quinta-feira, maio 28, 2009

O rnovo reality show da SIC

Na SIC, em directo, decorre um julgamento mediático, com um objecto indefinido, supostamente o julgamento de uma decisão do tribunal da Relação de Guimarães, mas com uma bem definida apresentação de intervenientes no caso Alexandra.

Este novo reality show televisivo, sequencial ao caso Esmeralda, tem como sujeitos processuais em directo, as seguintes pessoas:

Manuela Eanes, no papel de representante do Instituto da Criança, que toma partido pela decisão do tribunal de primeira instância de Barcelos e que atribuiu a criança aos "pais afectivos" em detrimento da mãe. Manuela Eanes aponta vários erros no caso e o único que se lhe ouve é a atribuição da criança à mãe. Esta senhora incomoda-me nisto que diz. Não percebo por que o faz.
O que Manuela Eanes está a dizer sobre o assunto choca-me, pelo conteúdo e indigna-me ao mesmo tempo. É uma vergonha o que estou a ouvir desta senhora.

Depois, temos o especialista Eduardo Sá, já conhecido do caso Esmeralda que acaba de dizer que "Portugal ainda não é um país amigo das crianças". Entende que não devia estar ali a interpelar o tribunal que decidiu, mas o Estado e o modo como trata as crianças. Fico por aqui, em relação a Eduardo Sá.

Temos ainda outros dois, advogados e um deles mandatário dos "pais afectivos"; o outro é Rogério Alves num papel incómodo de provedor de algo indefinido.

Temos os "pais afectivos" também e já ouvimos a "mãe afectiva" que me dispenso de adjectivar, mas compreendo porque o fez o juiz da Relação de Guimarães que relatou o acórdão e que pelos vistos deu uma entrevista ao Expresso.

Temos ainda o presidente da Segurança Social que se encontra habilitado a falar deste assunto em nome da instituição que é a principal responsável pelos relatórios que fundamentam as decisões dos tribunais.

Neste tribunal sui generis já conhecemos a sentença: à medida da opinião pessoal destes sujeitos, com a responsabilidade do órgão que constituiu este tribunal deste reality show.

Onde fica a verdade nisto tudo? Onde fica a ponderação sobre o caso? Onde está a posição do sujeitos que são família da menor?

Nem sequer ali estão. Mas estão a ser julgados, por estas pessoas que ali estão. Sem qualquer vergonha do papel que estão a desempenhar.

A crise da Justiça passa por este tipo de jornalismo televisivo e seria neste caso que a ERC deveria intervir.

O oficial de diligências da SIC, no caso Rodrigues Guedes de Carvalho, finaliza o programa com uma boutade de um mail recebido: "Já percebi porque a justiça é cega".

Por mim, sem mail, termino dizendo que já percebi há muito porque o jornalismo é coxo e se atrapalha sempre com a verdade..

Para ficarmos nestas metáforas.

5 comentários:

Rebel disse...

José:
Não percebo como se incomoda com isso.
Em filosofia, quando se pretende deitar um texto abaixo por ser deficientemente fundamentado, por ser superficial, utilizamos usualmente um adjectivo: jornalístico!
Sim dizemos que é um texto jornalístico que é pior que um autor de filosofia pode ouvir acerca de um texto seu!

Rebel disse...

Sabe o José que o jornalismo, salvas raríssimas e honrosas excepções, nunca foi sério. Quando falamos em "jornalismo sério" estamos a apontar para um ideal que só pontual e raramente se consegue. É necessário algum afastamento destas coisas, e também a compreensão de que há muito boa gente que necessita de ganhar a vida e não tem outra possibilidade que não esta!

josé disse...

Pois está bem.

Mas é este mesmo jornalismo que manipula, facciona, deturpa e, numa palavra, mente.

As pessoas que lá estiveram participaram nessa farsa. Conscientemente e em nome não se sabe de quê.

JB disse...

A crise da Justiça passa por este tipo de jornalismo televisivo e seria neste caso que a ERC deveria intervir. - José

Se a ERC interviesse sempre que a Justiça é maltratada pelos "media", todos os dias choveriam comunicados. Felizmente para os membros da ERC esta tem as prioridades que se conhcem.

Quanto ao programa, não vi, pelo que não posso comentar. Mas pelos intervenientes da coisa, imagino o que se terá passado. E o mal está nisto: é que se tivessem chamado algum magistrado seria por certo daqueles habituais (o Eurico e o Rangel), politicamente correctos, que se importam com a sua imagem pessoal e que portanto não se coíbem de adequar as suas opiniões ao ar do tempo.

ferreira disse...

A Maria Barroso faltou?
Parece impossível.

O Público activista e relapso