terça-feira, fevereiro 18, 2014

Jornalistas portugueses, com certeza. Em 1975.

Na sequência da "rebelião" dos 30 jornalistas do DN, passados depois a "grupo dos 24" porque alguns se arrependeram, houve cobras e lagartos vermelhos na direcção do PC., perdão, DN, com o futuro Nóbél a assegurar a ortodoxia das orientações correctas. Em "plenário" de trabalhadores da empresa ENP ( Empresa Nacional de Publicidade) com uma representatividade duvidosa ficou deliberada a suspensão dos dissidentes da linha justa do DN. Ficaram à espera de um processo disciplinar que os colocaria na rua do desemprego, porque o PCP não brinca em serviço político.

No livro de Pedro Marques Gomes, conta-se assim, a manobra política orquestrada pelo PCP:


Contudo este episódio do DN foi mais um a juntar a outros, como o chamado "caso República", já versado em ensaios, mas nunca inteiramente esclarecido nos seus contornos precisos, com o PCP por trás, sempre por tràs, a aproveitar a situação política, em 1975.

Contextualizando:

Em 13 de Janeiro o República dava páginas ao problemas sindical da unicidade versus unidade, ou seja à tentativa do PCP organizar em torno da sua central sindical, a CGTP-Intersindical, correia de transmissão política ( em 74-75 passaram a existir greves contra-revolucionárias...), todo  o controlo dos sindicatos portugueses. Nem o Salazar sonhou com tal feito...  O PS queria um sindicalismo democrático, ou seja, em que tivesse também a sua central sindical de infuência ( que era e é a UGT, agora com o Silva empregado do BES que não corta o bigode nem que a vaca tussa) e o PCP queria totalizar o assunto numa espécie de nova confraria corporativa, sem margem para dissensões e sujeita ao respeitinho partidário e às ordens do Partido. Foi este problema que se espelhou nos vários conflitos laborais e políticos, com destaque para os dos jornalistas, maioritariamente de Esquerda e provavelmente de extrema que apelidavam os comunistas de "social-fascistas". 


Quando estalou o caso República, o PCP pôs-se logo de lado e a sacudir a água do capote. No caso, em concreto, punha-se o problema de os trabalhadores da parte gráfica quererem mandar efectivamente na orientação redactorial do jornal que era dirgido pelo velho maçónico anticlericalista atávico, Raul Rego, de boina sempre em riste.  Ou seja, era um jornal do PS e assim queria continuar a ser pela banda do velho maçónico e dos camaradas do largo do Rato. O problema é que os tipógrafos e outros trabalhadores, não eram e muitos eram comunistas e alguns afectados pela terrível doença infantil do comunismo extremista ( que seria curada a seu devido tempo com o remédio estalinista de comprovado efeito, mas já fora de prazo). Assim gerou-se o conflito tratado aqui e lá fora. Aqui o Jornal Novo de 22 de Maio de 1975 dava uma imagem.



Soares, coitado, queixava-se amargamente. Cunhal, defendia-se...como sucedia no Expresso dessa altura. "O PCP nada tem a ver com o caso República". Cunhal valia-se de uma entrevista em França de um dirigente do PS português. Sobre uma célebre entrevista, um ano antes, à jornalista italiana Oriana Falacci em que dizia que Portugal nunca seria uma democracia de tipo ocidental e europeu ou coisa que o valha, desmentiu-a. Por isso mesmo... Cunhal dizer que não tinha mesmo nada a ver, valia o que valia. E por isso o comunista José Jorge Letria ( depois passado para o PS e eventualmente Maçonaria) saiu do jornal e passou...para onde? Diário de Notícias, voilà. Onde já estava o futuro Nóbél.



É preciso dizer que nesta altura já tinha havido eleições para " a Constituinte" e o PS tinha-as ganho com quase 40% dos votos. seguido do PPD e depois o PCP com quase 11%. Estes 11%  porém, eram apenas um sinal. O Partido julgava-se então o maior da cantareira nacional e o PREC iria acelerar até Novembro. Jornal Novo de 28 de Abril de 1975, em que se dá conta do aparecimento de um novo jornal: O Jornal, com letra graficamente  pequena e jornalistas agremiados numa espécie de cooperativa, dirigidos por Joaquim Letria, irmão do José Jorge comunista. Um jornal que se pretendia independente, de esquerda e que comprei desde o número um porque era graficamente um mimo, desde o primeiro número. Era o nosso Le Nouvel Observateur em papel de jornal.


