quinta-feira, agosto 24, 2017

A Impresa de Balsemão está de rastos...

Do blog O António Maria, de António Cerveira Pinto:

A marca Impresa (Expresso, SIC, Visão, ...) está para a comunicação social como o BES estava para a banca.

Impresa pondera fechar Visão e outras revistas 
O grupo Impresa, detentor da SIC e de títulos como o semanário Expresso ou a revista Visão, pondera encerrar diversas publicações, se não conseguir vendê-las até ao final do ano, sendo certo que o Expresso se manterá no grupo. A solução foi comunicada pela administração esta quarta-feira de manhã aos directores de algumas das revistas em causa. Além da Visão (que inclui a Visão Junior e a Visão História), a Impresa detém a Caras, Activa, Exame, Exame Informática, Telenovelas e TV Mais, para lá do Courier Internacional, do Blitz e do Jornal de Letras. 
Público. LILIANA VALENTE e LUÍS VILLALOBOS 23 de agosto de 2017, 16:36 actualizada às 20:12Se não é ainda um fim anunciado, por perto andará.
Há muito que se conhecem as dificuldades da Impresa (1) e o nível insustentável da sua dívida. O lençol orçamental tecido pela Geringonça foi repuxado para o outro lado, o lado das bases sociais e burocráticas de apoio ao PS, Bloco e PCP. Para além das famosas cativações radicais, que ameaçam as infraestruras e a segurança do país, como vimos neste assassino verão de fogos florestais, teremos também dificuldades crescentes nalgumas empresas habituadas a um certo paroquialismo protegido pelos bancos e elites indígenas. Tudo somado, continuamos a ver crescer o desemprego estrutural, a destruição de capital fixo e humano, a implosão das classes médias, o aumento das desigualdades e da pobreza, a evaporação da poupança, a colonização financeira acelerada do país, a gentrificação das cidades, e um enorme sarilho no regime a menos de uma legislatura de vista. Marcelo Rebelo de Sousa terá que dar o seu melhor. Mas não sei se será suficiente.

A economia virtual, a tal que foi gerada pelas bolhas especulativas, mas a que os bancos centrais, BOJ, BoE, Fed e BCE acrescentaram mais fantasias monetárias, tornou-se uma realidade estratosférica. Basta pensar, como sintoma desta incomensurabilidade, no passe pago pelo Qatar/Paris Saint-Germain ao Barça para contratar o jogador de futebol Neymar: 222 milhões de dólares. Ou ainda na capitalização de uma empresa tecnológica como a Apple: 752 mil milhões de dólares, mais do triplo do PIB português (204 mil milhões de dólares em 2016). Ou, para dar ainda um último exemplo sugestivo, a Uber, cujo valor supera a capitalização de toda a bolsa portuguesa. Nesta realidade que incha para lá de toda a nossa imaginação, empresas como a Impresa (que terminou a sua viagem pelo PSI20 com uma capitalização bolsista de 255 milhões de euros) e hoje deve mais de 160 milhões de euros à banca (80 milhões ao BPI) não passa de uma frágil casca de noz num mar de tempestade rodeado de tubarões e a ameaça crescente de um naufrágio.

A fragilidade de um país como Portugal é cada vez mais evidente, assim como a sua prática incapacidade de mudar a direção dos ventos que sopram. Se ainda nos uníssemos, em vez de alimentarmos a fogueira ideológica que António Costa acendeu e a Geringonça ateou...

NOTAS
Em meados de 1995 tentei explicar a Francisco Pinto Balsemão que o futuro da imprensa estava numa coisa chamada Internet. Mostrei-lhe então o que era a Internet num monitor manhoso ligado a um PC. O navegador de então chamava-se Mosaic. Creio que levou demasiado tempo a assimilar a informação que então lhe dei. A avalanche que se seguiria é hoje conhecida de todos. Mas o que ainda falta à burguesia portuguesa entender é que o Capitalismo mudou.



Comentário meu:

Pinto Balsemão era um jornalista nos anos sessenta que teve a seu cargo a herança do Diário Popular, que um tio lhe deixou.

Nos setenta foi deputado do grupo da Ala Liberal que congregava ainda Sá Carneiro, Magalhães Mota e outros que fundaram o PPD/PSD, logo em Junho de 1974.

Se o 25 de Abril não tivesse gerado um trágico PREC, Marcello Caetano poderia bem ter sido um apoiante do PSD...

No entanto, tal PREC determinou um virar de casaca do dito Balsemão que logo em 1974, com o seu Expresso, fundado no ano anterior e prestes a fechar portas por não conseguir impor-se no jornalismo nacional, adoptou a novilíngua dos comunistas e socialistas e contribuiu como compagnon de route para a nossa desgraça colectiva que dura há mais de 40 anos.

O actual presidente da República, filho de um dos ministros de Salazar foi outro que adoptou a novilíngua até hoje. Um traidor, evidentemente, aos ideais dos pais. Um liberal de trazer por casa cuja verdadeira personalidade continua a ser um mistério. Foi jornalista e director no Expresso e colaborou logo na revista Visão, em 1993.

As nacionalizações e a Constituição de 1976 tiveram o apoio inequívoco destes tartufos de sempre na política nacional.

A falência da Impresa e do grupo de Balsemão, agora e neste contexto, é trágico para duas centenas de jornalistas. Para os donos do grupo é apenas o que acabaram por merecer.

Balsemão durou estes últimos 44 anos por causa destas traições a ideais que eram o que depois deixaram de ser.

Está na hora de enfrentar a realidade, tal como o banqueiro Salgado, outro da mesma laia, enfrentou.

    Questuber! Mais um escândalo!