quarta-feira, maio 06, 2009

S. Bentinho os proteja!

Daqui do JN, a crónica de Manuel Pina:
Foi um dia histórico na AR: todos os partidos, da direita à esquerda, de acordo. Inacreditável? Não, tratava-se de aumentar de 22.500 para 1.257.660 euros - 5 500% de aumento! - o valor que os partidos podem receber em "cash" (notas, arame, guita, maravedis, pilim…). E, já que estavam com a mão na massa, decidiram alargar ainda as subvenções que recebem do Orçamento de Estado.
A justificação é que o eleitorado do PCP não usa cheques nem cartões multibanco, e deve poder ir buscar ao colchão 1 257 660 euros em notas para entregar no Centro de Trabalho mais próximo. Guerra Junqueiro falava, há mais de cem anos, de partidos "análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais (…) como metades do mesmo zero, não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão (…) de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar". Afinal, cabem. E é fácil imaginá-los a repetir uma das "Ladaínhas modernas" do mesmo Junqueiro correcta e aumentada:
"S. Venha-a-Nós, satisfazei-nos este desejo,
S. Venha-a-Nós, este desejo timorato:
S. Venha-a-Nós, fazei do país um queijo,
S. Venha-a-Nós, e fazei de nós um rato".

8 comentários:

MARIA disse...

:-)
pois, é a prova de que quando algo verdadeiramente as afecta, quando algo verdadeiramente comum, releva, os seres humanos unem-se em rasgados gestos notórios e notados .
Até fazem revolução ...
Não vê quando foi o mundial do futebol...
As bandeiras, as massas populares, a força e até as "senhoras" deram corpo ao manifesto para o propósito comum de elevar a Nação...
Agora digam-me agora que em Portugal é tudo amorfo...
Depende claro do que está em causa ...
Quando a causa é "nostra"...
:-)
Pura delícia, este post!

João Pais disse...

http://www.miguelportas.net/blog/2009/05/05/financiamento-dos-partidos-uma-historia-mal-contada/

Leonor Nascimento disse...

Sobre alguns deputados, três notas muito breves:

A primeira, para dizer que a Lei do financiamento dos partidos é vergonhosa e retira-lhes qualquer legitimidade de discurso quanto à necessidade de haver maior transparência em outras áreas da nossa sociedade.

A segunda, para dizer que aprovação desta lei nos termos em que o foi é, por comparação quanto aos objectivos, contranatura da intenção do levantamento do sigilo bancário.

A terceira, para recordar que há bem pouco tempo foi aprovada uma outra que eleva a palavra dos srs deputados à categoria de prova plena quanto a faltas que não excedam os cinco dias, dispensando-os da apresentação de justificação.

Ora, se tivermos presente alguns incidentes divulgados quanto à existência de deputados que assinaram o livro de presença sem comparecerem;
que as faltas aumentam substancialmente às sextas-feiras, provocando, inclusive, a falta de quórum;
que em qualquer outro regime (laboral, processo penal, ensino, etc) os faltantes/ausentes são obrigados a apresentar justificação e respectivo comprovativo;
etc, etc, percebe-se a filosofia que preside à aprovação de algumas leis: faz o que eu digo e não faças o que eu faço.

Assim NÃO!!!
Só apetece atirar com a toalha ao chão.

Jack disse...

Somos um povo sem memória,

Por acaso, acabei de ler isto e, a ser verdade, deixa-me pasmado,

http://vouguinha.blogspot.com/2009/04/opiniao-de-graca-franco.html

JC disse...

O silêncio do Presidente da República sobre esta matéria é ensurdecedor.

josé disse...

Já falou. Disse que está tudo bem. Tal como o Dias L. perguntou ao EL-Assir sobre o tráfico de armamento, também o presidente perguntou ao conselheiro de Estado: é verdade?
Ambos disseram: não, não é verdade.

Ambos ficaram satisfeitos com a resposta.

Tranquilamente, ambos degeneram a democracia.

Rebel disse...

Bagalhoço, Carcanhol, el contado, sonante e e todos esses vocábulos que eu pago com mais uns milhões de tansos!

Aurora disse...

A Festa do Avante era ignorada mas secretamente invejada.
Agora todos falam dela.
Porquê?

O Público activista e relapso