No âmbito jornalístico disputaram-se eleições para a direcção do Sindicato, em pleno momento de crise do DN, com o Nóbél a dirigir de facto ( O director de direito, Luís de Barros, agora no Diário Económico e que parece que não se lembra disto porque é assunto tabu, se calhar)  estava de férias, no Algarve e os comunistas não têm férias para estas coisas...).
O Expresso de 9 de Agosto de 1975 mostrava que havia duas listas em "confronto". O confronto era entre o PCP e os demais, e entre os demais estavam "fascistas" e socialistas "democráticos" e ainda, principalmente, os afectados irremediavelmente pela doença infantil de que muitos só se curaram muito tarde e a más horas. Alguns ficaram com sequelas ( Pacheco Pereira, por exemplo).  A lista dos "outros" ganhou e Mário Contumélias, um "peesse" hesitante, lá liderou as hostes. Foram tomar "posse", à casa de Mário Castrim, um dos comunistas mais retintos da época. Estava doente e por isso deu-lhes "posse" com a assinatura da acta de reunião, no corredor do seu sexto andar ( a foto está no outro postal abaixo).


O Jornal de 15 de Agosto de 1975 dizia que a nova direcção era "contra as censuras".


Estas "censuras" afinal vinham de onde menos se esperaria: do próprio MFA, ou melho do seu Conselho da Revolução já completamente dominado pelo esquerdismo afecto ao PCP. Por isso, a Censura era já de rigor conjecturado que isso de Liberdade é coisa muito séria para ser deixada a doentes infantis.
O Jornal de 12 de Setembro de 1975 mostra  como essa Liberdade era um caso sério entre estes democratas de pacotilha comunista. O jornal Tempo que era naturalmente "fascista", "reaccionário" e sério candidato a proibição futura, foi simplesmente boicotado na "luta" dos revolucionários contra o CR . O jornal não tinha direito a solidarizar-se nessa luta porque  nessa reunião de representantes de trabalhadores de vários órgãos de informação foi recusada a adesão daquele jornal "dada a disposição de não se permitir que reaccionários se tentem aproveitar da sua luta para fins contra-revolucionários".  Era isto a Liberdade, em 1975. Em 1973 era maior, provavelmente, mesmo com Censura.

E como é que disto dá conta um dos  protagonistas desta tentativa de assalto do PCP ao poder total, de seu nome José Jorge Letria, agora muito manso e quedo, num PS ledo e cego que o alcandorou a lugares de prestígio tipo Sociedade Portuguesa de Autores?

No seu livro de memórias confessa que "e tudo era possível". Porém, sobre o assunto é como gato por cima de brasas, a correr e sem muitas memórias concretas. Porém ,estas memórias é que também não se deviam apagar tão depressa...





13 comentários:

Floribundus disse...

os barreirinhas fizeram o que quiseram porque o ps e o centro ficaram a ver a direita a fugir.

o kerenski do CG teve o desplante de andar de braço dado com o barreiras até correr o risco de sair pela janela.

a comunistagem nunca exibia o seu social-fascismo de modo a comprometer o partido

o único que tem necessidade de:
dizer que é português
de se esconder eleitoralmente como cdu

têm sempre a tara da clandestinidade

o Irmão da boina teve que criar a Luta, título que fora do centrista Manuel Brito Camacho
um dos apoiantes do Irmão Sidónio

pela República andava Jaime Gama

o pcp albergou escumalha de todas as cores.
os que não morreram foram saindo para a rataria onde criaram várias facções, muitas desaparecidas

adorei quando os més fecundaram o boxexas

actualmente só se governam os anti-fascistas

a UE já nos leu a buena-dicha ...
vai morrer longe ao lado da Irlanda

'siga o enterro'

josé disse...

Há duas coisas que me espantam nisto:

Esta canalha de onde surgiu depois de 25 de Abril? Ou seja, como é que foi gerada?

E depois esta fatal: como é que esta canalha em vez de ser arredada de qualquer círculo de poder foi mesmo a que tomou conta de tudo, incluindo o poder intelectual e político?


