terça-feira, junho 10, 2014

Para onde foi o capitalismo português? Perguntem à Esquerda socialista e comunista...



A primeira ideia, básica, persistente, inamovível, mítica e repetida ad libitum: Salazar protegeu os grandes capitalistas, os “donos de Portugal”. Está escrito preto no branco pardo do livro já citado, dos apaniguados do BE: “ O Estado da ditadura escolhia, protegia e favorecia  E apresentava dois exemplos do paradigma mitificado: a Siderurgia de Champallimaud e o grupo CUF dos Mello, os dois “monopólios” estigmatizados segundo a cartilha marxista destes inteligentes.

Quem analisou este estigma magno e purulento? João MartinsPereira, o único que estes teóricos do BE apresentam como mentor e cuja capacidade intelectual é semelhante à de todos os analistas da cartilha marxista..
João Martins Pereira, este génio incompreendido da primeira bancarrota nacional e  guru desta gente,  cujos ensinamentos fantásticos, colhidos na doutrina marxista-leninista-trotskista,  moldaram  a capacidade de raciocínio destas pessoas de esquerda, sobre a realidade portuguesa, já foi por aqui citado algumas vezes.
Em 1974, após o PCP e a Esquerda com doença infantil ( toda a extrema-esquerda, no entender do PCP por causa do livro de Lenine assim o ter definido) terem percebido que o MFA estava com eles – daí o slogan mistificador e aldrabão que assimila “povo” a comunistas por obra e graça do desenhador comunista João Abel Manta- apareceu logo o tal João Martins Pereira, trânsfuga dos capitalistas da CUF e da Siderurgia, onde trabalhou por conta dos patrões que o tinham acolhido como técnico de engenharia.


Primeiro em entrevistas extensas nas revistas da época, como a Vida Mundial, onde dava o seu parecer sobre o capitalismo nacional. Depois, no IV governo de Vasco Gonçalves e em parceria com João Cravinho, o bluff nacional por excelência, que o escolheu para ajudante no governo. 
Tanto um como o outro conheciam a realidade industrial portuguesa, anterior a 1974 e nem isso os ensinou a terem juízo e a não desgraçarem o país, como o fizeram.  João Cravinho, por várias vezes, a última das quais, também no governo de Guterres, com o desmantelamento atabalhoado da JAE.
Quem aparecia nos media a contrariar esta onda esquerdista? Pode procurar-se com uma candeia de Diógenes…porque é inútil.
Muitos dos que agora peroram estavam calados ou a defender activa e publicamente  estas aberrações, como é o caso de Cravinho, devidamente premiado com sinecuras precisamente no coração dos sistemas que criticava.   E por isso chegamos onde chegamos, sem sequer os ouvirmos a murmurar o mea culpa ou a justificação plausível ou razoável para o estado de loucura que os atingiu.
Fizeram a elipse temporal como se nada tivesse ocorrido. E de vez em quando, como é natural, o pé foge-lhes para essa chinela que ainda guardam no armário.

No livro já citado sobre "Os burgueses"  em meia dúzia de páginas caracteriza-se o mal que vinha do "fascismo" aqui apelidade de "ditadura", para se diferenciarem do PCP na análise marxista do devir histórico. Esse mal é consubstanciado nas empresas, particularmente as maiores e com elevadas potencialidades de criação de riqueza. Hoje, a Autoeuropa é uma empresa alemã, das maiores do mundo e que curiosamente não é alvo do mesmo tipo de crítica marxista destes próceres de um trotskismo serôdio. 



E lá aparece o tal João Martins Pereira citado avulsamente para justificar a tese peregrina: a "ditadura" protegia o capitalismo nacional porque dele dependia...


Em Outubro de 1974, na revista Vida Mundial o mesmo João Martins Pereira dava nas vistas a propósito da análise que fazia do "capitalismo português".


Em Outubro de 1974 não havia já ilusões sobre o que a Esquerda, incluindo o PS, pretendiam do país económico: tomal conta dele, em nome do "povo". Substituir-se aos industriais com vocação para tal e tomarem as rédeas do investimento, da produção económica e industrial, tirando àqueles o que lhes pertencia de pleno direito, nacionalizando-lhes as fábricas e bens, com base numa doutrina e concepção ideológica do Estado e do desenvolvimento económico consubstanciada no comunismo e socialismo.


