sexta-feira, junho 29, 2018

O fotógrafo não estava lá, mas os burros são danados...

No jornal Diário Popular do antigamente havia por vezes notícias  sobre acontecimentos trágicos, fait-divers que mereciam o relevo de uma pequena ilustração no fim da página, num cantinho tipicamente intitulado "o fotógrafo não estava lá..." , acompanhada da notícia sobre o assunto.

Em 31.10.1970 o ilustrador Carlos Marques desenhou esta sobre o ataque de um burro que acometeu contra o dono até o prostrar, sem amparo.

 
ADITAMENTO:

Mais recortes da série "o fotógrafo não estava lá..." que o Diário Popular publicava ao Sábado no suplemento Sábado Popular. Aqui podem ver-se mais e a explicação do contexto dessas publicações  e começo das mesmas.

D.P. 15.5.1971


D.P.7.8.1971:


D.P.4.8.1973:


19 comentários:

Ricciardi disse...

Ele há, por alturas que antecedem o 25 de Abril, várias estorietas do gênero para contornar o provável risco azul com o qual se pretendia educar os jornalistas e, por decorrência, o povinho.

Não sei se o animal não retrataria um fiscal do governo qualquer que foi à carteira do agricultor a ver se o extorquia de morte. É provável que possa ser isso ou cousa semelhante.

O menos provável é que o jornal se desse ao trabalho de pagar um desenhador e ocupar espaço para produzir um estória banalíssima naqueles tempos.

Rb

josé disse...

Epá! Tenho mais sobre outros assuntos. E vou mostrar para desfazer teorias de conspiraçäo bacocas.

joserui disse...

O Rb deixou de ser ostracizado? Não percebo! Neste e noutros casos, fico sempre do lado do burro. Gosto de toda a casta de animais!

josé disse...

Isto depende dos dias...

Floribundus disse...


sobre o estado social-fascista actual

'valha-me um burro aos coices'

passou um sobre o assalto aos tansos
os coronéis já são generais

passou mais de um ano sobre as mortes em Pedrógão
'aos costumes disse: nada!'

o cm jornaleco e tevezeca
'não trepa, nem sai de cima'

joserui disse...

Por falar em "Portugal não se aprende nada.", diz que nunca se plantou tanto eucalipto. Recordistas! Plantação de eucalipto bateu recorde no último ano (Observador). Tudo pelo progresso da nossa terra! Em volta do Porto, pequenos bosquetes autóctones que existiam, designadamente em separadores e taludes, foi tudo dizimado pelo Costa, o roçador. Já toda a gente esqueceu os incêndios e as mortes, o que é preciso é bola no relvado.

Floribundus disse...

para continuar dentro do assunto
'Morreu José Manuel Tengarrinha, fundador do MDP/CDE',
Vera Lagoa, que o sustentou, disse que comia alarvemente

os burros gostam de morder
e fazer cangocha

Floribundus disse...


continuando no tema
o Irmãozinho:. 'António Vitorino, eleito hoje diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), prometeu hoje em Genebra fazer cumprir as “tarefas ambiciosas” relacionadas com os fluxos migratórios e num período “particularmente crítico”.»

as ongues vão fretar os cacilheiros para ir embarcar os migrantes na Líbia

Mario Figueiredo disse...

Este Carlos Marques é o também escultor nascido em Coimbra?

Para o Ricciardi: Outro burro também atacou em 1957 (https://almanaquesilva.files.wordpress.com/2011/01/4-5-1957.jpg). E eu próprio posso atestar a estranha e repentina violência destes animais normalmente tão dóceis, já que fui atacado por um em criança lá na aldeia de Souto Fundeiro, terra de um tio avô onde passei um verão maravilhoso.

Já agora, a aldeia fica a meio caminho entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, entretanto desaparecida depois do incêndio de Pedrogão.

zazie disse...

Tem piada porque dá mesmo ideia que a série "o fotógrafo não estava lá" foi inspirada nessa versão dos anos 50.

Mario Figueiredo disse...

A série foi longa Zazie. Com mais de 20 anos. Enfim, quando as coisas ainda se faziam a sério...

Espere lá. Deixe-me ver se encontro de onde tirei aquela imagem. É um bom complemento à peça do josé...

Mario Figueiredo disse...

É de um excelente blog de ilustradores portugueses e um bookmark obrigatório, se é que já não o fez: https://almanaquesilva.wordpress.com/2011/01/21/o-fotografo-nao-estava-la-e-o-ilustrador-tambem-nao/

zazie disse...

Sim, eu vi. Dá-me ideia que era publicada também na Ilustração. Ainda assim, parece-me demasiado tempo e o Diário Popular já nada tinha a ver com isso.
Devem tê-la respescado.

zazie disse...

Eu tenho por cá a Ilustração, desde o primeiro número (de 1926) que era do meu avô e, em tendo tempo, vejo se também apareceu por lá

Floribundus disse...

Alguém escreveu isto para meu uso pessoal, mas continuo reincidente

Provérbios 17:28

Até o tolo, estando calado, é tido por sábio; e o que cerra os seus lábios, por entendido.

zazie disse...

Pois é. Não encontrei na Ilustração. Os desenhos eram muito bons. Em França, o Daumier fez coisas no género, também para os jornais, ainda no século XIX.

Pedro disse...

Se o burro apanhou o rendeiro a mentir tem atenuante.

Se calhar o rendeiro também lhe veio com a incrível e bronca aldrabice que os livros direitistas são proibidos e o pobre animal reagiu mal.

zazie disse...

Olha o - “Pedro”, “R. Sousa”, “rififi”, “Renato”, “Pimpampum”, “caramelo”, “Scriabin”, “Rocky”, “Ricardo”, “Pois É”, “Tiroliro”, “Afonso de Albuquerque”, “dentinhos de leite”.

“Diz lá outra vez?”, “Adérito”!

Pedro disse...

Cara zazie.

Eu apenas disse que é natural que o burro tenha ficado irritado se o tentaram enganar como costumam fazer por aqui.

Então a zazie também tem comprado em becos escuros livros direitistas impressos na clandestinidade ?

É uma dificuldade por causa da "censura democrática"…

Um tenho uma estante cheia e para os arranjar foi horrível.

Tive de os apanhar nas estantes das principais livrarias do país e ir pagá-los à caixa.

Mas levei gabardine e óculos escuros!

Horrível. Parecia um filme da resistência francesa.

A obscenidade do jornalismo televisivo