Que povo somos nós, afinal?

josé disse...

E porque é que defino como canalha?

Por estas razões:

Acreditaram em balelas completas, puras e absolutas. A Igualdade é uma balela e que deviam saber que era porque eles mesmos nunca praticaram tal credo, antes pelo contrário.

Para além de acreditarem em balelas, quiseram impô-las à força a todo um povo, através de métodos violentos se necessário fosse e era porque as FP25 e antes a ARA e o PRP-Br tal fizeram, matando pessoas.

Quiseram fazer de Portugal um regime e uma nação fechada ainda mais que Salazar o fez.

Não têm por isso qualquer ponta de moral para criticar Salazar.

Não tiveram nem têm qualquer pingo de vergonha. Depois de sairem do Partido integraram outros partidos que apelidavam de fascistas ou de direita ou o raio que os parta.

Os que continuam a acreditar nas balelas julgam-se os mais inteligentes do universos e os reaccionários de direita os mais burros.



Anibal Duarte Corrécio disse...

«E depois esta fatal: como é que esta canalha em vez de ser arredada de qualquer círculo de poder foi mesmo a que tomou conta de tudo, incluindo o poder intelectual e político?»

Por paradoxal que possa constituir este pensamento, vou enunciá-lo:

O regime anterior a 25 de Abril é o principal parteiro da canalha a que alude.

josé disse...

Pois é. E é isso que estou a concluir, com estas memórias.

Porém, sendo o parteiro não é o pai.

O pai está algures e o parteiro devia ter abortado isto, à nascença, dando mais liberdade às pessoas para que não fossem iludidas.

Esta canalha deixou-se iludir pelos amanhãs a cantar que nem meninos de coro.

Que tristeza.

zazie disse...

E passados 40 anos a justificação ainda é essa?

Não sei. Era preciso fazer um balanço maior do modo de ser do povo para se perceber.

Parece que é fácil criarem-se unanimidades em havendo quem as palre do poleiro.

e podem ser umas num dia e as opostas no outro.

A manada segue. O que me intriga mais é outra coisa- coo é que um povo tão individualista também é tão carneiro por palavras.

Um país de poetas, no mau sentido da expressão.

Vivendi disse...

«E depois esta fatal: como é que esta canalha em vez de ser arredada de qualquer círculo de poder foi mesmo a que tomou conta de tudo, incluindo o poder intelectual e político?»

Os ilustres acima enganaram-se na resposta.

Este abortos (algo que é fomentado pelo estado português nos dias de hoje) tiveram a sua concepção embrionária ainda na I república.

Salazar é que os deixou esquecidos numa incubadora por 40 anos.

Alguém conhece as histórias do tempo da I república?

Histórias de caos financeiro, medições de cabeças a padres, expulsões de religiosos, abandono e destruição de mosteiros, atentados à bomba, anarquia geral, pancadaria no parlamento e por aí fora...

E se formos atrás da porra original que serviu na concepção destes abortos ainda temos de ir mais longe, ao ano de 1785.

Desengane-se quem pensa que é só Portugal que está decadente, toda a civilização europeia está em risco se não ajustar contas com o passado e reconhecer o erro histórico do iluminismo.

josé disse...

Por mim, o que tenho procurado fazer aqui é uma recensão do que se passou e tentar perceber as razões do fenómeno.

Vou alvitrando palpites mas é so isso, porque na realidade não sei.

Vou tentar outro caminho de análise e que me demora uma hora.

É para logo.

muja disse...

O Vivendi tem razão quando diz que isto não é só aqui.

Se aqui foi pior, penso que foi porque o termo de comparação era mais nítido por um lado - a diferença entre a situação económica pré e pós é gritante;

mas por outro, tínhamos - para quem o conseguisse obter - um prémio muito cobiçadinho... e que defendíamos e defendemos intransigentemente. Coisa que outros países, onde havia mais da dita liberdade, não fizeram.

Estou plenamente convencido que, de uma ou outra forma, o 25A só aconteceu para que pudesse ser entregue o Ultramar. Aconteceu, sobretudo e antes de mais, para isso.

Não acredito que a liberdade a que o José se refere tivesse impedido o que quer que fosse, enquanto se não entregasse o Ultramar.

muja disse...