João Martins Pereira é muito claro na entrevista: "Creio que, com poucas excepções, o 25 de Abril terá sido bem recebido ( ou, pelo menos, com benévola expectativa) pelos interesses capitalistas mais importantes. No dia 26 de Abril os grandes empresários não estariam propriamente em pânico. Mas nas semanas que se seguiram, no mês de Maio, a explosão popular, as lutas que se desencadearam imediatamente, o aparecimento de forças políticas até aí clandestinas que as pessoas não estava habituadas a olhar cara a cara, tudo isso fez de Maio um mês psicologicamente difícil para os detentores do capital".
Ou seja, o PREC começou em Maio de 1974.

Em Novembro de 1974 o bluff João Cravinho, patrono daquele João Martins Pereira escrevia no Expresso o que iria ser o futuro da economia nacional: um roteiro para  a bancarrota dali a dois anos.


Na mesma revista de 5 de Dezembro de 1974 as intenções desta Esquerda global tornaram-se mais claras. O mesmo João Martins Pereira questiona o empório do maior industrial da época, Champallimaud. Assim:


A argumentação deste génio do jornalismo económico de tendência marxista era deste género: "pode estimar-se que a Siderurgia Nacional deve valer hoje algo da ordem dos 5 milhões de contos, património de que são proprietários os senhores que nela investiram 874 mil contos! A taxa de lucro destes 874 mil contos terá sido superior a 15 por cento" (...)

A solução para este "roubo"?  Viria dali a meses, em 11 de Março de 1975 e teve como protagonista João Martins Pereira e outros, muitos outros:  Entre Março e Agosto de 1975 foi secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves, no ministério da Indústria e Tecnologia, tutelado por João Cravinho 3 , e foi o autor da nacionalização das grandes empresas industriais: siderurgia, cimentos, estaleiros navais, química pesada, petroquímica e celuloses.

Contas por alto, o Estado, em 1975 controlava a maior parte da economia do país.


 De repente, num espaço muito curto de alguns meses, o sonho da Esquerda comunista e socialista e daquele João Martins Pereira e próceres, em ter a economia colectivizada em modo de produção socialista, realizava-se.

Bastou para tanto que aos políticos de esquerda socialista e comunista que tomaram o poder em 1974-75 se juntassem os militares do MFA e tal aconteceu durante o PREC.

Assim, a  par dos governantes havia ainda o famigerado MFA da esquerda militar que tutelava o país desde o 25 de Abril de 1974. Uma das figuras de proa destes bravos era Melo Antunes, tido como o intelectual deles todos juntos e atados em molho, com o Vasco Lourenço a abanar as patilhas.
Melo Antunes era em 1975 uma carta num baralho com vários naipes. Tinha um trunfo que era o controlo ideológico de uma certa parte do MFA, os "moderados" apoiados activamente pelo O Jornal. Melo Antunes publicou então um documento chamado "dos nove", no qual clamava por soluções já ultrapassadas na dinâmica revolucionária da época.
Marcello Caetano, sobre esse "documento dos nove" foi muito sucinto: o PCP e os doentes infantis engoliram-no de um trago, como um cálix de vodca...



Ainda assim, em 1992, ao Público de 14 de Dezembro continuava a reafirmar a sua fé inabalável na economia estatizada das nacionalizações...



Quem deixou estes cretinos cometerem  este crime de lesa-pátria como poucos outros terão acontecido na História de Portugal?  Ora, ora...a resposta está no vento.

Certo, certo é que a partir dessas nacionalizações em massa, o Estado ficou apetrechado para  prosseguir todas as tarefas utópicas a que se prometeram aqueles génios. Tinha então todos os instrumentos para alcançar o socialismo económico. Só lhe faltava uma coisa.

 Veremos a seguir o que foi.

16 comentários:

Floribundus disse...

soube das possibilidades do eng Martins

das hesitações de Salgueiro

não tiveram hipóteses porque eram beatos.

os marginais do ps e do pc equivaliam-se

m. antunes era uma farda com botões e um neurónio escondido nas cuecas
o Pedro da Silveira contou 'estórias'

um dia como eu estava debruçado num ficheiro da BNP
Pedro bate-me nas costas e disse
«-pode levantar-se que o paneleiro já foi embora». era o director que me cumprimentava demasiado afectuosamente

encontrou rapazolas do pc a destruir exemplares dum jornal dos anrco-sindicalistas

como dizia Brito Camacho 'mudam as moscas'

José Domingos disse...

O livro, As memórias politicas, do General Garcia dos Santos, diz alguma coisa, sobre o ambiente vivida na JAE, com o trovador cravinho, em lugar de destaque.

josé disse...

O Cravinho quando soube que os corruptos eram do próprio partido, meteu o rabo entre as pernas e nunca mais falou em corrupção na JAE...

Isto é o que diz Garcia dos Santos, explicitamente e isso chegaria para Cravinho ter sido reformado compulsivamente e ir plantar batatas se souber.

