quinta-feira, maio 26, 2016

PCP: não apaguem a memória de Estaline e do "grande terror".


Anda por aí, mediaticamente, algum alvoroço pelo facto de a JSD ter anunciado em cartaz jocoso que o sindicalista comunista Mário Nogueira é uma espécie de Estaline de trazer por casa.

Nogueira picou-se e ameaça processo criminal ( destinado ao arquivamento liminar) pelo desaforo que atenta contra a sua honra.

A questão coloca em cima da mesa de discussão a figura de Estaline e do estalinismo, coisa que o PCP afugenta como um diabo de qualquer cruz imaginária.
No entanto, se existe partido comunista que se aparente mais ao estalinismo semântico é precisamente o PCP, como em várias ocasiões tem sido lembrado pelas vítimas da acção punitiva do partido contra os desviantes da linha justa e ortodoxa. Há alguns dias contou-se aqui a história do militante comunista, o jornalista Júlio Pinto, já falecido e então expulso do partido com acusações do género de "rachado" ( delator de camaradas perante a polícia política da época).

Tudo isto acontece em Portugal porque não há conhecimento cabal e massificado sobre quem foi Estaline;  que obra deixou e que influência provocou nos partidos comunistas. Antes de 25 de Abril de 1974 a figura de Estaline era proscrita nos media e depois proscrita continuou por conveniência dos próprios comunistas e compagnons de route que eram aos magotes no Bairro Alto, na rua dos jornais.

Não assim em França onde se debateu sempre a natureza do grande líder do comunismo soviético, "pai dos povos" como lhe chamaram.

Em anos mais recentes tal curiosidade e divulgação histórica continuou a merecer atenção do jornalismo de massas franceses através de revistas de grande circulação que aqui chegam mas não inspiram o jornalismo português.

Em 1988:


E em Outubro de 2015



Quando Estaline morreu, em 1953, houve luto profundo em países europeus, como a França. Em Portugal, o silêncio da censura não deixou e permitiu o florescimento do mito.


Os elementos históricos sobre o que Estaline fez na União Soviética são de tal modo avassaladores que depois da sua morte foi destituído literalmente dos pedestais por Krutschev e os novos poderes soviéticos.
Não obstante, os seus crimes, semelhantes aos de Hitler com quem pactuou estrategicamente durante a II Guerra Mundial foram denunciados anos depois. Em 1997, o Livro Negro do Comunismo não deixava qualquer dúvida sobre isso:


Milhões de mortos directos e indirectos, purgas, um terror inominável durante as perseguições a adversários políticos reais ou putativos, com vista a assegurar o poder; dois tratados secretos com Hitler ( em 23 de Agosto  e 28 de Setembro de 1939) em que partilharam a Polónia e a anexação de estados bálticos, a agressão imperialista à Finlândia em Setembro de 1939, etc etc etc. em que se incluem os gulags, campos da morte semelhantes aos de Hitler.

L´Histoire Outubro de 2007:


Historia de Março Abril 2015:





Tudo isto é desconhecido ou mal conhecido das ritas ratos e raquéis varelas. No entanto lá fora sabia-se melhor:

L´Histoire de Novembro de 2015:


Portanto, uma fé.

 Em Março Abril de 2014 os franceses interrogavam-se assim e faziam uma cronologia do fenómeno que por cá nunca se estudou e sempre se ocultou mediaticamente:













Por cá, logo a seguir a 25 de Abril de 1974 o silêncio sobre os crimes comunistas foi geral, permanente e eficaz. Ainda hoje se desconhece o que foram e que importância tiveram e tal assunto não merece nada de nada nos media nacionais.

Em1969 na Vida Mundial um antigo comunista, António José Saraiva dizia claramente numa entrevista que não sabíamos nada do que se passa ou passou na maior parte dos países socialistas.  



E se não fosse a informação estrangeira ainda hoje não saberíamos porque em Portugal há um manto espesso de um silêncio cúmplice sobre o comunismo, ainda hoje, e particularmente os seus crimes hediondos.

De todas as entrevistas alargadas que Álvaro Cunhal concedeu aos media, muito poucas e sempre estrategicamente localizadas em ocasiões eleitorais específicas, ninguém lhe perguntava nada de nada sobre os regimes socialistas, o estalinismo e essas coisas. A não ser em 1990 no Independente ao que Cunhal respondeu assim:


Essencialmente foi: estalinismo? Não conheço e não pratico. Fui sempre contra...o que permite que os Nogueiras da actualidade fiquem ofendidos por serem apodados como tal.