O resto penso que não é nada surpreendente a partir do momento em que os media passam para o controlo efectivo e ideológico de uma só parte.

muja disse...

Acho até que, dadas as circunstâncias, milagre é não ter sido pior.

josé disse...

Vou já tentar perceber outras razões com mais "recortes". Desta vez de livros com cerca de 40 anos.

Maria disse...

"Porém, sendo o parteiro não é o pai."

O José tem toda a razão neste ponto, como aliás também o tem nos outros todos relativamente a este inferno em que vegetamos, trazido por uma seita composta por meia dúzia de seres diabólicos a que se juntaram umas centenas de oportunistas apátridas sedentos de fama, poder e dinheiro fácil, ainda que à custa de alta traição à Pátria, que de resto lhes interessa peva, na qual só por mero acaso foi-lhes dado ver a luz do dia.

Pois foi justamente este pai e não o seu parteiro que - por ter sido demasiado humano com quem não merecia nem a ponta de um chavelho e nenhuma da condescendência (ilimitada) oferecida, da qual semelhante canalha largamente beneficiou e na mesma proporção abusou - lhes proporcionou o incentivo que lhes franqueou a porta e com esta as munições por que esperavam para a concretização dos crimes malvados planeados e cometidos, em consequência dos quais como povo iremos sofrer os piores horrores por muitas décadas e como país, em estado de quase inanição, a mesma dor pungente como que atingido com um ferro em braza em pleno coração.

Tivera o anterior regime, sob ordens expressas do Dr. Salazar, sido muito mais punitivo e cruel - sim, cruel, tendo o Estadista ficado deste modo com o proveito porque da fama nunca se livrou, já que é disso que toda a sua vida e mesmo depois de morto, foi sistemática e injustamente acusado pela seita maldita que o apodou dos mais infamantes defeitos como 'ditador' quando verdadeiros ditadores e do mais satânico que existe à face da Terra são todos os diabólicos maçons portugueses travestidos de democratas e seguidores do sionismo mundial, que só para cá vieram com o objectivo de envenenar o nosso modo de vida são e pacífico tornando-o irrecuperável e, não satisfeitos, enxameado de podridão, degradação e crime o ambiente saudável e digno sob o qual vivíamos em tranquilidade e segurança absolutas, garantia de paz social, da alegria de viver e da felicidade interior a que todos os povos têm direito e a nós por maioria de razão, mas que nos foram vilmente usurpados por um bando de pulhas e ladrões.

Sim, se efectivamente a então P.I.D.E. ou depois a D.G.S., qualquer uma delas, tivesse cortado o mal pela raíz logo no seu início, não teríamos tido que suportar os sucessivos crimes de lesa-pátria a que temos vindo a ser sujeitos nestes últimos quarenta anos e quanta dor não teria sido poupada aos portugueses. Afinal o regime anterior não teria feito nada mais do que aplicar à letra, embora de um modo muito menos torcionário (aqui seria a ética cristã do Dr. Salazar a falar) porque comparável tal só teria sido possível na R.D.A., China, Cuba, Coreia do Norte e em poucos mais, o método 'suave' mas definitivo com o qual eram tratados (e porventura sê-lo-ão ainda hoje) os traidores à Pátria e os criminosos comuns e até os milhões d'inocentes avessos à política vigente nos países de Leste sob regime soviético. Se assim tivesse acontecido os pretensos 'democratas', mas só os que sobrevivessem à punição como é bom de ver, nada teriam que protestar ou difamar a pessoa do Estadista. Mas se por absurdo o fizessem, as calúnias lançadas fariam ricochete pois limitar-se-iam a legitimar os métodos, estes sim, torcionários, aplicados aos dissidentes políticos e a milhões d'outros infelizes pelas respectivas autoridades das repúblicas 'democráticas' comunistas...

Mas mais importante do que tudo, caso o Dr. Salazar tivesse optado por seguir os métodos sanguinários aplicados nos vários países comunistas d'então aos conspiradores e traidores e limpado o sebo a um punhado de lacráus venenosos, quanto sofrimento teria sido evitado no porvir e quantos milhões de vidas teriam sido poupados.

A obscenidade do jornalismo televisivo