Isaltino «só não continuará a fazer o mesmo se não puder».
Foi isso que se escreveu no acórdão que condenou Isaltino numa pena de prisão efectiva de dois anos, pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, cometidos já na década de 2000.
A expressão " só não continuará a fazer o mesmo se não puder" é fatal para a credibilidade seja de quem for, mormente uma fígura pública, de político e autarca que já foi ministro. E magistrado do Ministério Público durante quatro anos. É um atestado de degenerescência cívica, ética e...fatal para a honra, seja de quem for.
O que a Relação de Lisboa prognosticou numa sentença de colectivo, foi que Isaltino de Morais é corrupto moralmente, porque se puder continuará a defraudar o fisco e a branquear capitais, na Suíça, como foi o caso, ou noutro lado qualquer. Poderia fazê-lo? Sim, se o fundamentar devidamente, porque as penas aplicam-se também com base nesses critérios de culpa.
No entanto, logo após esta sentença mortal para a idoneidade cívica, ainda provisória porque susceptível de recurso prático mesmo que denegado pela teoria, o visado declarou-se inocente e fê-lo em modo sorridente e bem disposto. Farsa?
Talvez não porque tem quase todos os motivos para tal: foi reeleito autarca, depois de todos os munícipes saberem de que estava acusado e até mesmo julgado, com uma condenação a sete anos de prisão efectiva, escassos meses antes e de que se riu também.
E com o sucesso que se viu agora: de sete passou para dois, por causa da prescrição de alguns crimes de fraude fiscal. Por isso mesmo, de recurso em recurso, lá chegará à meta almejada: a absolvição ou a prescrição.
E ao branqueamento daquele anátema terrível. Que será nada de especial, porque já está completamente branqueado pelos eleitores do município que lidera. E isso é que é mesmo terrível.