Porém, em data mais recente, na revista O Militante, de Setembro-Outubro de 2015, o antifassista Domingos Abrantes  tecia loas ao VII congresso do PCUS, de 1935, o último realizado em modo internacionalista e que certamente contou com a participação de comunistas portugueses, eventualmente Francisco Rodrigues que deverá ter tomado conhecimento como era a obra prática do tal pai dos povos, então no poder máximo. Ainda hoje os comunistas portugueses suspiram pelos ensinamentos de tal congresso que instigou a formação de frentes populares em vários países ( Espanha e que conduziu á guerra civil e França que desembocou no fracasso com o socialista Léon Blum e por isso talvez os comunistas desconfiem sempre dos socialistas).



Em Setembro de 2014 no mesmo O Militante, um jovem comunista escrevia sobre o que foi a experiência soviética na II Guerra Mundial.

Desafio alguém a encontrar uma única menção ao herói soviético Estaline. Nem uma palavra sobre o pacto germano-soviético e sobre o horror estalinista.


É assim que os comunistas ensinam a História aos seus militantes: o revisionismo mais puro e a mentira mais completa. Por isso não admira que o tal Nogueira se sinta ofendido. Afinal, o PCP sempre repudiou Estaline...ou não é assim?!


12 comentários:

zazie disse...

Boa, José. Assim é que se cala esses estafermos.

O Badiou ainda é vaca sagrada de tudo quanto dá pelo nome de "intelectual" e "artista".

Floribundus disse...

'porrada neles!'

o dia para a nação era o inicio de stakanovismo

em França muitos acreditaram na doutrina que se oponha à hereditariedade

tinham 'os pioneiros' para os jovens

os gulags e hospitais psiquiátricos para adultos

a paneleirada era abatida pela nuca

morreram de fome 20 milhões de camponeses

as brigadas da guerra civil de Espanha combatiam os trotskistas

uma nojeira

Floribundus disse...

Corriere
em Itália
di Dario Di Vico
Le nuove disuguaglianze: i minori non votano e quindi non pesano e la politica tutela di più gli anziani. In Italia vivono 1,1 milioni di bambini in povertà assoluta, 2 milioni considerando la povertà relativa.
Il paradosso delle culle vuote

no rectàngulo do monhé
vivem no paraíso socialista

Floribundus disse...

no meu tempo de jovem cantavam
'atirei com um pau ao gato,
mas o bicho não morreu'

actualmente ia tudo encanado

Lura do Grilo disse...

Os livros de história nos liceus rodeiam o tema habilidosamente. O pedaço de página que sugerem os crimes do comunismo são evitados por muitos professores de história: saltam a matéria inconveniente. Assim aconteceu com um dos meus filhos.

José Domingos disse...

Será o comunismo solúvel em álcool.
Os camaradas,deixam de ser democratas, quando chegam ao poder.

joserui disse...

Hoje canta-se:
Atirei um pão ao gato
Mas o gato não comeu.
É das poucas coisas politicamente correctas que concordo… os animais neste país não precisam de ensinamentos ou incentivos para serem maltratados. Já aos comunas, não há paus que chegue no país para lhes dar por aquelas orelhas abaixo. Mas o detestante Nogueira a rejeitar o paizinho dos povos ainda vai ter às costas processo do comité central do PCP ou lá que é. -- JRF

jkt disse...

Completamente offtopic.
Em quem votava José.
HC, Bernie Sanders ou Trump?

Maria disse...

José, desculpe se vou incorrer em erro, mas quere-me parecer que, tendo em conta o que se vai podendo ler nos jornais e revistas, sobretudo francesas, salvo as excepções que confirmam a regra, todos os artigos, uns mais, outros menos, pendem de um modo geral para uma esquerda pouco dissimulada. Mesmo os que se deduzem através dos títulos e capas aqui e agora reproduzidos. Conheço mal as revistas francesas direccionadas para a política mundial, contudo vou lendo alguns artigos dos que vai por aqui reproduzindo e quase todos os seus autores e respectivos directores das publicações em causa são claramente esquerdistas, benza-os Deus. Basta observar os títulos (e fotos...) das respectivas capas. É certo que apontam erros aos regimes comunistas e seus anteriores dirigentes, o que nada quer dizer sobre a sua verdadeira ideologia: a socialista sem a mais pequena dúvida. E o que é o socialismo senão o irmão gémeo do comunismo? Temos por cá bem bons exemplos disto mesmo.
A Paris Match por exemplo, sei que é uma revista de direita e sei que existe uma ou outra belgas, de temática idêntica, que também o são, mas estas não abordam prioritàriamente assuntos políticos. Fora estas, estamos no domínio do que o José apelida e bem, relativamente aos jornais portugueses, de serem tendencialmente esquerdistas, quando não mesmo pró-comunistas.

