas úteis. Estou a lembrar-me de alguns convidados ocasionais, como uma tal Clara Ferreira Alves, em tempos.

Luís Bonifácio disse...

José Rodrigues dos Santos tem razão!

The Birth of Fascist Ideology:From Cultural Rebellion to Political Revolution
Zeev Sternhell With Mario Sznajder and Maia Asheri

Que o tal Araújo não teu!

Maria disse...


"Há alguns bilderbergers que fazem a figura dos idiotas úteis. Estou a lembrar-me de alguns convidados ocasionais, como uma tal Clara Ferreira Alves e..."(José)

É propositado. Esta pseudo-comunista tem a mania que é esperta mas não caça ratos. Ela foi lá, como outras e outros antes dela e depois dela, mas só para despistar, para dar uma de "são reuniões transparentes (têm paredes de vidro?, onde é que já ouvi isto?) e estamos abertos aos jornalistas e a todas as pessoas que queiram assitir às mesmas"... (mas pouco!) O que se passa naquelas reuniões que, é bom não esquecer, são secretas e os assuntos/decisões nelas debatidos/decretadas são para os políticos no activo ou seus representantes superiormente acreditados, levarem-nas a efeito or else... (lembremo-nos do Durão Barroso e da sua aquiescência ao envio de armas para o Irão, depois de numa reunião com Bush-filho na Casa Branca logo após ter sido eleito primeiro ministro... e - ainda a pensar ingènuamente(?) que podia ser independente dos poderes maçónicos ocultos - ter dito a Bush e em directo (ouviu-se bem) "há sempre gente que tem a mania de pensar pela sua própria cabeça"... e Bush ter olhado para ele com ar de espanto e meio aparvalhado... e certemente a pensar 'olha-me este palerma, ele julga que é independente do poder mundial e que pode decidir medidas políticas por si próprio...') e sabe-se que, após ter abandonado o cargo de P.M. a mando e como paga do 'serviço' prestado, os bilderbergers terem-lhe oferecido o lugar de presidente da Comissão Europeia pela sua concordância às decisões mundialistas tomadas na Cimeira dos Açores...). Ou o José julga que eles são parvos? São mais espertos que corais. Por isso mesmo existem desde que foram fundados (séc. XVII) e cada vez com mais força e com resultados mais catastróficos à medida que as décadas vão passando.

E agora a cereja no topo do bolo, em profundo agradecimento pelos altos serviços prestados à seita ao longo dos tempos, a partir deste ano Durão substitui o maçon e mundialista (e traidor) Balsemão nas reuniões secretas do clube. Afinal ser moço de recados dos bilderbergers compensa e de que maneira. Mas só para os cobardes e traidores à Pátria, evidentemente.

Merridale and Ward disse...

«Mas é um equivoco colossal pensar que se trata apenas de lucro,há uma estratégia bem montada(e o lucro é instrumento concerteza)para a tomada de poder a nível global,e para isso o caos tem sido fomentado continuamente(pelo menos nos últimos dois seculos)por familias e sociedades mais ou menos secretas(um exemplo é o bilderberg)que procuram alcançar a ordem(novus ordus seclorum).Quanto a saber se o Rodrigues dos Santos(rtp e não tvi)e outros têm razão se o fascismo é "filho" do marxismo ou não(certamente que foi uma resposta que certos países/povos encontraram para enfrentar o internacional comunismo tendo em conta os problemas na época) acho que não é o fundamental,o fundamental é sabermos as ramificações envolvidas em ambas as correntes.»

Ora aí está! O Bilder tirou-me as palavras da boca!

muja disse...

Não li o Malomil e hei-de fazê-lo depois.

Para já, creio que estão todos a partir de um princípio que não é verdadeiro: todo o socialismo é marxista.

Não é. O fascismo é socialista, assim como o nacional... socialismo. Mas não são marxistas.

Eventualmente poderá dizer-se que, por surgirem como reacção, ou alternativa ao marxismo - da direita - o marxismo lhes está na origem. Mas não me parece ser esse o sentido que lhe queria dar o autor.

Buíça disse...

Parece-me que o principal problema é andarem todos a tentar encaixar o mundo inteiro em "ismos" teóricos, esquerdas e direitas.
Umas coisas aconteceram nuns países e não em outros, outras foram mais parecidas do que a história oficial parece fazer crer...

Se eu chamar escuteiros à mocidade Portuguesa deixo de ser fascista ou nazi e posso organizar desporto e ATLs para a juventude em paz? Ou só se lhes chamar meninos de nossa senhora?
Se eu ensinar as criancinhas nas escolas a valorizarem, protegerem e gostarem do seu país, passo a ser nacionalista e obrigatoriamente de direita?
Então não posso concordar com a denuncia da exploração dos povos e admirar ao mesmo tempo o esforço dos alemães em construír e reconstruír a sua nação? Para lamentar o massacres de judeus tenho que deixar de lamentar os massacres de índios, indianos, aborígenes, congoleses, russos, arménios, etc? Se a censura é fascista houve algum país não fascista na 1a metade do sec XX?

