quarta-feira, junho 13, 2018

O reino das cunhas

 No Observador, este artigo sobre o fenómeno da corrupção tem este excerto que me suscita comentários:

Começo por trazer, a este propósito, o que António Araújo disse, em entrevista ao Público: “Há muitos estudos sobre a oposição, mas não há ainda um sobre como é que Salazar administrava uma coisa fundamental que era a cunha, como é que ele dominava o país”. Valeria a pena olhar para o que eram as relações sociais e profissionais e a forma como os cidadãos se relacionam com o Estado desde a ditadura, mas a cultura da “cunha” é mais antiga do que isso. Facto é que a maioria dos Estados em que a corrupção é generalizada (ou a sua perceção é elevada) são Estados com valores democráticos débeis e com instituições públicas desacreditadas. No entanto, não é menos certo dizer que a experiência do Estado Novo trouxe a Portugal a ideia de que a denúncia da corrupção é ineficaz ou que traz, por si só, represálias, além de ter cimentado a cultura da “cunha”, que já nos era tão familiar.

Se não há estudos sobre as cunhas de Salazar porque é que o dito Araújo do Malomil dá por assente a sua existência como sistema de corrupção?
E já agora cunhas para quê? Para colocar amigos em instituições como o PS fez com Paulo Pedroso, um licenciado em Sociologia que foi para o Banco Mundial em Washington, certamente muito bem remunerado? Que qualificações e especiais pergaminhos tem Paulo Pedroso para conseguir tal lugar? O de ter sido preso no processo Casa Pia por suspeita de abuso de menores?

Estas nomeações são a quintessência do tráfico de influências, na medida em que são organismos do Estado, mormente o Governo quem designa estas pessoas sem grandes pruridos éticos. Há inúmeros cargos ( mais de cinco mil, segundo cálculos do tempo de Guterres) que podem ser destinados a boys&girls das afinidades do poder, sem dar satisfação democrática.
Será este o reino das cunhas de que fala o Malomil?

Se for, Salazar não era desse reino. 

  Então porque razão se vilipendia quem não se deve e deixa passar em claro quem merece o opróbrio?

Questuber! Mais um escândalo!