terça-feira, agosto 03, 2010

Para a história nacional da obscenidade

Vital Moreira assina hoje no Público um artigo que só posso classificar como abjecto e obsceno. Essencialmente pretende que todos peçam desculpa ao primeiro-ministro porque a investigação do Freeport "que agora terminou, ilibando totalmente o primeiro-ministro de qualquer ilícito penal, que aliás nunca foi sequer suspeito no processo. Não menos inaceitável foi a forma como o processo foi conduzido e rematado pelo Ministério Público"- escreve Vital, em síntese inicial.

O artigo é obsceno porque mente despudoradamente nessa síntese e nos desenvolvimentos. A investigação do Freeport não terminou porque agora se segue a instrução que pode fazer investigação, ainda, se os assistentes assim o requererem.
E não ilibou totalmente o primeiro-ministro precisamente porque o que se relata no despacho final assenta as premissas de uma dúvida sobre o comportamento político e criminal do ministro do Ambiente na época. Comportamento que pode estar penalmente prescrito mas foi equacionado e ficou escrito e que deveria fazer corar de pudor o actual primeiro-ministro, se tivesse tal coisa.
As perguntas da lista que para Vital Moreira são "totalmente irrelevantes", acometem de ridículo os procuradores do caso, segundo o antigo prócere comunista.
Mas ao contrário da certeza sobre a inocência atestada do primeiro-ministro, Vital Moreira já não tem a mínima dúvida sobre a culpabilidade dos acusados, porque as provas são "flagrantes".
Tal como Pedro Lomba escreve no Público de hoje, o Freeport para Vital Moreira não deveria ter existido, mesmo que existam a "a reunião com a Câmara de Alcochete que primeiro não existia mas que afinal depois existiu, não se sabe a pedido ou em benefício de quem, o primo, o tio, os e-maisl, o dinheiro que veio mas que ninguém apurou para onde nem porquê, os off-shores que não respondem, as perguntas por responder, os documentos que se perderam "( e os que arderam).
Todos estes factos são totalmente irrelevantes para Vital Moreira, porque o que conta é o resultado final: o primeiro-ministro safou-se e com ele, os apaniguados todos, por ora.

Este modo de escrever faccioso e politicamente lobotomizado, indicia um desequilíbrio na serenidade e lucidez, num módico exigível a qualquer comentador que preze minimamente a seriedade. Daí a obscenidade, por denotar o comprometimento partidário sem margem para a mínima objectividade.

2 comentários:

Mani Pulite disse...

"A RAINHA DE INGLATERRA DEVE RESPONDER CRIMINALMENTE PELOS CRIMES QUE PRATICOU DURANTE O SEU REINADO"OLIVER CROMWELL.

joserui disse...

A esse senhor Vital Moreira não há nada que o ilibe. De comuna, tornou-se ainda pior. É um tipo que as faz conscientemente. Porque é tudo pelo bando e nada contra o bando. -- JRF

O Público activista e relapso