Em vez disso deram-lhe um lugar num banco capitalista.

muja disse...

José,

o Banco de Portugal também foi nacionalizado nesta altura. Sabe se voltou a mãos privadas depois? E se sim, quando?

José disse...

O BdP voltou às mãos privadas de Vítor, o Constâncio.

Tratou dele como se fosse cosa nostra...

Pelo que fez foi outro premiado...

Anibal Duarte Corrécio disse...

Bandalhos, patifes, aldrabões!

Eles sabem destruir, mas construir...só bancarrotas!

Hoje na SIC, numa feira não sei das quantas, aparece bem enquadrado, como se fosse um pequena peça de teatro e tudo estivesse urdido e combinado previamente com operador de câmara/locutor de serviço/ rapaz dos cabos, um diálogo enternecedor-revolucionário

entre um espontãneo

" a culpa é do PS-PSD-CDS- que levaram o País ao estado em que está, à bancarrota" ( a ideia é +- esta)

O Jerónimo, lampeiro e todo sorriso pepsodente

"Temos de correr com estes senhores que afundaram o País" ( a ideia é +- esta)

Bandalhos, patifes, aldrabões, que agora até já possuem um canal de televisão que os coloca na crista da onda!

muja disse...

Oh! Não é isso!

Voltou a ser privatizado ou não?

José disse...

Se nem sequer a CGD foi privatizada, como poderia ter sido o BdP?

José disse...

Lembro-me de no tempo de Cavaco ter sido publicitado que o BdP era independente. Mas apenas isso e ainda assim, foi preciso afirmar tal coisa.

muja disse...

Hmm, independente... isso não quer dizer nada. E a Caixa sempre foi pública ou não?

O BdP não era público. Foi nacionalizado em 1974. Diz lá no site deles que era maioritariamente privado.

josé disse...

O BdP era um regulador privado porque a banca era essencialmente privada.

Esse parece-me um bom exemplo do capitalismo que tínhamos e nunca mais tivemos.

A EDP é o resultado da fusão monopolista ( de Estado) de várias mini-hídricas que havia pelo país.
Como é que essa canalha comunista explica essa contradição entre os monopólios e execram e a eliminação de vários operadores de energia, que existiam e eram privados?

muja disse...

Por acaso, nesse caso parece-me mais lógico que o banco central deva estar no Estado. Ou pelo menos o Estado deve controlar a criação de moeda.

Mas no caso da EDP é flagrante.
Explicam dizendo que monopólio nas mão do Estado já não faz mal.

E depois vêm os outros, os do outro lado do espelho, dizer que nada pode estar nas mãos do Estado.

E vivemos nisto...

josé disse...

Suponho que o sistema bancário nacional sofreu modificações ao longo dos anos. E talvez isso explique o estaturo do BdP ao longo dos anos.
Actualmente seria impensável um BdP privado e é por isso que digo que o nosso capitalismo dos anos sessenta era diferente e digno de estudo.

Dudu disse...

(...)"A EDP é o resultado da fusão monopolista ( de Estado) de várias mini-hídricas que havia pelo país."(...)
Também a Rodoviária Nacional nasceu da aglutinação de várias empresas. Até uma florista que existia ali para os lados da Baixa de Lisboa e pertencia à empresa Eduardo Jorge foi nacionalizada e integrada na RN!
No Centro do Laranjeiro juntaram a antiga "Transul" e a "João Maria dos Anjos" de Sesimbra. E depois começaram a reforçar os trabalhadores do Laranjeiro com filiados do PC. O médico do trabalho ainda tentou barrar o caminho a muitos.

lusitânea disse...

O "eles comem tudo e não deixam nada" nunca teve melhor ilustração do que actualmente
Além dos eleitos aos montes, as suas caras metades, os assessores e corte em geral o OE mantém no bem bom os tais "gestores" especialistas em afundar as empresas com refúgios dourados tipo BdP ou empresas privadas monopolistas onde garantem as rendas aos capitalistas...
A indisciplina a todos os níveis que a rapaziada democrata apelida de "democracia" e "negociação" aliado à política do coitadinho com mínimos garantidos e para todo o planeta arruinaram a Nação.E a rapaziada agora só obedece aos de fora mas debalde porque os de fora já não querem pagar mais o internacionalismo nem o deboche democrata do tudo e do seu contrário.
Isto de meterem a governar-nos uns gajos de duvidosa Portugalidade sempre deu maus resultados...

lusitânea disse...

Pelo caminho que a coisa está a levar qualquer dia somos um país comunista via venda a retalho...capitalista!

O Público activista e relapso