segunda-feira, agosto 07, 2017

A inauguração da ponte que teve o nome de Salazar

Fez ontem 51 anos que foi inaugurada a ponte Salazar, actualmente denominada 25 de Abril, por obra e graça de quem lhe substituiu o nome. Instantaneamente, da noite para o dia, a ponte deixou de ser fassista e passou a democrática.

O antigo Secretário de Estado de Salazar, Joaquim Silva Pinto, entretanto adornado ao PS e à Maçonaria, escreveu um livrito, recentemente ( De Marcelo  a Marcelo)  em que dá conta do modo como a construção foi aprovada, em 1960.  Silva Pinto traça no livrito um retrato de homenagem ao então director do LNEC, engº Manuel Rocha, prestigiado como poucos, mesmo junto de Salazar.

Seria interessante saber - e o autor nem fala disso- se a construção da ponte trouxe à ilharga os fenómenos correntes de corrupção, de luvas, de "trabalhos a mais", de desvios e desmandos orçamentais vários, como agora acontece frequentemente nas obras públicas de grande dimensão, em Portugal. Uma coisa é certa: foi acabada antes do prazo e elogiada no estrangeiro como uma obra de engenharia notável. Portugal tinha então um prestígio que nunca mais veio a ter, mesmo com a "descolonização exemplar".

E ainda falta dizer outra coisa: a alma mater da concepção de engenharia, o LNEC, era dirigido na altura por Manuel Rocha, um engenheiro que era da oposição a Salazar, mas que este, sabendo de tal facto nem por isso afastou do cargo, por ser competente e sério, como dantes se dizia e agora é palavra gasta que precisa de vários reforços para ter o mesmo significado.
Silva Pinto até conta que por via disso ( da oposição do engenheiro ao regime) a Censura chegou a cortar alguns textos que publicou e Salazar terá feito algo para contrariar essa censura.



O Diário de Notícias da época, do dia 6 e 7 de Agosto de 1966 dava este destaque ao assunto:


Como se pode ler, o assunto esteve em discussão no Conselho de Ministros da época, durante 15 horas.


Os dois bancos intervenientes...um deles era o "Banco do Povo"...


Cerca de nove anos depois disto, o BNU voltava a ser o "Banco do Povo"...assim:


Ironias do destino...ao qual não escapou esta, traduzida numa simples moeda que mostra o nome original da ponte. Será esta moeda fassista?



Questuber! Mais um escândalo!