Enfim.
Sobre o senhor do telejornal, que considero excelente profissional, estou com o senhor Horta Nobre mais acima. A parte recortada das suas declarações não tem nada de mais, evidentemente está a falar do fascismo de Itália, do Mussolini, e de ele ter bebido as suas teorias no partido onde começou antes de atalhar caminho para ser ele a mandar.
Mas mais interessante do que puzzles de "ismos" é reparar na frase inteira do jornalista, que mais não faz do que chamar a atenção para a evidência de que na história dos vencedores há muitas estorinhas e lérias que não correspondem à realidade.
E esse sim é um debate que interessa, desde que feito com honestidade, frontalidade e vontade de saber mais só pode ser o mais inclusivo possível. O jornalista parece ter essa vontade... de saber mais sobre a eugenia na américa, ou sobre haver censor até 1975 em inglaterra, ou sobre a industria americana financiar russos e alemães uns contra os outros, ou sobre ser proibido bombardear fábricas da Ford e GM na Alemanha, ou falar da surpresa dos russos ao repararem que o óleo dos motores dos tanques abandonados às portas de Moscovo ser Castrol, etc, etc, etc.
Outros preferem ficar atolados nos "ismos". Não reparam que o fascinante debate sobre as nuances dos vários totalitarismos só encobrem ainda mais as causas e a realidade da história tal como ela se passou.

zazie disse...

Quais são as causas e a realidade do marxismo no início do século XIX?

Quais são as causas e a realidade do marxismo em 2016?

Como é que faz a ligação desta permanência com realidades perfeitamente distintas, se não quiser entender a ideologia?

zazie disse...

No início do século XX, claro.

Pela sua lógica bastava ver as tais causas e realidades que nem explicou quais foram e pronto.

Em passando as "causas e realidades conjunturais" acabava a coisa.

A questão é que não acabou.

E só se entende como se propaga se se atender como é divulgado. Para além das "ditas causas e realidades" que são todas diferentes, em toda a parte do mundo onde a coisa continua a pegar.

muja disse...

Bom a verdade é que desse ponto de vista, o marxismo se tornou uma fraude. Um dupla fraude, portanto.

O marxismo do séc XXI mandou os trabalhadores dar uma curva (defesa da imigração em massa) e dedicou-se às "minorias" - suponho que por muito maior facilidade em manipular mediática e socialmente para manter vivo o fogo da luta de "classes".

zazie disse...

Pois é.

E é também deste ponto de vista- que radica nos milenarismos medievais e da Reforma, que o fascismo se distancia da base marxista.

O principal ingrediente do marxismo é mesmo a moral da inveja.

zazie disse...

O que se mantém- moral da inveja- materialismo, ateísmo, destruição da tradição, progressismo "revolucionário"- ou seja- mundo-às-avessas.

zazie disse...

Se não se perceber esta capacidade de mutação e mistura com tudo o que é causa da moda, anda-se a apanhar bonés e depois fica tudo de boca aberta por causa da golpada da geringonça.

zazie disse...

O fascismo não tem ideologia assim (se é que até tem alguma). Não há lá nenhum ingrediente trans-histórico, capaz de agregar gente por interesses da natureza humana e que são eternos.

Quanto muito tem o tribalismo. Mas isso hoje em dia resolve-se por voto em independentismos de regionalismos ricos.

muja disse...

Pois não tem e creio que muito do que se propuseram fazer os teóricos do fascismo a posteriori foi precisamente destilá-lo numa cousa que fosse aplicável fora das experiências específicas que o definiram. Acho que não conseguiram.

Para mim é mesmo assim: aquilo foram casos particulares muito fruto das circunstâncias sociais, das personalidades, e do ambiente político que se vivia.

Talvez volte a vir o tempo em tudo isso se verifique novamente.

Outra coisa que não deve ser irrelevante é que esses regimes surgiram em países unificados recentemente. A impressão do internacionalismo marxista como perigo desagregador da união nacional desses países também há-de ter contribuído para o nacionalismo radical quase místico.

muja disse...

Em contrapartida a Portugal em que uma força nacional orgânica - o Exército - tomou o poder e impôs a estabilidade sem necessidade de uma radicalização completa das massas e sem um culminar de um feroz combate político.

O que é curioso. Na Itália e na Alemanha, particularmente nesta última, a população foi completamente radicalizada devido ao combate político - começou a esquerda e reagiu a direita. Em Portugal apenas a esquerda se radicalizou e continua radicalizada.

Talvez seja esse o único ou mais correcto sentido de se afirmar que o fascismo vem do marxismo: aquele é uma consequência da radicalismo e intolerância deste. Ou melhor: a intolerância jacobina do marxismo engendra a radicalização da sociedade.

zazie disse...

Com o nazismo foi e é diferente porque tem lá ingredientes racistas que também estão para além das conjunturas específicas.

Agora fascismo é só algo que pode existir numa organização estatal. Fora isso é demasiado teórico para arregimentar gente.

Ninguém se move por desejo "fascista". Já por inveja, é fácil e o marxismo alimenta-se disso.

O Público activista e relapso