Ainda me falta ler muito do que aqui está reproduzido desta vez e que merece a atenção de qualquer leitor interessado nestas matérias, sem dúvida alguma. Porém..., pelos tópicos bem esclarecedores não errarei muito se apostar que vão todos (ou quase) na mesma direcção. Qual? Olhe, por exemplo quererem equiparar, à força, nas mesmas atrocidades e crimes horrendos o regime nazi e o seu dirigente máximo com os regimes comunistas e seus congéneres Estaline, Mao e Pol Pot e todas as matanças gratuitas por estes cometidas e que atingiram os muitos milhões a mando de cada um deles e todas elas sem excepção com fins premeditados e a sangue frio.

Dir-me-á: mas Hitler também cometeu os mesmos massacres. Mas como e onde é que Hitler cometeu semelhantes crimes e onde está a prova? Investigações que já duram há dezenas de anos, levadas a efeito por cientistas independentes e com créditos firmados e nem sequer d'origem alemã, alguns inclusivamente judeus, têm tentado provar vezes sem conta e com provas irrefutáveis (reconhecidas, imaginem!, pelo insuspeito primeiro ministro israelita Netanyahu, em entrevista recente) que nada do que se diz sobre os milhões de seres humanos (de todas as raças e etnias incluíndo judeus e não só estes) que pereceram sobretudo nos últimos dois anos de Guerra e imputados cìnicamente ao regime nazi, são simplesmente uma monstruosa mentira, astuciosamente gizada com fins lucrativos específicos e muito malsãos (o judeu Norman Finklestein já o denunciou em livro e em inúmeras conferências e vídeos) e que perdurou até há bem poucos anos, mas que vem sendo desmascarada ponto por ponto à medida que o tempo vai passando.

Os tais seis milhões de judeus supostamente assassinados por nazis, já estão reduzidos presentemente a pouco mais de novecentos mil e estes morreram sobretudo em consequência do tifo e também em grande parte pela falta de alimentos e medicamentos embargados pelos Aliados. Isto já é do conhecimento público. Os milhares de cadáveres empilhados que se vêem nas fotos tiradas pelos militares americanos aquando da 'libertação' de Auschewitz, são os mortos resultantes dos problemas graves acima citados, culpa directa dos Aliados e não assassinados pelos nazis, contudo cìnicamente a estes atribuídos pelos grandes democratas - e libertadores dos povos oprimidos, no caso o povo alemão - governantes e militares norte-americanos.
(cont.)

Maria disse...

Outra coisa. Se Hitler quisesse que todos os judeus, aos quais os seus subalternos pudessem deitar as mãos, fossem assassinados, como é que foi proporcionado a todos esses judeus e a pessoas doutras nacionalidades o acesso às mais confortáveis e diversificadas instalações que lhes proporcionavam um ambiente extremamente saudável (sim, disse saudável) nas quais pontificavam campos de basquete e de futebol, piscina olímpica, sala de costura, orquestra e sala de música, frequentes concertos de música instrumental e clássica, além de possuirem pessoal de enfermagem e médicos residentes (há testemunhos de judeus que afirmam terem sido bem tratados pelos ditos médicos e enfermeiros), etc.? Alguém com um mínimo de imparcialidade poderá conceber que quem quisesse matar milhões de seres humanos ia ao extremo de lhes facilitar todas aquelas benesses e mordomias, em vez de os executar logo de seguida, poupando verbas, pessoal, tempo e espaço que poderiam ser aplicados noutras empresas mais importantes e finalidades mais imediatas e úteis ao esforço de guerra? Não será pouco inteligente e ilógico pensar-se de outro modo?

E pode sequer comparar-se este modo de tratar os prisioneiros (que aliás eram pessoas detidas temporàriamente em campos propositadamente construídos para o efeito e com suficientes benfeitorias para que neles pudessem viver dois ou três anos com o conforto possível - o suficiente para a curto ou médio prazo serem recambiadas para uma nova pátria idealizada e arquitectada secretamente pelo representante máximo dos judeus alemães em colaboração estreita e com o acordo tácito do ministro do interior nazi, Himmler - e em condições razoáveis para nada do essencial lhes faltar a fim de poderem levar uma vida o mais normal possível, mais os benefícios de vária ordem, designadamente os lúdicos, que lhes eram proporcionados no dia a dia) com os horrores que se passavam nos outros regimes sanguinários supra citados? Pode comparar-se este modo civilizasdo (sim, civilizado) de tratar os detidos (e não exactamente prisioneiros) com o que por exemplo se passava nos gulags soviéticos, em que os deportados caminhavam milhares e milhares de quilómetros a pé, a maioria, dada a extrema debilidade física, fome e extenuamento, morria pelo caminho? E que dizer destes e doutros deportados a caminho da Sibéria, que eram espancados até à morte por já não terem força física nem anímica para se arrastar e os que tinham a 'sorte' de lá chegar eram tratados com a 'delicadeza e boas maneiras' descritas por Soljenitsine no seu famoso livro A. do Gulag? E que dizer dos deportados que tentavam fugir através de um rio e levavam um tiro na nuca quando o tentavam a travessar e depois os guardas mandavam outro deportado ir buscá-los a nado e aqueles eram pregados em árvores e as partes moles dadas como alimento aos restantes deportados que imploravam comida para não morrerem de fome? E que dizer do sanguinário Estaline que informado directamente pelos comissários das terras por onde passavam os deportados a caminho da Sibéria, horrorizados com o canibalismo verificado entre aqueles e a mando dos respectivos guardas, fez orelhas moucas, não respondeu aos pedidos dos comissários e deixou que os crimes horrendos prosseguissem como se nada fosse?
(cont.)

Maria disse...

(Conclusão)

E a fome generalizada que grassou no tempo das purgas e que matou dezenas de milhões de russos? E o genocídio de milhões de camponeses que se negavam a abandonar as suas terras a favor do partido ou a doar as parcas colheitas para o mesmo fim (muitos escondiam-nas dos fiscais que andavam de terra em terra para lhas usurpar e no caso de serem descobertas os seus proprietários eram severamente castigados, quando não mesmo mortos) nem aderir à colectivização forçada imposta pelo regime/partido?

Pode este género de extrema violência física e psicológica, a juntar a crimes horrendos perpetrados em pessoas inocentes, tudo feito com o aval das mais altas instâncias do poder destes regimes despóticos, sequer comparar-se com o modo como eram tratados os detidos (temporàriamente, é bom relembrar e não passavam fome, também é bom lembrar, pois tinham todo o provisionamento necessário para esse fim devida e eficazmente satisfeito, isto evidentemente antecedido dos bombardeamentos permanentes e continuados dos Aliados e dos respectivos embargos no último ano e meio de guerra) nos campos nazis ou estes com os, estes sim, verdadeiros prisioneiros nos regimes sanguinários dos déspotas Mao ou Pol Pot (onde outros tantos milhões de inocentes foram assassinados a sangue frio, premeditadamente, em cada um destes países e a mando dos respectivos chefes), já para não falar nos inocentes condenados à morte na Cuba de Fidel Castro e do seu querido camarada e criminoso-às-ordens Guevara (outro que assassinou a sangue frio uns bons milhares pelo puro por prazer de matar) ou, citando um regime comunista despótico actual, a Coreia do Norte? Por amor de Deus!, não pode haver comparação possível entre regimes tão dissemelhantes. Sejamos honestos por uma vez e tratemos a História dos povos como estes merecem. E deixemos que a verdade dos factos se sobreponha à mentira laboriosa e oportunìsticamente fabricada durante décadas para gáudio e usufruto de uns tantos espíritos perigosamente doentios e com fins duplamente obscuros. Fins desde há muito completamente detectáveis e que vêm sendo paulatinamente desmontados.

josé disse...

Parece-me que a negação da "solução final" vai contra as evidências históricas e entra na mesma categoria das teorias de conspiração, ao contrário.

As questões essenciais são estas:

O nazismo tinha ou não uma tendência totalitária, no sentido de abranger todos os aspectos da vida das pessoas?

E tinha ou não tinha uma organização do Estado tendente a tais objectivos?

Os judeus foram ou não alvo de perseguição em grupo e encarcerados em campos de concentração?

Houve ou não houve uma forma expedita de os eliminar em massa, através da "solução final" gizada em Wansee, perto de Berlim?

Foram 900 mil que morreram? De tifo? Ou foram alguns milhões? E houve ou não houve execuções e mortes massificadas de judeus em alguns campos de concentração, como Auschwitz, na Polónia?



Essas questões foram já respondidas e o revisionismo histórico pode ser interessante se for credível e não estiver eivado dos mesmos problemas que levantam as teorias de conspiração: uma releitura de acontecimentos apresentados historicamente e que são alvo de desconfiança através de análise hipercrítica de certos factos que podem apresentar contradições nas versões oficiais e são essas contradições ou obscuridades que alimentam a versão alternativa. Esta pressupõe uma gigantesca mentira que contraria toda a lógica do senso comum.

Sobre o problema nazi e judaico parece-me que é isso que pode suceder, perante os factos conhecidos.

O Público activista e relapso